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Inauguração – 28 Julho, 19h30

BES Arte e Finança

 

Apresentação de projeções permanentes das coleções Museu Berardo e Fundação PLMJ
De 28 Julho a 31 Agosto, das 9h às 21h

Cecília Costa, Le Pli (2003), Fundação PLMJ, 10’

Na sua prática, a artista investiga a simetria bilateral constitutiva do ser humano. Em fotografias, vídeos, desenhos e esculturas, analisa o modo como a divisão das regiões do cérebro traduz estados racionais ou emocionais. Este projeto parte de um jogo de linguagem conhecido como «efeito de Stroop», que consiste na reação a um dado estímulo simultaneamente enviado aos dois hemisférios cerebrais. A leitura, por parte de diversos jovens, de uma sequência de palavras designativas de cores, escritas com tons diferentes daquele que enunciam, revela-se, então, um ato falhado. Assim, este trabalho demonstra que, no ser humano, o plano cognitivo prevalece sobre a dimensão sensorial.


Filipe César, Romance Reedit (2003), Fundação PLMJ, 8’51’’

A articulação entre realidade e ficção e a análise das possibilidades e limites da comunicação definem a prática da artista. Baseados em tomadas de vista de espaços públicos incaracterísticos, como estações de comboio ou de metropolitano, os seus vídeos e fotografias focam os atos triviais protagonizados pelos indivíduos nos episódios de interação que constituem o quotidiano. Este projeto assenta no cruzamento de planos aproximados do rosto de pessoas anónimas que, movidas por variadas intenções, desde a atração física à curiosidade, trocam olhares entre si. Este trabalho chama a atenção, assim, para as múltiplas relações pessoais efémeras estabelecidas pelos seres humanos.


Helena Almeida, A Experiência do Lugar II (2004), Fundação PLMJ, 12’47’’

A autorrepresentação define a prática da artista. À escala humana, as suas fotografias a preto e branco documentam as suas performances, centradas tanto em problemas intrínsecos à prática artística como em mundividências. Um dos seus raros projetos desenvolvidos neste meio de expressão, este vídeo possui as características formais e conceptuais das suas séries fotográficas. Um plano fixo capta a autora enquanto esta percorre, ajoelhada, a área do seu ateliê, interagindo com alguns dos objetos que o povoam, como um banco ou um candeeiro. Com conotação religiosa, estes atos encenam uma espécie de expiação privada. Este trabalho evoca, assim, as angústias do processo criativo.


João Nora, Transmuting Experience (2005), Fundação PLMJ, 7’49’’

A análise das lógicas subjacentes à produção de valor cultural e económico define a prática do artista. Explorando a imagética do consumo, nas suas pinturas chama a atenção para o simbolismo de objetos como, por exemplo, os produtos expostos nas prateleiras de supermercados. Este vídeo regista o autor a pintar o seu retrato, desde as primeiras pinceladas até à contemplação do resultado final. Assim, aludindo à figura do alquimista, que transforma metais inferiores em ouro, este trabalho enuncia a possibilidade de transmutação do ser humano em peças de artes plásticas, processo através do qual alcançaria um estatuto eterno.


Cristina Mateus, O Meu Corpo Centrífugo 2 (2003), Fundação PLMJ, 4’47’’

A análise da condição feminina marca a prática da artista. Através da representação figurada ou real do corpo, nos seus vídeos e fotografias equaciona a ideologia subjacente ao predomínio masculino na civilização ocidental. Neste projeto, o plano fixo de uma máquina de lavar roupa remete para o contexto doméstico. Porém, captando-se o programa de centrifugação – com os característicos movimento e sonoridade – e intercalando-se este enquadramento com perspetivas do interior do tambor do aparelho, confere-se à sequência de imagens uma carga psicológica. Assim, questionando o falocentrismo dominante, este trabalho enuncia um potencial de emancipação da mulher.


João Onofre, s/ título (masked tap dancer) (2005), Fundação PLMJ, 11’53’’

A utilização da linguagem e o cruzamento de referências da cultura visual, em geral, e das artes plásticas, em particular, definem a prática do artista. Os seus vídeos baseiam-se em ações, com sentido derisório, protagonizadas por múltiplas personagens. Este projeto documenta o percurso de um bailarino de sapateado pelas ruas da baixa de Lisboa. Usando uma máscara grotesca, inspirada na caracterização dos atores de filmes de série B do subgénero zombie, o homem chama a atenção da maioria dos transeuntes, espantados com a sua presença inusitada. Combinando imaginários cinematográficos contraditórios, o do musical e o do terror, este trabalho aborda, assim, o desassossego que marca o quotidiano atual.


Marta Moreira, s/ título (Danaïde) (2001), Fundação PLMJ, 6’

A interpretação, com caráter onírico, de referências da cultura visual, em geral, e das artes plásticas, em particular, define a prática da artista. Nas suas fotografias e vídeos, diversas personagens por si interpretadas protagonizam ações inusitadas. Este projeto consiste na perspetiva de uma sala despojada, que enquadra uma rapariga prostrada no soalho, nua, cujo cabelo cresce à medida que o tempo passa. Partindo de La Danaïde, de Rodin, escultura novecentista famosa pela sensualidade que emanava, este trabalho reflete, assim, acerca da mulher como objeto de desejo.


