FUSO 2023 – 22 a 27 de Agosto
22 Agosto, 18h30
Duplacena 77
Curadoria
Rachel Korman
Há 5 anos o FUSO lançou âncoras na ilha de São Miguel com o intuito de suprir uma lacuna existente no panorama artístico do Arquipélago dos Açores no que diz respeito à formação e ao conhecimento na área da imagem em movimento.
Criou-se então o FUSO INSULAR – Mostra de Videoarte dos Açores.
Dentre as atividades desenvolvidas está o Laboratório Imagem em Movimento – um programa de residência criativa que é um espaço/tempo para aprendizagem, pesquisa e experimentação e que acontece durante o verão em São Miguel.
O programa é dirigido aos açorianos em geral e às pessoas que vivem nos Açores, sejam elas artistas ou não, mas que tenham interesse nas artes cinematográficas e vontade de criar a sua própria obra em vídeo. O propósito do Laboratório é munir os participantes de conteúdos e referências e apoiar no desenvolvimento e na concretização dos trabalhos.
Nas três edições já realizadas (2020, 2021 e 2022), os participantes tiveram a oportunidade de aprofundar os seus conhecimentos sobre a história do cinema e da videoarte e criar seus próprios filmes, sob orientação teórica e prática de artistas com larga experiência na área da imagem em movimento. Daniel Blaufuks, Susana de Sousa Dias e Yuri Firmeza foram os responsáveis pelas formações teóricas, enquanto André Laranjinha, artista residente em São Miguel, fez o acompanhamento prático.
Para a 15ª edição do FUSO, seleccionamos oito obras – autobiográficas ou ficcionais, que refletem de forma crítica, mas também afetiva, as relações dos artistas com o território, a sua gente e costumes. As inquietações emocionais, a sensação de (não)pertença e a crescente ocupação do território açoriano, que se misturam em experimentações visuais e sonoras, fazem desta sessão um verdadeiro tubo de ensaio.
Em 2022, o Programa de Residência ampliou a sua ação e convidou o artista Yuri Firmeza para filmar na ilha de São Miguel. Firmeza, cuja obra testa as fronteiras entre a ficção, o possível e o real, apresenta-nos Agapanto Sísmico. O filme parte de um festejo popular – as tradicionais Cavalhadas de São Pedro, para propor uma ficção especulativa sobre a relação entre este santo padroeiro, um desastre natural, o passado colonial, a religiosidade e a (re)encenação das cavalhadas para o tempo presente.
O Laboratório Imagem em Movimento tem co-produção do Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, Açores.
Mariana Pacheco de Medeiros – A VACA QUE SE PERDEU DO RESTO DA MANADA
Estamos frente a frente, sinto o seu cheiro e respiração. Olhamo-nos nos olhos, abraço-a com força e sinto o nosso corpo a derreter, a transformar-se num líquido brilhante que se espalha pelo chão. Olho para o céu e vejo a luz que ilumina o monte. É por isso que eu estou aqui.
Uma criação de Mariana Pacheco de Medeiros
Cinematografia: Hugo França
Edição: Marco Goulart e Mariana Pacheco de Medeiros
Canto Lírico: Helena Castro Ferreira
Agradecimentos: Frederico Garcia, Sara Martins, Sara Massa, Mariana Fonseca, Arquipélago Centro de Artes Contemporâneas, Equipa de Decoração ‘Lobo e Cão’
O cenário da festa é adaptação de um dos sets de filmagem de ‘Lobo e Cão’, da realizadora Cláudia Varejão.
Yuri Firmeza – AGAPANTO SÍSMICO
Uma erupção vulcânica, um ato de fé nas Cavalhadas de São Pedro, o império reencenado e as tecnologias de monitorização da natureza entrecruzando-se num gesto de síntese não reducionista.
Direção: Yuri Firmeza
Produção Executiva: António Câmara Manuel e Rachel Korman
Produção: Diana Diegues
Fotografia: André Laranjinha
Som: Adriana Bolito
Montagem e cor: Ian Capilé
Edição de som e mistura: Alexandre Franco
Laura Brasil – AINDA ESTOU AQUI
“ainda estou aqui” é um filme ensaio sobre a nossa existência, sobre a capacidade de continuarmos vivos, de não desistirmos. Fala-nos da dificuldade de viver com doença mental e do pensamento suicida que atravessa a mente de quem a vive. É um diário focado no quotidiano, nos sonhos e nas perdas. Escrito com imagens íntimas e sons destemidos e narrado na primeira pessoa do singular.
