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FUSO 2023 – 22 a 27 de Agosto

27 Agosto, 22h00 
Museu da Marioneta

 

CHARLES ATLAS: RADICAL MOVEMENTS

Lori Zippay

 

Charles Atlas é um dos mais destacados artistas a interpretar, através do vídeo, a dança, o teatro e a performance.  Ao longo de mais de cinco décadas, Atlas criou obras multimédia para o ecrã, o palco, para galerias e para televisão. Charles Atlas é um pioneiro da videodança (ou “media-dance”), trabalhando em peças especificamente coreografadas ou criadas para a camara. Os seus trabalhos iniciais, transformadores, incluem o seminal Blue Studio: Five Segments (1975-76), resultado de uma colaboração extraordinária com o lendário coreógrafo Merce Cunningham, em cuja companhia Charles Atlas foi artista em residência entre 1978 e 1983.

A colaboração está no centro da prática artística da Atlas. Mesmo uma lista parcial das figuras com as quais Atlas colaborou, em produções para palco e ecrã, bem como em instalações multimédia, é um ‘who’s who’ da cena internacional da dança (Michael Clark, Yvonne Rainer, Karole Armitage), da performance (Leigh Bowery, John Kelly, Marina Abramovic) e da música (Anohni, formerly Antony). Realizou várias longas-metragens, tais como: The Legend of Leigh Bowery (2001); Merce Cunningham: A Lifetime in Dance (2000), e Turning (2011), um documentário de longa duração que acompanha a tournée de Anohni.

Foi convidado para produzir trabalhos para televisão na Grã-Bretanha, França, Espanha, Irlanda e Estados Unidos. Estas obras tomam muitas vezes a forma daquilo que Atlas denomina “ficções documentais”, criações em que Atlas manifesta seu fascínio com, nas suas próprias palavras, “narrativa, psicologia, dança e voos de fantasia.”, e que são muitas vezes caracterizadas pelos cenários e desenhos de luz inéditos, figurinos extravagantes, música pós-punk e uma atitude rebelde. Nos últimos anos, os trabalhos de instalação multimédia da Atlas cresceram em escala e ambição; a sua exploração de novas tecnologias mapeia novos territórios para a dança.

Ao longo das últimas cinco décadas, e até à presente data, Atlas tem um projeto continuado e informal em vídeo: documentar a cena artística queer, transgénero e drag do Downtown Nova-iorquino, gravando vídeos lo-fi em locais como o Pyramid Club ou Jackie 60. Atlas sente-se em casa nesta comunidade, e por vezes os seus vídeos mais parecem home movies feitos com os amigos. Os retratos de superestrelas como Lady Bunny são afetuosos, íntimos, descontraídos e extremamente divertidos

BLUE STUDIO: FIVE SEGMENTS – Merce Cunningham e Charles Atlas

Blue Studio: Five Segments é uma obra pioneira da videodança, fruto da colaboração do lendário coreógrafo Merce Cunningham com Charles Atlas, cineasta em residência na companhia de dança entre 1978 e 1983. As pequenas peças (os segmentos a que o título se refere) foram especificamente coreografadas e interpretadas para o espaço temporal e espacial que é característico do vídeo. Os movimentos de Cunningham são multiplicados, descorporalizados, sobrepostos e transportados do estúdio para uma variedade de paisagens inesperadas. O nome Blue Studio remete para a cor (chroma key azul) que permite que bailarinos e objetos sejam “inseridos” (keyed in) em imagens de fundo, com manipulações radicais e transformadoras da linguagem vídeo.

Com processamento de imagem realizado por Nam June Paik e uma colagem áudio disjuntiva das vozes de Jasper Johns e John Cage, Blue Studio é uma obra icónica da videodança, que constitui a “Primeira Parte” da igualmente icónica Merce by Merce by Paik.


FROM AN ISLAND SUMMER – Charles Atlas

Esta homenagem “exuberante e originalíssima” a um tempo e um local específicos – Nova Iorque, Agosto de 1983 – consiste num home movie que segue a coreógrafa Karole Armitage e intérpretes da sua companhia ao longo do passadiço de Coney Island e em Times Square. 