Marta Sicurella, Il faut voir Sisyphe heureux #1 (2004), Fundação PLMJ, 2’07’’

A interpretação de dois géneros tradicionais das artes plásticas, a paisagem e o retrato, define a prática da artista. Nas suas fotografias, perspetivas noturnas ou diurnas focam contextos urbanizados ou grupos de indivíduos, pressentindo-se múltiplos estados emocionais, da melancolia à esperança. Este projeto consiste no plano fixo de uma área desértica, que enquadra uma personagem a empurrar uma enorme bola feita de jornais, entrando e saindo de campo várias vezes. Evoca-se, então, Sísifo, figura da mitologia grega – retomada pelos existencialistas – condenado a eternamente transportar um pedregulho até ao topo de uma montanha. Assim, cruzando várias referências culturais, este trabalho reflete acerca da condição humana.


Nuno Alexandre Ferreira, Conan (2004), Fundação PLMJ, 6’30’’

Na sua prática, o artista explora as possibilidades e os limites da imagética homossexual. Múltiplas figuras masculinas, inspiradas física e psicologicamente em personalidades reais ou imaginárias, povoam os seus vídeos, desenhos e fotografias. Este projeto remete para Conan, o bárbaro, um herói cinematográfico contemporâneo interpretado por Arnold Schwarzenegger. Numa sequência de planos aproximados do próprio autor, que assim reencarna tanto a personagem como o ator, mostra-se um tronco nu recortado por um céu azul, por vezes executando gestos bélicos. Assim, cruzando a atracão pelo corpo com estereótipos acerca da masculinidade, este trabalho equaciona a representação da homossexualidade.


Rui Calçada Bastos, The Mirror Suitcase Man (2003-04), Fundação PLMJ, 4’24’’

A prática do artista baseia-se em elementos biográficos, desde relações pessoais a estados emocionais associados a pessoas, lugares e objetos. Nos seus vídeos e fotografias, desenvolve narrativas protagonizadas por múltiplas personagens, por vezes por si interpretadas. Neste projeto, num preto e branco granulado acompanhado por uma sonoridade melancólica (da autoria de Tiago Miranda), vislumbra-se um homem a deambular por uma cidade transportando uma mala espelhada, que capta fragmentos de ruas ou parques, metáforas das múltiplas vivências quotidianas que o definem. Como memórias de um espectro, as imagens refletidas compõem uma microficção dominada pela nostalgia. Este trabalho constitui, assim, uma alegoria da condição humana.


Pedro Barateiro, Self (2001-02), Fundação PLMJ, 2’41’’

A análise das relações de poder simbólico define a prática do artista. Nos seus projetos, realizados em múltiplos meios de expressão, equaciona problemáticas como o museu enquanto instância de legitimação artística, a relação entre arquitetura e planeamento territorial e a iconografia colonial. Nesta peça, numa ação captada em enquadramento frontal, o autor desenha na lente da câmara de filmar, delineando o seu rosto, numa fusão entre autorretrato e contemplação de si próprio e de distintas tradições disciplinares. Este trabalho evoca, assim, as pioneiras abordagens em vídeo, pautadas por uma estética do narcisismo.

Opening – July 28th, 7:30pm

BES Arte e Finança

 

Projection of the collections of Museu Berardo and Fundação PLMJ
From July 28th to August 31st, from 9am to 9pm

Cecília Costa, Le Pli (2003), Fundação PLMJ, 10’

In her practice, this artist investigates the bilateral symmetry forming the human being. In photographs, videos, drawings and sculptures, she analyses how the division of the regions of the brain translates rational or emotional states. This project starts from a language game known as “the Stroop Effect”, consisting of a reaction to a given stimulus sent simultaneously to the two cerebral hemispheres. So, the reading, by several different young people, of a sequence of words designating colours, written in tones that are different to their meaning, becomes a failed act. This work thus shows that in the human being the intellectual plane prevails over the sensorial dimension.


Filipa César, Romance Reedit (2003), Fundação PLMJ, 8’51’’

Articulation between reality and fiction and the analysis of the possibilities and limits of communication define this artist’s practice. Her videos and photographs, based on views of uncharacteristic public spaces, such as railways or underground stations, focus on the trivial acts carried out by individuals in the episodes of interaction that make up daily life. This project is based on the crossing of close-up shots of anonymous persons who, for different reasons, ranging from physical attraction to curiosity, exchange glances. This work thus draws attention to the multiple different ephemeral relationships established among human beings.


Helena Almeida, A Experiência do Lugar II (2004), Fundação PLMJ, 12’47’’

Self-representation defines this artist’s practice. On the human scale, her black and white photographs document her performances, which are centered both on problems intrinsic to artistic practice and on experiences of the world. One of her few projects developed in this medium, this video possesses the formal and conceptual characteristics of her photographic series. A fixed perspective captures her as she goes around the area of her studio on her knees, interacting with some of the objects to be found in it, such as a stool or a lamp. These acts with a religious connotation stage a private expiation. This work thus evokes the anguishes of the creative process.


