“LEVÉE”
Boris Charmatz, César Vayssié por Jean-François Chougnet
Uma performance labiríntica, construída com base num extenso cânone de gestos derivativos, LEVÉE DES CONFLITS é impossível de recriar na sua totalidade: é um instantâneo de 25 gestos simultâneos que a visão não apreende num único olhar.
Ao invés de tentar captar algo desta experiência percetiva, César Vayssié optou por um filme inclassificável, algo entre a visão abstrata de um pássaro, um documentário e um filme. Filmado na região de Ruhr, nas minas de Halde Haniel – um imenso cenário em forma de uma espiral – o filme de Vayssié impulsiona a dança para uma zona indeterminada, algures entre a ficção científica e a antropologia.
Abandonados nesta paisagem lunar, os performers parecem ser levados por um movimento entrópico, presos na espiral descendente das emoções: o cansaço, a repetição, a luta amarga com o material gestual, são ampliados, gerando um caos de estados físicos justapostos. Açoitados pelo pó do carvão, a câmara segue o seu caminho através desta massa em movimento, e, de forma fragmentária, revela os participantes numa estranha cerimónia que não tem outro propósito senão o do desgaste das formas e do esgotamento de força. O que há para ver? Qual o ponto de vista a adotar? É um ritual gravado ao vivo, uma intensa flash mob, a movimentação de mineiros, ou um monumento efêmero, visível apenas de cima? Passando da confusão à visão de um pássaro, de suor a estrutura, a câmara dá-nos um vislumbre da orgânica e matemática máquina imaginada por Boris Charmatz: “uma dança permanente e infinita na montanha escura de Halde Haniel, para o homem que a criou.”
Gilles Amalvi
Ficha técnica
Um filme de Boris Charmatz e César Vayssié
Produção Musée de la danse – Museum of Dance
Coprodução Same Art/Dimitri Chamblas, Amélie Couillaud
Baseado em Levée des conflits (2010)
Coreografia Boris Charmatz
Filmado em Halde Haniel, Bottrop, Alemanha com a permissão de Ruhrtriennale — International Festival of the Arts, e de RAG Aktiengesellschaft.
Intérpretes Or Avishay, Eleanor Bauer, Matthieu Barbin, Magali Caillet-Gajan, Ashley Chen, Sonia Darbois, Kerem Gelebek, Peggy Grelat-Dupont, Gaspard Guilbert, Christophe Ives, Dominique Jégou, Lénio Kaklea, Jurij Konjar, Élise Ladoué, Maud Le Pladec, Catherine Legrand, Naiara Mendioroz, Andreas Albert Müller, Mani A. Mungai, Élise Olhandéguy, Qudus Onikeku, Felix Ott, Annabelle Pulcini, Simon Tanguy
Fotografia e Montagem César Vayssié
Assistente de Coreografia Anne-Karine Lescop
Som Olivier Renouf
Realização Fabrice Le Fur
Figurinos Stefani Gicquiaud
Piloto helicóptero Holger Lubbe
Mecânico helicóptero Thomas Lempke
Helicóptero Heli NRW
Equipamento Loca-images
Pós-produção Firm Studio
“LEVÉE”
Boris Charmatz, César Vayssié por Jean-François Chougnet
A labyrinthine performance, constructed on the basis of an extensive canon of derivative gestures, Levée des conflits is impossible to recreate in its totality: it is a snapshot of 25 simultaneous gestures that the eye cannot take in with a single glance.
Rather than trying to capture something of this perceptual experience, César Vayssié opted for an unclassifiable film, something between an abstract bird’s eye view, a documentary, and a film. Shot in the Ruhr region, on the “Halde Haniel” mining site – an immense plateau shaped like a spiral – Vayssié’s film propels the dance into an indeterminate zone, somewhere between science fiction and anthropology.
Stranded in this lunar landscape, the dancers appear to be carried by an entropic movement, caught in the downward spiral of emotions: the fatigue, the repetition, the bitter struggle with the gestural material are magnified, generating a chaos of juxtaposed physical states. Lashed by the coal dust, the camera lens makes its way through this moving mass, and, in a fragmentary way, reveals the participants in a strange ceremony that has no other purpose than the exhaustion of forms and the depletion of strength. What is there to see? What point of view to adopt? Is this a ritual recorded live, an extreme “flash mob,” a miners’ movement, or an ephemeral monument, visible only from above? Moving from confusion to a bird’s eye view, from perspiration to structure, the camera gives us a glimpse of the organic and mathematical machine envisioned by Boris Charmatz: “a permanent and infinite dance on the dark mountain of Halde Haniel, for the man who created it.”
Gilles Amalvi
Credits
A film by Boris Charmatz and César Vayssié
Production Musée de la danse – Museum of Dance
Co-production Same Art/Dimitri Chamblas, Amélie Couillaud
Based on Levée des conflits (2010)
Choreography Boris Charmatz
Set in Halde Haniel, Bottrop, Germany with the permission of Ruhrtriennale – International Festival of the Arts and RAG Aktiengesellschaft.
Performers Or Avishay, Eleanor Bauer, Matthieu Barbin, Magali Caillet-Gajan, Ashley Chen, Sonia Darbois, Kerem Gelebek, Peggy Grelat-Dupont, Gaspard Guilbert, Christophe Ives, Dominique Jégou, Lénio Kaklea, Jurij Konjar, Élise Ladoué, Maud Le Pladec, Catherine Legrand, Naiara Mendioroz, Andreas Albert Müller, Mani A. Mungai, Élise Olhandéguy, Qudus Onikeku, Felix Ott, Annabelle Pulcini, and Simon Tanguy
Photography and Editing César Vayssié
Choreography assistant Anne-Karine Lescop
Sound Olivier Renouf
Directing Fabrice Le Fur
Costumes Stefani Gicquiaud
Helicopter pilot Holger Lubbe
Helicopter mechanic Thomas Lempke
Helicopter Heli NRW
Equipment Loca-images
Post-production Firm Studio