“A ROOM FULL OF DIRT”

Carlota Lagido, Miguel Bonneville

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Ambos temos vindo a insistir – nos nossos trabalhos – na ideia da experiência individual como processo social, rompendo assim com a distinção entre público e privado, tal como na ideia de que a identidade não é estanque ou linear e que deve ser entendida como um processo de autoconsciência. Assim, aquilo que procuramos agora é um escape dos julgamentos a que somos expostos, do tumulto ruidoso das cidades, do apego vicioso das tecnologias, no fundo, do afastamento crescente da perceção dos nossos corpos e das nossas identidades; das nossas verdadeiras vontades. O tempo é-nos preenchido involuntariamente. As distrações são constantes e quase exigidas. Impedem-nos de pensar.

Nesta peça pretendemos então recriar uma paisagem familiar, em toda a sua transitoriedade e em toda a sua decadência; apresentar uma compilação ou abstração de memórias de outros tempos. Queremos falar de tudo o que deixámos para trás, da involuntária e inerente saudade, dos nossos sonhos perdidos. Como visitar um sótão repleto de tudo aquilo que, por uma ou outra razão, foi ficando esquecido – as nossas aspirações, as nossas vontades, as nossas visões românticas de reconhecimento e de estrelato. E pretendemos que seja claro que, o espectador que se deparar connosco, com esta obra, possa responder com uma contemplação catártica.

A Room Full Of Dirt é, acima de tudo, o movimento de dois corpos à procura do mesmo: ultrapassar o medo.

 

 

Ficha técnica

Conceção, Interpretação, Cenografia e Figurinos Carlota Lagido, Miguel Bonneville

Desenho de luz Diogo Melo

Fotografia Joana Linda

“A ROOM FULL OF DIRT”

Carlota Lagido, Miguel Bonneville

 

Both of us have been insisting – in our work – on the idea of ​​individual experience as a social process, thus breaking with the distinction between public and private, as in the idea that identity is not static or linear and should be understood as a process of self-consciousness. Thus, what we are looking for now is an escape from the judgments to which we are exposed, from the noisy tumult of cities, from the vicious attachment of technologies, from the growing disengagement of the perception of our own bodies and identities; from our true desires. Time is involuntarily filled. Distractions are constant and almost imposed to us. They prevent us from thinking.

In this show we intend to recreate a familiar landscape, in all its transience and decadence; to present a compilation or abstraction of memories from other times. We want to talk about everything we have left behind, the involuntary and inherent longing, of our lost dreams. How to visit an attic full of everything that, for one reason or another, has been forgotten – our aspirations, our wishes, our romantic visions of recognition and stardom. And we want to make it clear that the viewer, who encounters us with this work, can respond with a cathartic contemplation.

A Room Full of Dirt is, above all, the movement of two bodies searching for the same thing: to overcome fear.

 

Credits

Concept, Performance, Choreography and Costumes Carlota Lagido, Miguel Bonneville

Lighting design Diogo Melo

Photography Joana Linda