ENGLISH

“FUSO 2017 – 22 a 27 de Agosto

24 Agosto, 22h
Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) – Museu do Chiado

 

Memórias do SubSalsaDesenvolvimento
Curadoria de Pablo Léon de la Barra
Duração da sessão 58’23’’

 

Memórias do SubSalsaDesenvolvimento propõe um diálogo entre os filmes de duas distintas gerações de autores de Cáli, Colômbia: Agarrando Pueblo (1978) de Luis Ospina (1949) e Carlos Mayolo (1945) com Tacones (in the making) (2013/14) de Monica Restrepo (1982). Cáli, por ser a terceira cidade da Colômbia, de certa forma encontra-se na periferia da periferia, o que lhe permitiu converter-se no seu próprio centro e gerar uma cultura muito própria e particular. Cáli transformou-se também numa cidade mítica construída pelas suas múltiplas identidades: a Caliwood do cinema gótico tropical e de autor independente; a Cáli jovem, rebelde e suicida de Andrés Caicedo e ¡Que viva la musica!; a Cáli capital mundial da música Salsa; assim com a Narcocidade do Cartel de Cáli. Mas, acima de tudo Cáli, como muitas outras cidades da América Latina, é um lugar onde a modernidade foi desigual, incompleta e nunca acabou por chegar.

Separados por 35 anos de distância, ambos os filmes apresentam duas fases críticas da modernidade Calena. Por um lado, Agarrando Pueblo inaugura na Colômbia o género da ficção documental e ao fazê-lo exerce uma crítica à chamada “pornomiséria”, termo inventado por Ospina e Mayolo para denunciar a exploração e estetização através do cinema e do documentário da pobreza do subdesenvolvimento. Por outro lado, em Tacones (in the making) Restrepo e sua “parche” (gíria colombiana para grupo de amigos) enquanto bailam leem diálogos e testemunhos da primeira película sobre Salsa que foi retirada de circulação e foi um fracasso da crítica e público.

O reconstruir do filme permite desconstruir o passado mítico de Cáli para assim poder enfrentar-se o seu presente desolador.

Pablo León de la Barra, 2017

Carlos Mayolo & Luis Ospina, Agarrando Pueblo, 1978, 28’38’’, película 16mm transferida para digital, cor, p/b

Filme de ação que simula ser um documentário sobre os cineastas que exploram a miséria para fins mercantilistas. É uma crítica mordaz à “porno-miséria” e ao oportunismo dos documentaristas desonestos que fazem documentários “sociopolíticos” no Terceiro Mundo, a fim de vendê-los na Europa e ganhar prémios.

 

Realização Luis Ospina, Carlos Mayolo

Produção SATUPLE (Sindicato de Artistas y Trabajadores Unidos Para la Liberación Eterna)

Argumento Luis Ospina, Carlos Mayolo

Fotografia (p/b) Fernando Vélez, Enrique Forero, Oswaldo López

Fotografia (cor) Eduardo Carvajal, Jacques Marchal

Edição Luis Ospina

Som Luis Ospina

Assistente de realização Elsa Vásquez

Elenco Luis Alfonso Londoño, Carlos Mayolo, Eduardo Carvajal, Ramiro Arbeláez, Javier Villa, Fabián Ramírez, Astrid Orozco, Jaime Cevallos

Fotografia Eduardo Carvajal


Monica Restrepo, Tacones (in the making), 2014, 30’45’’

Uma performance filmada sobre um filme perdido, onde se vê um grupo de pessoas a interpretar as vozes de outras, a animar diálogos anacrónicos e a posar para fotos já tiradas. Este projeto é baseado em imagens em movimento que não podem ser vistas e numa banda sonora que não corresponde às imagens, pretendendo fazer aparecer a sua história através da voz.

 

Argumento e Realização Monica Restrepo

Câmara Oscar Ruiz Navia

Som César Torres

Música Melodía al cien (César Torres, Mateo Guzmán e Dino Ventolini)

Edição Monica Restrepo e Hernan Baron

Participação Éricka Flórez, Jairo Noreña, Iván Tovar, César Torres, Oscar Ruiz Navia, Beatriz Sterling, Carolina Valencia, Lina Zambrano, Mateo Guzmán, Dino Ventolini, Miguel Tejada e Lina Sánchez

Baseado em conversas com Evelio Carabalí, Esmeralda Ramírez, Epifanio Riascos e Rodrigo Vidal

Fragmentos de diálogos do filme Tacones de Pascual Guerrero e Clara María Ochoa

Legendas em inglês Monica Restrepo e Sabel Gavaldón


24 Agosto, 23h
Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) – Museu do Chiado

 

Traduções Transculturais
Curadoria de Lori Zippay
Duração da sessão 40’

 

Electronic Arts Intermix (EAI) é uma instituição com sede em Nova Iorque, dedicada à fomentação da criação, exibição, distribuição e preservação de obras de imagens em movimento. O arquivo da EAI, com cerca de 3700 obras de arte, engloba trabalhos que vão dos anos 1960 até ao presente, com obras seminais da vídeo arte, criações de artistas pioneiros, até trabalhos digitais das novas gerações.

