FUSO 2024 – 27 de Agosto a 1 de Setembro
28 Agosto, 22h00 MAAT
Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia
Curador
Jean-François Chougnet
TIME ZONE
Com mais de duzentas candidaturas recebidas, a Open Call 2024 do FUSO confirma sua singularidade no panorama português, como um espaço aberto, sem exclusão, a todas as correntes das imagens em movimento. Festival único que reúne de forma igualitária estudantes e artistas confirmados.
Não é por acaso que o Fuso 2024 proclama orgulhosamente o seu espírito de “resistência”.
Mais do que nunca, a seleção foi difícil, penosa, talvez injusta, ao oferecer ao público doze obras (seis de homens, seis de mulheres) que pretendem apenas elaborar um inventário – fragmentário – da videoarte em Portugal.
Nasceram entre 1960 e 1995, e de acordo com as regras do evento vivem e trabalham em Portugal e/ou são de nacionalidade portuguesa. Os vídeos têm uma estética ou temas em comum? Certamente não, e felizmente! Eles têm algo mais precioso que os une neste TIME ZONE: a vontade de capturar o presente.
(Jean-François Chougnet)
Joana Lourenço – Anthropological Bunker
Num lugar sagrado onde a prática do filme em película perdura, este medium encontra uma graciosidade duradoura. A narração revela o processo de fabrico de película de 16mm, património mundial da UNESCO, outrora ecoado em discursos e agora reavivado pela inteligência artificial e pela voz clonada da artista. Desenvolve-se um discurso entre tecnologias obsoletas e tecnologias que avançam ferozmente, cada uma revelando as suas próprias imperfeições.
Filipa Nobre e Maria Trindade – Ao som do estranho
Ao som do estranho é uma obra desenvolvida com o propósito de explorar o uso do som e o poder que esta ferramenta tem quando se torna o foco principal de um projeto audiovisual.
Ao apresentar três vídeos individuais, mas conetados, este trabalho brinca com a paciência bem como com as expetativas do espectador. Cada vídeo apresenta uma forma diferente de distorcer o som de forma pouco ortodoxa e imprevisível, abordando os conceitos de espaço e tempo, artificialidade e de oposição.
Gabriel Andrade – Berro
Este filme é sobre entrar na corrente do berro e ver a sua cor.
Mário Espada – Dormidera y Otros Sueños Democráticos
A lenda da dormidera, planta com poderes soníferos, é o primeiro verso de um conto poético que explora relações inusitadas entre as pessoas e o sono.
Renata Bueno – Em Círculos
Enquanto máquinas de corte fazem movimentos circulares, trabalhadores são convidados pela artista a desenhar círculos com os seus corpos nas paredes do espaço. Corpo e mente revelam como é possível olhar de forma diferente para a dura realidade do dia a dia numa pedreira de mármore do Alentejo, em Portugal.
Francisco Lourenço – Fiesta remembers that her things are up there
Agora que estamos lá em cima, o chão sente a falta dos nossos pés. Para lidar com essa falta, o chão decidiu reunir algumas das suas memórias para não ser esquecido.
Luís Miranda – Mountain (#4)
O filme montanha Montanha é visto como uma parte de seu andamento passageiro, mas em contínuo arrepio e reviravolta.
Pauliana Valente Pimentel – New age kids
Desde 2012 que me debruço, enquanto artista visual, sobre diferentes problemas culturais e políticos que afetam a juventude, focando-me nas questões de género que refundam a identidade dessa comunidade geracional, trabalhando através da fotografia o existir quotidiano de jovens e de grupos marginalizados. A minha fotografia trabalha a diferença como potência política e como interface para uma cidadania plena, problematizando a identidade de género e questionando outras formas de existir na diferença que questionam e enfraquecem o poder de uma conceção binária e normativa do género. Com a série New Age Kids tornei objeto (e sujeito) da minha fotografia jovens lisboetas que não se identificam com um género normativo.
Luis Palma – O Milhafre
Em O Milhafre o espectador é confrontado com uma imagem fixa de um velho solitário, sentado num pequeno banco desgastado pelo tempo. Empunhando na mão direita um bastão em madeira, batendo-o contra a terra seca que lhe pertence. Este cenário ecoa a passagem dos anos e a sapiência da velhice. A inquietude do momento convida-nos à contemplação e à reflexão de uma causa que nos parece perdida: a Humanidade.
AnaMary Bilbao – Prelude
«“La mort” em Prelude articula um trocadilho com “L’art” (as imagens em movimento são o resultado da manipulação que Bilbao faz de uma cena do filme Pierrot le Fou, de Jean-Luc Godard, onde “la rt” é transformado em “la mort”). O fim é apenas o prelúdio do que está por vir. A circularidade de Bilbao entra novamente em jogo. Trabalhando com o sistema DALL·E como co-criador, a artista projeta imagens de IA e filma a projeção com uma câmara de 16mm. O filme é revelado e editado analogicamente. Em seguida, a artista digitaliza as imagens, prepara-as para uma nova edição e para serem projetadas. Os diferentes suportes colapsam entre si. As tecnologias de gravação de imagem que parecem atingir o seu limite (ou que se revelam “obsoletas”, como alguns diriam) não são apenas utilizadas para questionar a materialidade da própria imagem. Bilbao também combina essas tecnologias de gravação com imagens produzidas por IA: la mort de l’image, a morte da imagem, leva-nos, pois, à natureza vital da sua vida material.» Excertos do texto da Alejandra Rosenberg Navarro
Filme comissariado pela Contemporânea
João Francisco Correia – Run Snail Run
Num cenário aparentemente inóspito e vazio, um pelotão de soldados é sucessivamente apresentado ao som de um rufar. O rastejar de um caracol intensifica-o, derrubando-os um a um.
