“CASCADE (2015)”
João Pedro Fonseca
Esta obra não é apenas um loop mas uma peça que, através da repetição, entrega-se a uma forma de mudança. A memória da repetição estando ligada à iteração de uma ação num curto espaço de tempo é aqui contrariada pois a peça vive num longo questionamento temporal. Desta forma tende a não se mecanizar sob o exercício da repetição, e o espectador ao confrontar os loops deparar-se-á com certos detalhes de que não se tinha apercebido anteriormente. É do bloco de pedra que nasce o ideal físico da perfeição onde o processo de remoção dá lugar à forma e com ele vem o reflexo do nosso imaginário, um espelho idealista da nossa carne. A criação e a sua ausência vivem sob a forma de poeira, que une este paralelismo antagónico, o elemento basilar para o decorrer da ação onde os corpos nascem e se compõem através dela. A impenetrabilidade dos corpos leva-os ao anulamento mútuo, mas mantendo sempre a sua presença anímica, mesmo não vendo a sua verdadeira forma corpórea sabemos que está lá, pois, ao que antes fora apenas um bloco, ao longo da peça, atribuímos um rosto e uma identidade. E no espaço, o espectador, é apenas o testemunho de um fenómeno.
Ficha técnica
Realização João Pedro Fonseca
Performers Fábio Faustino, Inês Apolinário
Assistente Maurício Santos
“CASCADE (2015)”
João Pedro Fonseca
This work isn’t just a loop but a piece that through repetition surrenders to a changing process. The memory of repetition being linked to the iteration of an action in a short time is here contradicted since the piece lives in a long period of temporal questioning. Thus, it tends not to mechanize itself under the exercise of repetition, so when the viewers face the loops they find details that they hadn’t noticed before. The ideal of physical perfection is born from the stone block, in a process of removing that gives place to the form, and with it comes the reflection of our imagination, an idealistic mirror of our flesh. Creation and its absence live in the form of dust that unites this antagonistic parallelism, the basilar element for the course of action where bodies are born and composed through it. The impenetrability of the bodies causes their mutual nullification but they always maintain their soul’s presence, even when we are unable to see the true bodily forms we know that it is there, because what was a stone block before, throughout the piece, we assign a face and an identity to it. In the space, the viewer is only the testimony of a phenomenon.
Credits
Directing João Pedro Fonseca
Performers Fábio Faustino, Inês Apolinário
Assistant Maurício Santos