Este programa, desenhado a partir dos arquivos da EAI, apresenta quatro artistas – Anna Bella Geiger, Éder Santos, Francesc Torres e Antonio Muntadas, cujos trabalhos de vídeo exploram a estratificação de realidades e representações culturais e históricas. São obras politicamente carregadas que confrontam mitos e associações culturais, usando o desenho e a linguagem, a arquitetura e o imaginário dos media. Empregando estratégias que vão desde a performance direta à colagem eletrónica poética e apropriação estilizada dos media, estes artistas questionam as traduções culturais e históricas de significado.

A vídeo performance a preto e branco, Elementary Maps no.3, criada em 1976 pela artista pioneira Anna Bella Geiger, conjura um jogo irónico de palavras e imagens que revela estereótipos culturais. Em Rito & Expressão, de 1988, a sobreposição eletrónica de Éder Santos da arquitetura religiosa barroca e com rituais africanos ecoa uma complexa estratificação e transposição de histórias culturais. Frances Torres, no seu Sur del Sur de 1990, constrói um ensaio de sobreposição do tempo, memória e histórias de um local, a cidade de Sevilha. O vídeo de António Muntadas, Alphaville e outros, 2011, forja uma paisagem carregada de medo e isolação urbana ao justapor o filme sci-fi distopiano de Jean-Luc Godard e um condomínio fechado em São Paulo.

Ao longo de cinco décadas e por meio de tecnologias em evolução, estes artistas traçam uma investigação sobre as traduções ressonantes da cultura e da história.

Lori Zippay, 2017


Anna Bella Geiger, Elementary Maps no. 3, 1976, 3’12’’

Elementary Maps no. 3 é uma vídeo performance onde Geiger joga com a linguagem escrita e visual para criar um divertido exercício de perceções, traduções e significados culturais. Geiger é vista a desenhar uma série de objetos e territórios, acompanhada de palavas (amuleto, mulata, muleta) que têm uma carregada ressonância cultural, através de uma espécie de jogo semântico.

 

Câmara Davi Geiger


Éder Santos, Rito e Expressão, 1988, 8’13’’

Rito e Expressão evoca a complexa e estratificada história cultural da igreja Nossa Senhora do Rosário, um edifício barroco no estado central brasileiro de Minas Gerais. Construído no século XVII em Ouro Preto, cidade mineira do ouro, a Igreja Rosário foi um local cultural e social para escravos africanos. Santos faz-se valer de elementos naturais (terra, madeira, pedra, ouro e tintas), assim como referências sociais e culturais (a Festa de Rosário, vestuário africano e objetos de rituais) para criar uma reconstrução televisual da arquitetura barroca, secretismo religioso e rituais culturais africanos do século XVII.

 

Poema Alfonso Avila

Música Paulo Santos

Músicos Decio Ramos, Paulo Santos

Vozes Josefina Cerqueira, Vania Lovaglio, Conceição Nicolau

Câmara Bellini Andrade

Criação, Argumento, Edição e Realização Éder Santos

Direção de fotografia Evandro Rogers, Éder Santos

Produção Marcelo Braga


Francesc Torres, Sur del Sur, 1990, 16’24’’

Torres escreve: “Filmado inteiramente em Sevilha, Sur del Sur investiga a história de uma das poucas cidades em Espanha onde se pode realmente perceber todas as camadas da sua história de uma maneira sincrónica. Desafiando a perceção de uma história desenvolvida linearmente, esta peça explora a coexistência de dois conceitos de tempo complementares e opostos, tempo histórico que é linear e tempo mítico que é circular”. No seu filme, Torres contempla as tensões entre a persistência do tempo e a fragilidade da memória.

