NÓS SOMOS AS NETAS DE TODAS BRUXAS QUE VOCÊS NÃO CONSEGUIRAM QUEIMAR

Bestiário

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A multidão reúne-se para o evento habitual. A figura é arrastada e a massa, em êxtase, vocifera injúrias, arremessa objectos e, em catarse, expurga a sua ira. O carrasco cumpre a sua função, o corpo incendeia-se, afoga-se, enforca-se, envenena-se e a plateia está em ovação. A última mulher a ser sentenciada por bruxaria na Europa morreu em 1782, na Suíça.

Quarenta a cinquenta mil mulheres foram mortas durante o período da caça às bruxas. As mais fustigadas eram, por um lado, idosas ou viúvas que, sem recursos, recorriam à mendicidade, e, por outro, mulheres que tinham conhecimentos audazes para a condição feminina, como ervas contraceptivas e abortivas, bem como, camponesas que lutavam pelo direito à sua terra. Estas mulheres, que diferiam do padrão de feminilidade vigente, eram uma ameaça ao poder e tinham que ser aniquiladas.

Bio

Teresa V. Vaz (Lisboa, 1988) . Mestre em gestão cultural pela Universidade Politécnica de Valência (Espanha). É licenciada pela Escola Superior de Teatro e Cinema – ramo actores. Entre 2010 e 2012 esteve em Valência a integrar o projecto profissional Estudio del Arte para el Actor no Laboratorio de Arte en Vivo com Dario Valtancoli. Entre 2014 e 2015, como actriz, dramaturga e encenadora desenvolveu o projecto Amor, Desamor, Amor: contado em pequenas histórias de solidão, apresentado em diversos espaços não convencionais da cidade de Lisboa. Desde 2018 é co-fundadora, juntamente com Afonso Viriato, Helena Caldeira e Miguel Ponte da estrutura artística Bestiário onde encenou Atmavictu (2018), Homem-agem (2020), Galeria (2021) e Homo Sacer (2023) em co-produção com o TNDM II, co-dirigiu Parlamento Shakespeare (2019) e Parlamento Grimm (2020). Enquanto criadora e intérprete entrou em Umbra (2019), Lumina (2022) e Mesa (2022). Atmavictu, a sua segunda encenação, foi distinguida pelo Blog Comunidade Cultura e Arte como um dos “15 momentos memoráveis de Teatro em Lisboa em 2018” e as “20 melhores peças de teatro de 2018 em Portugal”.

Bestiário
Nasce de fragmentos, por isso tem nome de colecção. Cada fragmento tem uma história, e é na justaposição das várias narrativas que criamos uma identidade. Procuramos investigar a nossa herança cultural reavivando as histórias biográficas e populares.

Posicionamo-nos no presente, escolhendo ora vivê-lo, ora analisá-lo. Queremos fomentar a criação de autor, deixando-nos inspirar pelas ciências naturais e sociais. Acreditamos em obras de arte que contaminem.
A Bestiário nasceu em 2018 pelas mãos de Afonso Viriato, Helena Caldeira, Miguel Ponte e Teresa V. Vaz.

Ficha Técnica

conceito, direcção artística e dramaturgia
Teresa V. Vaz

textos
a partir de O Apocalipse de São João, Malleus Maleficarum de Heinrich Kramer e James Sprenger e Feiticeiros, profetas e visionários. Textos antigos Portugueses seleção de Yvonne Cunha Rêgo
criação e interpretação
António Bollaño, Francisca Neves, Joana Petiz, Lia Vohlgemuth

dispositivo cénico e figurinos
Teresa V. Vaz

apoio de figurinos e bordados
Isabel Brissos
instalação sonora
Filipe Baptista

apoio à instalação plástica
Daniela Cardante

curadoria e assessoria teórica
Vânia Moreira

direcção de produção
Manuela Morais

apoio à produção e à direção artística
Bestiário
assessoria de comunicação
Helena Marteleira

vídeo
DROID.ID

fotografia
Bruno Simão

co-produção
Teatro Cine Gouveia, Teatro José Lúcio da Silva

residências
A Oficina – Teatro Oficina Guimarães

apoios financeiros
Câmara Municipal de Lisboa, República Portuguesa Cultura / Direção-Geral das Artes

apoios
Festival Temps d’Images, Pólo Cultural das Gaivotas, Espaço Lx Jovem

media partners
Coffeepaste, Gerador

agradecimentos
Afonso Viriato, David Erlich, Carolina Franco, Carolina Serrão, Cátia Faísco, Helena Caldeira, Miguel Ponte, Nicola Pittau

NÓS SOMOS AS NETAS DE TODAS BRUXAS QUE VOCÊS NÃO CONSEGUIRAM QUEIMAR

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