“LOOPS.LISBOA”
1º Open Call TDI Artes Visuais – Cinema/Vídeo
Pode parecer elementar falar de criação em loop hoje em dia. Se pensarmos no exemplo mais extremo e banal desta forma de linguagem audiovisual, poderíamos falar dos incontornáveis vídeos .gif que povoam as nossas redes sociais e aplicações móveis de mensagens e que, essencialmente, representam/significam pura diversão e entretenimento.
Porém, se por um lado esta associação contemporânea vulgariza esta forma de criar, por outro cria uma grande injustiça: sem o loop, não haveria nem o cinema nem a videoarte como a entendemos hoje.
O loop é o berço da história da imagem em movimento. A sua lógica da repetição, que originalmente fez da inércia movimento, atravessou o século XX e XXI com as mais diversas formas de expressão autoral. Dos dispositivos óticos do pré-cinema (Phenakistoscope, Zootrope, Kinetoscope), passando logo a seguir pela obra de Duchamp, pela pop art e por grandes nomes como Dan Graham, Martin Arnold e mesmo Harun Farocki, o loop demonstra uma invejável vitalidade enquanto elemento essencial do movimento audiovisual.
São inúmeros os exemplos de diversidade de processos, recursos narrativos e abordagens poéticas atribuídos ao filme-loop ao longo das décadas. Das obras circulares, que sempre voltam ao mesmo ponto (não sem antes criar novos significados para as imagens), até chegar aos trabalhos espirais, que extrapolam geometricamente as suas partes constituintes, rumo a um moto-contínuo, as possibilidades do loop dependem apenas da criatividade de quem manipula a imagem consoante o espaço, o tempo e o ambiente de projeção e intervenção. Seja através de material autoral ou reapropriado, a criação de significados e sentidos literalmente nunca tem fim.
E é para desafiar os artistas portugueses, e estrangeiros residentes em Portugal a uma exploração desta célula-tronco da imagem que o TEMPS D’IMAGES LISBOA criou o LOOPS.LISBOA.
Nesta edição inaugural do Loops.Lisboa, recebemos mais de uma centena de obras, representando uma riquíssima diversidade de qualidades visuais, conceptuais, performativas, narrativas e cinemáticas.
Com enorme dificuldade, foram escolhidos os três finalistas entre inúmeras propostas.
LOOPS.LISBOA, no âmbito do Festival Temps d’Images 2015 orgulha-se, numa colaboração com o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, em apresentar três exemplos contemporâneos e representativos da revisão permanente que caracteriza esta unidade essencial da linguagem da imagem.
Alisson Avila e Irit Batsry
“LOOPS.LISBOA”
1st Open Call TDI Artes Visuais – Cinema/Vídeo
It may seem elementary to talk about the creation in loop nowadays. If we think of the most extreme and banal example of this form of audiovisual language, we could mention the inescapable .gif videos which populate our social networks and mobile messaging applications, and which essentially represent/mean pure entertainment.
However, if on the one hand this contemporary association vulgarizes this way of creating, on the other it creates a great injustice: without the loop, there would be neither cinema nor video art as we understand it today.
The loop is the birth of the moving picture history. Its cyclic logic of repetition, which originally turned inertia into movement, crossed the last two centuries with the most diverse forms of authorial expression. From the optical pre-cinematic devices (Phenakistoscope, Zootrope, Kinetoscope) to the work of Duchamp, artists of the pop art movement and then Dan Graham, Martin Arnold and Harun Farocki, among others, the loop shows an enviable vitality as an essential element of the audiovisual language and is still being reinvented.
There are numerous examples of process diversity, narrative resources, and poetic approaches to the film-loop over the decades. From the circular works, which always return to the same point (before creating new meanings to the images), to the spiral works, which geometrically extrapolate their constituent parts, towards a continuous-motto, the possibilities of the loop depend only on the creativity of those who manipulate the image according to the space, time and environment of projection and/or intervention. Whether through authorial or reappropriated material, the creation of meanings literally never ends.
So, in order to challenge Portuguese artists and foreigners residing in Portugal to explore this stem cell of images that TEMPS D’IMAGES LISBOA created LOOPS.LISBOA.
For this inaugural edition of Loops.Lisboa we received over a hundred submissions which together present a rich visual, conceptual, performative, narrative and cinematic diversity.
It is with extreme difficulty that three finalists were chosen among the many excellent submissions.
LOOPS.LISBOA, as part of 2015 Temps d’Images Festival, is proud to present, in collaboration with the Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, three contemporary examples, representative of artists’ ongoing probe of this essential unit of the moving image language.
Alisson Avila and Irit Batsry