 

Argumento e Realização Francesc Torres

Curadoria Manuel Palacio

Produção Soledad Alvarez-coto (Expo 92), Eduardo Trias/Productora Andaluza de Programas

Produtores executivos Eduardo Trias, Manuel Palacio

Desenho de som Stephen Braun, Francesc Torres


Antonio Muntadas, Alphaville e outros, 2011, 9’18’’

Alphaville, um bairro residencial em São Paulo, é o principal local deste trabalho, que examina o fenómeno das “comunidades fechadas”, e como o medo e a procura por exclusividade levaram ao isolamento urbano. O trabalho tem como referência o filme de 1965 Alphaville de Jean-Luc Godard (a partir do qual o nome do bairro de São Paulo derivou), uma visão sci-fi distópica de um futuro totalitário, urbano. Cenas do filme de Godard são justapostas com promoções quase utópicas da brasileira “Alphaville”. Animações digitais, filmagens de câmaras de segurança e imagens do bairro de São Paulo revelam uma arquitetura do espaço baseada na retórica e mecanismos de medo e controlo.

August 24, 10pm
Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) – Museu do Chiado

 

Memories of SubSalsaDevelopment
Curatorship by Pablo Léon de la Barra
Total running time 58’23’’

 

Memories of SubSalsaDevelopment proposes a dialogue between films of two different generations of authors from Cali, Colombia: Agarrando Pueblo (The Vampires of Poverty) (1978) by Luis Ospina (1949) and Carlos Mayolo (1945) with Tacones (in the making) (2013/14) by Monica Restrepo (1982). Cali, being the third city of Colombia, is somehow located on the periphery of the periphery, which has allowed it to become its own centre and generate its very own and particular culture. Cali has also become a mythical city built on its multiple identities: the Caliwood of tropical Gothic cinema and independent authors; the young, rebellious and suicidal Cali of Andrés Caicedo and ¡Que viva la musica!; the Cali world capital of Salsa Music; as well as the Narcocity of the Cartel of Cali. But, above all, Cali, like many other cities in Latin America, is a place where modernity was unequal, incomplete and never quite landed.

Separated by 35 years of distance, the films present two critical stages of the Calian modernity. On one hand, Agarrando Pueblo inaugurated in Colombia the genre of Docufiction and in doing so exerts a critique of the so-called ‘pornomiseria’ (Misery–Porn), term invented by Ospina and Mayolo to denounce exploitation and aesthetization through cinema and documentary of the poverty of underdevelopment. On the other hand, in Tacones (in the making) Restrepo and her ‘parche’ (Colombian slang for a group of friends) simultaneously dance and read dialogues and testimonies of the first Salsa film shot in Cali in 1981, a critical and box-office failure that was removed from distribution.

Reconstructing the film allows the deconstructing of Cali’s mythical to be able to face its present desolation.

Pablo León de la Barra, 2017

Carlos Mayolo & Luis Ospina, Agarrando Pueblo (The Vampires of Poverty), 1978, 28’38’’, 16mm film transferred into digital, colour, b/w

An action film that pretends to be a documentary about the filmmakers who exploit misery for mercantilist purposes. It is a scathing criticism of “misery-porn” and the opportunism of dishonest documentary filmmakers who make “socio-political” documentaries in the Third World for the purpose of selling them in Europe and winning Prizes.

 

Directing Luis Ospina, Carlos Mayolo

Production SATUPLE (Sindicato de Artistas y Trabajadores Unidos Para la Liberación Eterna)

Script Luis Ospina, Carlos Mayolo

Photography (b/w) Fernando Vélez, Enrique Forero, Oswaldo López

Photography (colour) Eduardo Carvajal, Jacques Marchal

Editing Luis Ospina

Sound Luis Ospina

Director’s assistance Elsa Vásquez

Cast Luis Alfonso Londoño, Carlos Mayolo, Eduardo Carvajal, Ramiro Arbeláez, Javier Villa, Fabián Ramírez, Astrid Orozco, Jaime Cevallos

Photography Eduardo Carvajal


Monica Restrepo, Tacones (in the making), 2014, 30’45’’

A filmed performance about a missing film, where you see a group of people interpreting someone else’s voices, animating anachronic dialogues and posing for pictures that were already taken. This project is based on moving images that cannot be seen and a soundtrack that doesn’t match, intending to make its history appear through voice itself.

 

Script and Directing Monica Restrepo

Camera Oscar Ruiz Navia

Sound César Torres

Soundtrack Melodía al cien (César Torres, Mateo Guzmán and Dino Ventolini)

Editing Monica Restrepo and Hernan Baron

With Éricka Flórez, Jairo Noreña, Iván Tovar, César Torres, Oscar Ruiz Navia, Beatriz Sterling, Carolina Valencia, Lina Zambrano, Mateo Guzmán, Dino Ventolini, Miguel Tejada and Lina Sánchez

Based on conversations with Evelio Carabalí, Esmeralda Ramírez, Epifanio Riascos and Rodrigo Vidal

Fragments of dialogues from the film Tacones by Pascual Guerrero and Clara María Ochoa

English subtitles Monica Restrepo and Sabel Gavaldón


August 24, 11:15pm
Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) – Museu do Chiado

 

Transcultural Translation
Curatorship by Lori Zippay
Total running time 40’

 

Electronic Arts Intermix (EAI) is a New York-based institution dedicated to fostering the creation, exhibition, distribution and preservation of moving image art. EAI’s archive of over 3,700 moving image artworks spans the 1960s to the present, from seminal video art works by pioneering figures to digital works by new generations of artists.