António Braga – INSULAR
O sentimento de ser-se na ilha e/ou a própria ilha. Uma declaração de amor que pensa o lugar de relação entre aquele (ou aquilo) que habita e aquilo (ou aquele) que é habitado. Sou eu quem habita a ilha? É a ilha que habita em mim?
Greg La Ley (1977-2023) – MILK SHAKE
Como é que o homem organiza, constrói e adapta um território às “suas necessidades” ou, pelo menos, às “necessidades económicas”?
Milk Shake é um olhar crítico sobre a indústria leiteira, que teve um forte impacto na paisagem açoriana, a instrumentação corporal, a inflação e a realidade económica.
“a linha de montagem não faz a diferença ontológica entre merda e creme.” anônimo
um projeto de Gregory Le Lay
realização: Gregory Le Lay, Joel Fernandes
operador de camara: Diogo Sousa
música: João Medeiros
montagem: Marco Goulart
Rodrigo Mota – NASCI NA FOZ E MORRI NA NASCENTE
A água que outrora corria nas ribeiras deixou cicatrizes permanentes na terra. Cicatrizes essas que formaram caminhos de todas as formas. Este filme é uma peregrinação, começando na foz de uma ribeira seca e continuando por este corpo desprovido da sua alma.
Realização, Imagem, Som e Edição: Rodrigo Mota
Marco Machado – NADA E MUITO POUCO
Graças às observações iniciadas por Edwin P. Hubble sobre o afastamento das galáxias a uma velocidade proporcional à sua distância, pode-se estabelecer que num dado momento toda a matéria do universo estava concentrada num único ponto. Naturalmente, estávamos todos lá. À medida que nos expandimos no espaço e no tempo, a nossa realidade e as nossas opções, tornam-se, aparentemente, mais complexas.
Sara Massa – É SÓ UM CISNE NEGRO
As pessoas, ao acordar depois de um sonho ou pesadelo, ficam obcecadas com o significado deste e tentam encontrar explicações lógicas.
Dirigido e editado por: Sara Sousa
Figurino e maquilhagem: Sara Sousa
Vozes do áudio: Francisco Santos, Henrique Sousa, Beatriz Toste, Sérgio Branco, Inês Lopes e Sara Sousa
Gabriela Oliveira – ITINERÁRIO
Numa altura em que o turismo nos ocupa e preocupa e que a a massificação das viagens é contestada um pouco por todo o mundo, Itinerário conta a história de um grupo de turistas que não consegue desembarcar de si próprio.
FUSO 2023 – August 22nd to 27th
August 22th, 6.30pm
Duplacena 77
Curator
Rachel Korman
Five years ago, FUSO dropped anchor on the island of São Miguel and created FUSO Insular – Azores Video Art Exhibition. This initiative arose as a direct response to address a notable void within the Azorean artistic panorama regarding training and knowledge in the field of the moving image. Among the activities developed within the FUSO Insular is the creative residency program called Laboratório Imagem em Movimento (Moving Image Laboratory) – a space/time for learning, research, and experimentation that takes place during the summer on the island of São Miguel.
The Laboratory is open to people living in the Azores, whether they are artists or not, with the drive to create their own video work. The purpose is to provide content and references and support to the participants during the development and realization of their works.
In three prior editions (2020/2021/2022), the artists had the opportunity to deepen their knowledge of the history of cinema and video art and produce their own films, under the theoretical and practical guidance of artists with extensive experience in the field. Daniel Blaufuks, Susana de Sousa Dias, and Yuri Firmeza were responsible for the theoretical training, while André Laranjinha, a resident artist in São Miguel, provided hands-on support.
The result is a collection of works – autobiographical or fictional – that reflect critically but also emotionally the artists’ relationships with the territory, its people, and their traditions. Emotional considerations, the sense of (non)belonging, the increasing occupation of the Azorean territory, and the use of available technology within the realm of digital media all intertwine in visual and sound experiments, making this initiative a true laboratory of ideas.