Os movimentos enérgicos de Charles Atlas com a sua câmara portátil conseguem fazer sobressair a dança da cacofonia visual dos letreiros berrantes e dos carrosséis de Coney Island, e do brilho dos néons de Times Square. A câmara coreografa com espontaneidade as luzes e ritmos destas “ilhas” ao som do samba e de música de inspiração punk; a montagem virtuosística é uma dança em si mesma. Este formato de “pseudo-narrativa documental” muito divertido, a hilariante coreografia de Armitage e o visual vibrantemente vulgar e espalhafatoso são uma imagem fiel da magia extravagante de um verão em Nova Iorque. 

Choreografia: Karole Armitage. 
Director de Fotografia: Paul Gibson. 
Música: Henry Fiol, Rabbie Burns and his Ticket Touts.


MRS. PEANUT VISITS NEW YORK – Charles Atlas

Mrs. Peanut Visits New York é um vídeo-retrato do lendário performer, desenhador de moda, e ícone da vida noturna Leigh Bowery. Com a sua câmara, Atlas segue Bowery enquanto este passeia, exuberante, pelo Meatpacking District de Manhattan, numa reinterpretação despudorada da mascote da Planter’s Peanut, Mrs. Peanut.
body de corpo inteiro que Bowery veste, complementado por um vestido de estampado floral, cartola e sapatos de plataforma com salto transparente, atrai os olhares dos espectadores. A banda sonora é composta por canções pop relacionadas com a personagem Mrs. Peanut.

Com Leigh Bowery. 
Consultor musical: Scott Ewalt


YOU ARE MY SISTER (TURNING) – Charles Atlas and Antony

You are my Sister (Turning) é uma poderosíssima interpretação visual da canção homónima de Anohni, anteriormente conhecido como Antony, dos Antony & the Johnsons. A voz inquietante de Anohni corre em paralelo a retratos em close-up digitalmente processados por Atlas, que diz serem de treze “NYC Beauties”, treze mulheres trans da East Village que contam as suas histórias pessoais de luta e sobrevivência. Os retratos, que giram num movimento hipnótico, foram originalmente gravados, editados e projetados ao vivo durante a performance Turning, um projeto colaborativo para o palco de Charles Atlas e Antony. Em 2014, as imagens exuberantes de You Are My Sister foram projetadas à meia-noite em 37 ecrãs gigantes em Times Square, no âmbito do programa Midnight Moment.

FUSO 2023 – August 22nd to 27th

August 27th, 10pm 
Lisbon Puppet Museum

 

CHARLES ATLAS: RADICAL MOVEMENTS

Lori Zippay

 

Charles Atlas is known as one of the premier interpreters of dance, theater, and performance art on video. For over five decades, he has created multi-media, multiplatform works for screen, stage, gallery, and television. Atlas was a pioneer of “video dance” (or “media-dance”), collaborating on works that were created, choreographed, and performed specifically for the camera. His groundbreaking early works, including the seminal Blue Studio: Five Segments (1975-76), evolved from an extraordinary collaboration with the legendary choreographer/dancer Merce Cunningham, for whose company Atlas served as filmmaker-in- residence from 1978 to 1983.

Collaboration lies at the heart of Atlas’s practice. Even a partial list of the figures that Atlas has collaborated with on stage and screen productions, as well as on multi-media installations, reads like a ‘who’s who’ of the international worlds of dance (Michael Clark, Yvonne Rainer, Karole Armitage), performance art (Leigh Bowery, John Kelly, Marina Abramovic) and music (Anohni, formerly Antony), among many others. He has directed several feature films, including The Legend of Leigh Bowery (2001), about the iconic performance artist; Merce Cunningham: A Lifetime in Dance (2000), and, in 2011, Turning, a full-length documentary film that follows his live performance tour with the singer Anohni.

Atlas has also been commissioned to produce works for television in Great Britain, France, Spain, Ireland, and the United States. These works often take the form of what Atlas terms “documentary fictions,” productions in which Atlas manifests his fascination with, in his own words, “narrative, psychology, dance, and flights of fantasy.” Such works are often characterized by inventive set design and lighting, outrageous costuming, post-punk music, and a playfully rebellious attitude. In recent years, Atlas’s multi-media installation works have grown in scale and ambition; his exploration of new technologies chart new terrain for dance.