This program, drawn from EAI’s archive, features four artists – Anna Bella Geiger, Eder Santos, Francesc Torres, and Antonio Muntadas, whose video works explore the layering of cultural and historical realities and representations. Dating from the 1970s to the current decade, these politically charged works confront cultural myths and associations, in sources ranging from drawing and language to architectural sites and media imagery. Employing strategies ranging from direct performance to poetic electronic collage and stylized media appropriation, these artists pose questions about cultural and historical translations of meaning.

The early black-and-white performance video Elementary Maps no.3 by pioneering artist Anna Bella Geiger, created in 1976, conjures a wry play of words and images that reveal cultural stereotypes. In the 1988 Rite & Expression, Éder Santos’ electronic layering of Baroque religious architecture and African rituals echoes a complex layering and transpositions of cultural histories. Francesc Torres, in his 1990 Sur del Sur, constructs an essay of layered time, memory and histories in one site, the city of Sevilla. Antonio Muntadas’ 2011 Alphaville e outros forges a charged landscape of urban fear and isolation by juxtaposing Godard’s dystopian sci-fi film and a gated residential neighbourhood in São Paulo.

Across five decades and through evolving technologies, these artists chart an investigation into resonant translations of culture and history.

Lori Zippay, 2017


Anna Bella Geiger, Elementary Maps no. 3, 1976, 3’12’’

Elementary Maps no. 3 is an early performance-based video in which Geiger plays with written and visual language to create a droll exercise in cultural perceptions, translation and meaning. Geiger is seen drawing a series of objects and territories, accompanied by a series of words (amuleto, mulata, muleta) that take on charged cultural resonance through a kind of semantic game.

 

Camera Davi Geiger


Éder Santos, Rito e Expressão (Rite & Expression), 1988, 8’13’’

Rito e Expressão (Rite & Expression) evokes the complex, layered cultural history of Nossa Senhora do Rosário Church, a Baroque building in the central Brazilian state of Minas Gerais. Built in the 17th century in the gold-mining town of Ouro Preto, the Rosário Church was a cultural and social locus for African slaves. Santos draws on natural elements (earth, wood, stone, gold, inks and paints), as well as social and cultural references (the Rosario Feast, African garments and ritual objects) to create a televisual reconstruction of 17th-century Baroque architecture, religious secrecy, and African cultural rituals.

 

Poem Alfonso Avila

Soundtrack Paulo Santos

Musicians Decio Ramos, Paulo Santos

Voices Josefina Cerqueira, Vania Lovaglio, Conceição Nicolau

Camera Bellini Andrade

Concept, Script, Editing and Directing Éder Santos

Cinematography Evandro Rogers, Éder Santos

Production Marcelo Braga


Francesc Torres, Sur del Sur, 1990, 16’24’’

Torres writes: “Shot entirely in Seville, Sur del Sur investigates the history of one of the few cities in Spain where one can actually perceive all the layers of its history in a synchronic way. Challenging the perception of a linearly developing history, this piece explores the coexistence of two complimentary and opposite concepts of time, historical time which is linear and mythical time which is circular”. Torres contemplates the tensions between the persistence of time and the fragility of memory.

 

Script and Directing Francesc Torres

Curatorship Manuel Palacio

Production Soledad Alvarez-coto (Expo 92), Eduardo Trias/Productora Andaluza de Programas

Executive producers Eduardo Trias, Manuel Palacio

Sound design Stephen Braun, Francesc Torres


Antonio Muntadas, Alphaville e outros, 2011, 9’18’’

Alphaville, a residential neighbourhood in São Paulo, is the primary site of this work, which examines the phenomenon of “gated communities” and how fear and exclusivity lead to urban isolation. The work refers to Godard’s 1965 film Alphaville (from which the São Paulo neighbourhood’s name was derived), a dystopian sci-fi vision of a totalitarian, urban future. Scenes from Godard’s film are juxtaposed with near-utopian promotions for the Brazilian “Alphaville,” digital animations, security camera footage, and images of the São Paulo neighbourhood, revealing an architecture of space based on rhetoric and mechanisms of fear and control.