João Nora, Transmuting Experience (2005), Fundação PLMJ, 7’49’’

Analysis of the logics underlying the production of cultural and economic value defines this artist’s practice. Exploring the imagery of consumption, in his paintings, he calls attention to the symbolism of objects like, for example, products displayed on supermarket shelves. This video records the author painting his portrait, from the first brush-strokes to his contemplation of the final result. Alluding to the figure of the alchemist, who transforms base metals into gold, this work thus enunciates the possibility of the transmutation of the human being into fine arts’ pieces, a process through which would achieve an eternal status.


Cristina Mateus, O Meu Corpo Centrífugo 2 (2003), Fundação PLMJ, 4’47’’

Analysis of the female condition marks out this artist’s practice. In her videos and photographs, she equates the ideology underlying male dominance in western civilization through real or figured representations of the body. In this project, the fixed perspective of a washing machine refers back to the domestic context. However, capturing the centrifugation program – with its characteristic movement and sound – and interspersing this shot with views of the inside of the washing machine, this sequence of images is granted with a psychological dimension. In questioning the dominant phallocentrism, this work thus states a potential for women’s emancipation.


João Onofre, s/ título (masked tap dancer) (2005), Fundação PLMJ, 11’53’’

The use of language and the crossing of references from visual culture, in general, and from the fine arts, in particular, define this artist’s practice. His videos are based on actions, with a derisory sense, carried out by multiple characters. This project documents a promenade by a tap-dancer through the downtown streets of Lisbon. Wearing a grotesque mask, inspired by the characterization of zombie B-movie actors, the man gets the attention of the majority of the passersby, who are stunned by his uncanny presence. In bringing together contradictory cinematic imaginaries, that of the musical and that of the terror films, this work thus deals with the disquiet marking out today’s daily life.


Marta Moreira, s/ título (Danaïde) (2001), Fundação PLMJ, 6’

Interpretation, of an oneiric quality, of visual culture references, in general, and of fine arts, in particular, defines this artist’s practice. In her photographs and videos, different characters that she plays carry out uncanny actions. This project consists of a fixed shot of a bare room in which a girl is lying on the floor, naked, with her hair growing as time passes. Starting from “La Danaïde”, by Rodin, a nineteenth-century sculpture famous for the sensuality it emanated, this work thus reflects upon the woman as an object of desire.


Marta Sicurella, Il faut voir Sisyphe heureux #1 (2004), Fundação PLMJ, 2’07’’

The exploring of two traditional genres of fine arts, landscape and the portrait, defines this artist’s practice. In her photographs, night or day shots focus on urban sceneries or groups of individuals, emerging many different emotional states, ranging from melancholy to hope. This project consists of the fixed shot of a deserted area, which frames a character pushing an enormous ball made out of newspapers, coming in and going out-of-field several times. There is so the evoking of Sisyphus, a figure in Greek mythology – taken up again by the existentialists – who was condemned to forever push a rock up to the top of a mountain. Crossing various cultural references, this work thus reflects upon the human condition.


Nuno Alexandre Ferreira, Conan (2004), Fundação PLMJ, 6’30’’

In his practice, this artist explores the possibilities and limits of the homosexual imagery. Many male figures, physically or psychologically inspired by real or imaginary figures, populate his videos, drawings and photographs. This project refers to Conan, the Barbarian, a movie hero played by Arnold Schwarzenegger. In a sequence of close-ups of the author himself, who thus reincarnates the character and the actor, one sees part of a naked torso set against a blue sky, often performing gestures of a warlike. Crossing an attraction for the body with stereotypes about masculinity, this work thus equates the representation of homosexuality.


Rui Calçada Bastos, The Mirror Suitcase Man (2003-04), Fundação PLMJ, 4’24’’

The artist’s practice is based on biographical elements, ranging from personal relationships to emotional states associated to people, places and objects. In his videos and photographs, he develops narratives carried out by many different characters, sometimes played by himself. In this project, in a grainy black and white accompanied by a melancholic soundtrack, one sees a man wandering through a city carrying a mirrored suitcase, which captures fragments of streets or parks, metaphors for the multiple daily life experiences that define the character. As memories of a spectrum, the continuous reflected images form a micro-fiction dominated by nostalgia. This work thus constitutes an allegory of the human condition.


Pedro Barateiro, Self (2001-02), Fundação PLMJ, 2’41’’

Analysis of the museum as an artistic instance, the relationship between architecture and territorial planning and the iconography of the Portuguese colonialism define this artist’s practice. In his projects, carried out in many different media, he equates these issues in a derisory manner. In this piece, in an action captured in a face-on shot, he draws on the lens of the camera, tracing out his face in a fusion between self-portrait and contemplation of the self, as well as of distinct disciplinary traditions. This work thus evokes the pioneer approaches to video, set off by an aesthetics of narcissism.