Over the course of five decades, Atlas has also pursued an ongoing, informal video project that continues today: he has been documenting downtown York’s queer, transgender, and drag performance art scene, recording lo-fi video at venues such as the Pyramid club and Jackie 60. Atlas is at home in this community, and at times these videos seem like “home movies” of friends. His portraits of downtown superstars like Lady Bunny are affectionate, intimate, playful, and often outrageously funny.

In an astonishing fifty years of creative practice, Atlas’s unique body of work in media is distinguished by the artist’s generosity of spirit: his fabulously envisioned worlds are animated with a celebratory, radical joy of dance, performance, and movement itself.

BLUE STUDIO: FIVE SEGMENTS – Merce Cunningham e Charles Atlas

Blue Studio: Five Segments is a groundbreaking work of videodance by legendary choreographer Merce Cunningham and Charles Atlas, who was the dance company’s filmmaker-in-residence from 1978 until 1983. In a series of short pieces choreographed specifically for the temporal and spatial characteristics native to video, and performed for the video camera, Cunningham’s gestures are multiplied, disembodied, overlayed and transported from the studio to a series of unexpected landscapes. The “Blue Studio refers to the color (“chroma key blue’) that allows the dancers and objects to be “keyed in” to achieve radical manipulations and transformations of the video space. With image processing by Nam June Paik and a disjunctive audio collage that includes the voices of Jasper Johns and John Cage, Blue Studio is an iconic videodance that is “Part One” of the equally iconic video Merce by Merce by Paik.


FROM AN ISLAND SUMMER – Charles Atlas

Atlas’ exuberantly hip homage to a specific time and place — New York, August 1983 — is a dance “home movie,” a quasi-documentary that follows choreographer Karole Armitage and her dancers along the boardwalk of Coney Island and through the streets of Times Square.

Atlas’ energetic hand-held camera finds dance in the visual cacophony of Coney Island’s flashy signs and swirling rides, and in Times Square’s neon blaze. He spontaneously choreographs the lights and rhythms of these “islands” to samba and punk-inspired music; the virtuosic editing is a dance in itself. Atlas’ witty “docu-narrative” format, Armitage’s exhilarating choreography, and the vibrantly tacky visual milieu vigorously capture the garish, streetwise magic of a New York summer.

Choreography: Karole Armitage.
Director of Photography: Paul Gibson.
Music: Henry Fiol, Rabbie Burns and his Ticket Touts.


MRS. PEANUT VISITS NEW YORK – Charles Atlas

Mrs. Peanut Visits New York is a video portrait of the legendary late performance artist, fashion designer, and nightlife icon Leigh Bowery. Atlas’ camera follows Bowery as he flamboyantly strolls through Manhattan’s Meatpacking District, outrageously costumed in a self-made reinterpretation of “Mr. Peanut,” the Planter’s Peanut mascot.
Bowery’s molded full-bodysuit, accessorized with a floral print dress, top hat and transparent-heeled platform shoes, draws stares from onlookers. Peanut-related pop songs accompany him on the soundtrack.

Featuring: Leigh Bowery.
Music Consultant: Scott Ewalt


YOU ARE MY SISTER (TURNING) – Charles Atlas and Antony

You are my Sister (Turning) is Atlas’s powerful visual interpretation of the song of the same name by the acclaimed musician Anohni, formerly known as Antony of Antony & the Johnsons. Anohni’s haunting vocals are paired with Atlas’s digitally processed, close-up portraits of, in Atlas’s words, thirteen “NYC Beauties”—thirteen trans women from New York’s East Village who tell their personal stories of struggle and survival. The portraits, turning in hypnotic motion, were originally recorded, processed, and projected live by Atlas during the performance piece Turning, a collaborative stage project by Atlas and Antony. In 2014 the lush visuals of You Are My Sister were projected at midnight on 37 giant screens in the heart of New York’s Times Square as part of the Midnight Moment program.