Rita Ruivo – Transumância
Atuação sobre a dificuldade de conciliação com um espaço geográfico. Analisar a família, a memória, manifestada pelas ações dos rituais.
Montagem: Maxime Martinot
Grafismo: Catarina Boieiro
Correção de cor: Thibault Solinhac
FUSO 2023 – August 27th to September 1st
August 28th, 10pm MAAT
MAAT – Museum of Art, Architecture and Technology
Curator
Jean-François Chougnet
TIME ZONE
Having received over two hundred applications, FUSO’s Open Call 2024 confirms its uniqueness in the Portuguese panorama, as an open platform that welcomes all forms of moving images, without boundaries.
A unique festival that brings together students and renowned artists.
It is by design that Fuso 2024 proudly proclaims its spirit of “resistance.”
More than ever, the selection process was difficult, arduous, and perhaps unfair. In this edition Fuso brings to the public twelve works evenly distributed between men and women. Their aim is to create an inventory – albeit fragmentary – of video art in Portugal.
The twelve participants were born between 1960 and 1995 and, according to the rules of the festival, they live and work in Portugal and/or are of Portuguese nationality. They have something more precious that unites them in this TIME ZONE: the will to capture the present.
(Jean-François Chougnet)
Joana Lourenço – Anthropological Bunker
In a shrine where celluloid film practice lasts, this medium finds enduring grace. The narration unveils the production of 16mm film, a UNESCO world heritage treasure, once echoed in speeches and now revived by artificial intelligence and through the filmakers’s cloned voice. A discourse unfolds between obsolete and swiftly advancing technologies, each revealing its own imperfections.
Filipa Nobre e Maria Trindade – Ao som do estranho
Ao som do estranho is a piece developed with the purpose of exploring the use of sound and the power that this tool carries when it becomes the main focus of an audiovisual project.
By presenting three individuals but connected videos, this work plays with patience as well as the expectations of the audience. Therefore each video introduces a different way of distorting sound in an unorthodox and unforeseen manner, tackling the concepts of space and time (the video on the left), artificiality (the video in the middle) and opposition (the video on the right).
Gabriel Andrade – Berro
This film is about entering the flow of the scream and seeing its color.
Mário Espada – Dormidera y Otros Sueños Democráticos
The legend of the sleep inducing dormidera plant is the first verse in a poetic short that explores unexpected relationships between people and sleep.
Renata Bueno – Em Círculos
While cutting machines make circular movements, workers are invited by the artist to draw circles with their bodies on the walls of the space. Body and mind reveal how it is possible to look differently at the harsh reality of everyday life in a marble quarry in Alentejo, Portugal.
Francisco Lourenço – Fiesta remembers that her things are up there
Now that we are up there, the ground misses our feet. To cope with that loss, the ground decided to collect some of its memories so it wouldn’t be forgotten.
Luís Miranda – Mountain (#4)
The mountain from the film Mountain seen as a portion of its passing time, but in continuous mirroring and torsion.
Pauliana Valente Pimentel – New age kids
Since 2012, as a visual artist, I have been focusing on various cultural and political issues affecting youth, concentrating on gender issues that reshape the identity of this generational community. I work through photography to capture the daily lives of young people and marginalized groups. My photography addresses difference as a political power and as an interface for full citizenship, challenging gender identity and exploring other ways of existing in difference that question and weaken the power of a binary and normative conception of gender. With the series New Age Kids, I have made young people from Lisbon, who do not identify with a normative gender, the object (and subject) of my photography.
Luis Palma – O Milhafre
In O Milhafre the viewer is confronted with a fixed image of a lonely old man, sitting on a small bench worn out by time. Holding a wooden stick in his right hand, hitting it against the dry land that belongs to him. This scenario echoes the passing of years and the wisdom of old age. The restlessness of the moment invites us to contemplate and reflect on a cause that seems lost to us: the Humanity.
AnaMary Bilbao – Prelude
«The “La mort” in Prelude plays with “L’art.” (The moving images result from Bilbao’s manipulation of a scene from Jean-Luc Godard’s film Pierrot le Fou where “la rt” is transformed into “la mort.”). The end is only the prelude of what comes next. Bilbao’s circularity comes again into play. Working with DALL·E as a co-creator, Bilbao projects AI’s images and films the projection with a 16mm camera. The film is developed and edited analogically. After the final cut, Bilbao digitizes the images and sets up the installation. Media collapses into each other. Image recording technologies that appear to be reaching their limit (or “obsolete,” as some would say) are not only employed by Bilbao to question the materiality of the image; the artist also pairs these recording technologies with AI-produced images: la mort de l’image, the death of the image, takes us to the vital essence of its material life.»
Extracts from Alejandra Rosenberg Navarro’s presentation
Film commissioned by Contemporânea
João Francisco Correia – Run Snail Run
In a seemingly inhospitable and empty setting, a squadron of soldiers are successively introduced to the sound of drumming. A snail’s crawl intensifies it, taking them down one by one.
Rita Ruivo – Transumância
A performance exploring the struggle to reconcile with a geographic space. Through a ritualistic expression, the narrative delves into poignant themes of family, home, and memory.