“INSTALAÇÃO”
Jesper Just
O artista de vídeo de renome internacional Jesper Just apresenta-se pela primeira vez com uma exposição individual em Portugal, no CAM Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Os vídeos de Jesper Just caracterizam-se pela sua extraordinária beleza, pela estética fílmica e pela sua ambiguidade, oferecendo uma consciente complexidade psicológica e convidando o espectador a múltiplas interpretações. No centro de todas as suas obras encontra-se o desenvolvimento emocional das personagens principais, frequentemente relacionado com um afastamento individual ou com uma quebra relativa aos padrões convencionais do papel do género, encenado como se se tratasse da sucessão de etapas existenciais que cada indivíduo tem de percorrer ao longo da sua vida.
Esta exposição individual de Jesper Just inclui o seu primeiro trabalho, intitulado No Man Is an Island (2002), This Love is Silent (2003), It will all end in tears (2006) e Something to Love (2005). Integra ainda uma instalação vídeo composta por três filmes interrelacionados do ponto de vista temático: A Voyage in Dwelling, A Room of One’s Own e A Question of Silence (2008).
Esta trilogia trata da viagem interior, mas também física, de uma mulher de meia-idade que vive em relação com os seus desejos; a forma como em alternância aprecia, afasta e rejeita o seu próprio desenvolvimento. Os filmes mostram o movimento entre os diferentes estados psicológicos e diferentes destinos, enquanto enquadramento mental adotado pela protagonista.
No que respeita à componente visual, o trabalho This Love is Silent contém referências ao clássico film noir e ao género cinematográfico dos filmes sobre a máfia. A dramaturgia do trabalho centra-se no jogo psicológico que se desenvolve entre três homens. À medida que o vídeo progride, o equilíbrio de poder desloca-se entre os dois mafiosos velhos e brutais e a jovem vítima, que consegue penetrar as suas duras fachadas cantando e dançando.
O título do filme de estreia de Just, No Man is an Island, refere-se a uma famosa citação do poeta inglês do século XVII, John Donne, que sublinha o facto de nenhum ser humano poder existir totalmente isolado. Neste filme, um homem de meia idade dança em câmara lenta em volta da praça Blågårds, em Copenhaga, ao mesmo tempo que um outro homem mais jovem permanece sentado na praça, sozinho e a chorar. Este cenário, acompanhado por um jazz etéreo, chega-nos como um pastiche de um filme dos anos cinquenta, simultaneamente auto-irónico e vagamente irreal.
“INSTALLATION”
Jesper Just
The internationally renowned video-artist Jesper Just presents himself for the first time with an individual exhibition in Portugal at the CAM Calouste Gulbenkian Foundation in Lisbon.
Jesper Just’s videos are characterized by their extraordinary beauty, filmic aesthetics and ambiguity, offering a conscious psychological complexity and inviting the viewer to multiple interpretations. The center of all his works is the emotional development of the main characters, often related to an individual’s withdrawal or to a break from the conventional patterns of the gender’s role, staged as if it were the succession of existential stages that each person has to endure through life.
This solo exhibition includes his first work, titled No Man Is an Island (2002), the works This Love is Silent (2003), It will all end in tears (2006) and Something to Love (2005). It also includes a video installation composed of three interrelated films from the thematic point of view: A Voyage in Dwelling, A Room of One’s Own and A Question of Silence (2008).
This trilogy deals with the inner but also physical journey of a middle-aged woman who lives to fulfill her desires; the way she appreciates, distances and rejects its own development, alternating between these states. The films show the movement between different psychological states and destinations, as a mental frame adopted by the protagonist.
Concerning the visual component, the work This Love is Silent contains references to the classic film noir and the cinematic genre of the films about the Mafia. The work’s dramaturgy focuses on the psychological game that develops between three men. As the video progresses, the balance of power shifts between the two old and brutal Mafiosi and the young victim, who can enter their hard facades singing and dancing.
The debut film title of Just, No Man is an Island, refers to a famous quotation from the seventeenth-century English poet John Donne, which underlines the fact that no human being can exist totally isolated. In this film, a middle-aged man dances in slow motion around the Blågårds square in Copenhagen, while another younger man sits and weeps, alone in the square. This scenario, accompanied by ethereal jazz, is brought to us as a fifthies film’s pastiche, simultaneously auto-ironic and vaguely unreal.