In 2022, the Residency Program expanded its scope and invited Yuri Firmeza to film on the island of São Miguel. Firmeza, whose work tests the boundaries between fiction, possibility, and reality, presents “Agapanto Sísmico” (Seismic Agapanthus). The film derives from a popular celebration – the traditional Cavalhadas de São Pedro – and proposes a speculative fiction about the relationship between this patron saint, a natural disaster, the colonial past, religiosity, and the (re)enactment of the cavalhadas in the present time.
The Moving Image Laboratory is co-produced with Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, Açores.
Mariana Pacheco de Medeiros – THE COW THAT GOT LOST FROM THE REST OF THE HERD
We’re face to face; I can smell its scent and breath. We look into each other’s eyes, I hold her tight, and I feel our bodies melting, turning into a glowing liquid that spreads across the floor. I look up at the sky and I see the light that illuminates the hill. That’s why I’m here.
A creation by Mariana Pacheco de Medeiros
Cinematography: Hugo França
Editing: Marco Goulart e Mariana Pacheco de Medeiros
Lyrical singing: Helena Castro Ferreira
Acknowledgments: Frederico Garcia, Sara Martins, Sara Massa, Mariana Fonseca, Arquipélago Centro de Artes Contemporâneas, Decors team of “Lobo e Cão”.
The set of the party is an adaptation of one of the film’s sets of “Lobo e Cão”, directed by Cláudia Varejão.
Yuri Firmeza – SEISMIC AGAPANTHUS
A volcanic eruption, an act of faith at Cavalhadas de São Pedro, the empire re-enacted, and the technologies of monitoring nature intersected, in a non-reductionist gesture of synthesis.
Direction: Yuri Firmeza
Executive production: António Câmara Manuel and Rachel Korman
Production: Diana Diegues
Photography: André Laranjinha
Sound: Adriana Bolito
Editing and colour grading: Ian Capilé
Edição de som e mistura: Alexandre Franco
Laura Brasil – I’M STILL HERE
Ainda estou aqui (I’m still here) is a film essay about our existence, about our capacity to stay alive, and not give up. It addresses the difficulty of living with mental illness and the suicidal thoughts that cross the mind of those who live it. Ainda estou aqui is a diary about everyday life, about our dreams and losses, written from intimate images and fearless sounds, and narrated in the first person singular.
António Braga – INSULAR
The feeling of being an island, and/or being the island itself. A declaration of love to the relationship between these (or those) who inhabit the island, or is inhabited by it.
Is it me who lives on the island? Or is it the island that lives within me?
Greg La Ley – MILK SHAKE
How does man organize, construct, adapt a territory to his human necessities or at least to economic necessities? The milk industry, which have a strong impact on the Azorean landscape, is the structuring basis for the project.
MILK SHAKE is a critical view of that activity in which there are no “happy cows”, on bodily instrumentalization, inflation and economic reality.
“The editing line does not differentiate the ontology between shit and cream.” (Anonymous, 2020)
A project by Gregory Le Lay
Directed by: Gregory Le Lay, Joël Fernandes
Camera Operator: Diogo Sousa
Music: João Medeiros
Editing: Marco Goulart
Rodrigo Mota – I WAS BORN AT THE MOUTH OF A RIVER AND DIED AT ITS SOURCE
The water that once flowed in the streams left permanent scars on the earth. Scars that formed paths of all forms. This film is a pilgrimage, starting at the mouth of a dry stream and continuing through this body devoid of its soul.
Direction, Image, Sound and Editing: Rodrigo Mota
Marco Machado – NOTHING AND NOT MUCH (NADA E MUITO POUCO)
Thanks to his observations, Edwin P. Hubble determined that galaxies were receding from Earth at a rate proportional to their distance from Earth. He established that at a given moment all the matter in the universe was concentrated at a single point. We were all there, naturally. As we expand in space and time, our reality and our options apparently become more complex.
Sara Massa – IT’S JUST A BLACK SWAN
People, after waking from a dream or nightmare, become obsessed with its meaning and try to come up with logical explanations.
Directed and edited by: Sara Sousa
Costumes and makeup: Sara Sousa
Audio/Voices: Francisco Santos, Henrique Sousa, Beatriz Toste, Sérgio Branco, Inês Lopes and Sara Sousa
Gabriela Oliveira – ITINERÁRIO
At a time when tourism engulfs and worries us, and massification is contested all over the world, Itinerary tells the story of a group of tourists who cannot disembark from their inner self.