“NATUREZA MORTA”
Dinis Machado
Construí esta peça como uma pintura. Partindo de uma imagem, uma presença epifânica inicial, em torno da qual se vai construindo uma constelação dramatúrgica, em busca de uma qualquer significação.
Natureza Morta deveria falar de fome e amor, não se tivesse a própria escrita tornado mais forte e mais presente. Penso que se trata de uma reconciliação com as imagens naquilo de que nelas me apercebo ser gramática. Uma reconciliação lenta e silenciosa.
Natureza Morta é talvez sobre um tempo de espera. É um trabalho solitário que sobre isso mesmo se debruça. É sobre a poética de um espaço em potência e sobre os esboços que dele se projetam. É um gesto de persistência numa paisagem um pouco árida. Fala sobre aquilo que não quero dizer aqui.
Natureza Morta é uma história em três atos, com um Princípio, um grande Meio, e um Fim acelerado. É a minha releitura vaga das histórias secretas de amor, onde a distância do mundo e dos outros, entrega aos amantes essa intensidade tão viva para eles, e tão autocentrada para quem os pudesse observar.
Algumas pessoas surgem-me em conversas mais ou menos próximas e circunstanciais, sem me aperceber (ou lembrar) de como vieram cá parar. Nunca me lembro também de como partiram. Apenas a imagem difusa de um estar, de um balbuciar a dois que parece talvez nunca se ter de facto concretizado.
Ficha técnica
Um espetáculo da Dinis Machado, corp.
Conceção, Cenografia e Interpretação Dinis Machado
Consultoria de Figurinos Miguel Flor
Produção Ana Rocha/Obra Madrasta
Acolhimento Teatro Taborda
Desenho Rui Neves
Fotografia Pedro Lobo
Apoio Pedras e Pêssegos
Agradecimentos Jaime Garcia, Maria João Vicente, José Capela, Isabel Moreira, Pedro Maia, Sérgio Loureiro
“NATUREZA MORTA”
Dinis Machado
I built this show as a painting. Starting from an initial epiphanic presence, around which a dramaturgical constellation is being built in the search for any significance.
Natureza Morta should speak of hunger and love, not if the writing itself had become stronger and more present. I think this is a reconciliation with the images of what I perceive them to be as grammar. A slow and silent reconciliation.
Natureza Morta is perhaps about a waiting time. It’s a lonely job that focuses on just that. It’s about the poetry of a space in power and about the sketches that are projected on it. It is a gesture of persistence in a somewhat arid landscape. It deals with what I don’t want to say here.
Natureza Morta is a story in three acts, with a Beginning, a large Middle and an accelerated End. It’s my vague rereading of the love stories, where the distance from the world and the others, gives to the lovers that intensity so alive for them, and so self-centered to who could watch them.
Some people appear to me in conversations, more or less close and circumstantial, without me realizing (or remembering) how they ended up here. I never remember also how they left. Only the diffuse image of a being, a mumble of two that maybe never existed.
Credits
A show by Dinis Machado, corp.
Creation, Scenography and Performance Dinis Machado
Costumes consultancy Miguel Flor
Production Ana Rocha/Obra Madrasta
Residency Teatro Taborda
Design Rui Neves
Photography Pedro Lobo
Support Pedras e Pêssegos
Acknowledgements Jaime Garcia, Maria João Vicente, José Capela, Isabel Moreira, Pedro Maia, Sérgio Loureiro, Jorge Gonçalves