As histórias de Nasreddin procedem a uma deslocação do “ponto de vista” que estilhaça a nossa maneira de ver as coisas. Para lá do riso, elas têm infinitas ressonâncias. Acompanhamos Nasreddin em diversas atividades quotidianas, quer interrogando-se com a sua mulher sobre a agitação do mundo, quer esforçando-se por prover as necessidades alimentares da sua casa ou tentando responder à demanda de sabedoria de um adolescente. O que é óbvio para Nasreddin põe em causa o que parece óbvio, e perante o espanto dos seus interlocutores ele mostra a serenidade daquele que agiu com toda a lógica.
Nasreddin Hodja é o “herói” de centenas de histórias onde o riso é provocado pela sua ingenuidade e pela alteração da nossa logica habitual. Nasreddin é uma das figuras mais populares do Próximo e do Médio Oriente, das Balcãs, mas encontram-se histórias idênticas na India, na China, na África do Norte, na Arménia, na Grécia, etc…
Para lá das suas origens geográficas, históricas e culturais, estas histórias têm uma ressonância universal que se manifesta bem pela quantidade de países em que elas se expandiram. Elas têm em comum proceder a uma deslocação do “ponto de vista” que estilhaça a nossa maneira estabelecida de ver as coisas, as pessoas e a relação entre elas e o mundo. Para lá do sorriso elas têm infinitas ressonâncias. Sobre as ruínas duma ordem completamente destruída pode nascer um outro olhar. Não é, portanto, um mero acaso se as primeiras histórias de Nasreddin que me foram contadas, o foram por turcos sufis, que se deleitavam a contá-las utilizando-as, como quem não quer a coisa, para trazer uma nova luz a uma situação quotidiana.
Seria no entanto nefasto tentar fazer uma aproximação “didática” ou pretensamente “profunda” do conteúdo destas histórias e de querer a todo custo fazê-las revelar toda a sua sabedoria. Seria fechá-las numa gaiola demasiado estreita, pois o mais fundo da sua sabedoria não se deixa enclausurar. Elas são portadoras de uma riqueza infinitamente maior que a que revela o equivalente à “moral de uma fábula”.
Deixemo-nos por isso levar simplesmente, ingenuamente, pelo sorriso que elas podem suscitar em nós. O resto fará o seu caminho se não nos preocuparmos intempestivamente com isso.
Realização, Argumento e Montagem
Pierre-Marie Goulet
Com
Luís Rego (como Nasreddin)
Teresa Garcia
António Cunha
João Calvário
João Raimundo
José Vaz (Zeca)
António Fernandes
António Câmara Manuel
Salhah Lahraoui
Margarida Pamplona Leite
A burra Boneca
1º Assistente de realização
Teresa Garcia
2º Assistente de realização
Rossana Torres
Direção de produção
Helena Baptista
Produtores
António Câmara Manuel (DuplaCena)
Chantal Dubois (Aum Films)
Chefe de produção
Mariana Carvalho
Assistente de produção
Susana Lopes
Cinematografia
Acácio de Almeida
1º Assistente de imagem
Iana Ferreira
2º Assistente de imagem
Tiago Amador
Chefe eletricista/maquinista
João Oliveira
Eletricista/maquinista
Bruno Oliveira
Som
Pedro Melo
Montagem de som
Ève Corrêa-Guedes
Mistura de som
Hugo Leitão
Direção de arte
João Calvário
Assistentes de decoração
João Raimundo
Adriano Fernandes
Nádia Torres
Guarda-roupa
Posie Goulet
Figurinos
Flôr Hernandes
Costureira
Lurdes Gonçalves
Fotografia de cena
António Cunha
Filmado em
Mértola
Alentejo
Portugal
Coprodução
DuplaCena (Portugal)
Athanor (Portugal) Aum Films (França)
Financiamento
ICA
Distribuição
DuplaCena
Athanor
Aum Films