“FUSO 2011 – Programação”
26 Julho, 19h – Inauguração
BES Arte & Finança
SUCKING REALITY
Curadoria de Hugo Barata
António Olaio, La prospettiva is sucking reality, 2009, 2’46’’
Neste vídeo (filmado numa das salas do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra) a câmara fixa afirma a permanência do enquadramento da sala, síntese da ideia de perspetiva, nesta caixa em perspetiva, estática, onde a ação acontece.
Assim, o sentido performático do playback da canção é acentuado e, na sobreposição de vários takes, no estar mais perto ou mais longe, a perspetiva é sempre a personagem principal.
Como o título indica, a perspetiva mais do que mero artifício de representação, surge como uma espécie de fenómeno catastrófico que absorverá, de facto, a realidade. E a ideia de ponto de fuga como uma espécie de buraco negro onde tudo é engolido.
La prospettiva is sucking reality traz de nova à vida a prospettiva renascentista com efeitos imprevisíveis. Um deles é esta canção que nasce desta aparente inversão da caixa de Pandora que, absorvendo a realidade, em simetria, liberta um vasto campo de possibilidades, nos jogos conceptuais que se multiplicam.
Créditos: Vídeo António Olaio, Música João Taborda e António Olaio, Letra António Olaio
Susana Guardado & Barrão, Personal DJ Barrão, 2011, vídeo, díptico/tríptico, Brasil, DV Pal, transferido para DVD, 4:3, cor, stereo, 2’45”
O projeto PERSONAL DJ ‐ Arquivo de Retratos Sonoros (*) consiste na criação e itinerância de um arquivo de vídeos originais, feitos especialmente para o projeto, em colaboração com pessoas do universo das artes visuais, nacionais e internacionais, a partir de ações, tais como performances, eventos multidisciplinares, conferências, etc, no espaço privado e público. Tem por objetivo a construção de um arquivo videográfico que é o resultado do mapeamento de pessoas e locais a partir do trabalho concebido em colaboração com os convidados do projeto. Estes vídeos são retratos do quotidiano e do trabalho de uma geração artística e são executados dentro de um largo espectro visual e sonoro, que vai de obras vídeo‐artísticas até peças vídeo‐documentais, sendo a música e a sua universalidade, o veículo agregador e impulsionador do processo criativo.
Estas peças de vídeo são um reconhecimento poético e intimista assim como mapeamento histórico, cultural e estético do trabalho artístico contemporâneo.
São obras que narram o universo íntimo dos intervenientes a partir da banda sonora para a vida.
(*) Retratos Sonoros: São representações artísticas de uma pessoa, a partir de perceção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular essas instâncias de consciência nos espectadores.
Orlando Franco, Underneath, 2011, instalação-vídeo, HD, PAL, cor, som, dimensões variáveis, 15’
Através de um plano fixo é-nos dado o momento em que uma retroescavadora, de frente para o espectador, verte sobre o solo matéria poeirenta. A imagem passa a ser, parcialmente e alternadamente, consumida pela nuvem de pó. O espectador vai experimentando as relações possíveis do seu corpo no espaço, potenciadas pela natureza da imagem e pela estranheza.
Pedro Vaz, S/título, 2011, projeção s/madeira, 150x200cm, vídeo/documentação fotográfica, sem som, P&B, 60’
A presente proposta de Pedro Vaz percorre, desta vez, uma fenda de difícil acesso, pertença da Serra da Arrábida. Lugar este que deu origem a uma grande escarpa interior, atingindo os 27 metros de profundidade. Na sua base, para além de enormes e imponentes pedras, existem alguns elementos de vegetação mediterrânea primordial, ainda sem vestígios de ação antrópica.
O documento foto-videográfico, de aproximadamente 15 minutos, é projetado sobre um plano cru de madeira assente na vertical, entreaberto sobre o pavimento. Revela assim a qualidade de uma instalação, procurando aludir visualmente a uma aproximação à sua essência natural.
Passo a passo o autor caminha e regista fotograficamente o exequível percurso no sopé da fenda.
De um modo crucial “o caminho de todas as coisas pode ser reversível”, e nesse mesmo sentido o percurso foi registado nos dois possíveis sentidos, mas apresenta-se perante um só contínuo destino.
Miguelângelo Veiga, Ações Suspensas/Featuring “Júlio”, 2008, DVCam, PAL, 16:9, cor, stereo, transferido para DVD, 11’22’’
Ações suspensas/Featuring “Júlio” é um vídeo que reedita para a ordem cronológica de filmagem, o material bruto utilizado na curta-metragem “Júlio” (realizada por Gonçalo Robalo). Nesta peça, o fator principal reside na transferência do poder narrativo associado a qualquer filme de ficção, para fatores relacionados com a produção de um filme que influenciam diretamente as estratégias de filmagens. Este vídeo desarticula o argumento original de modo a que o objeto visual apresentado, se transforme na representação do invisível subjacente à criação de uma obra cinematográfica.
Opening – July 26th, 7pm
BES Arte & Finança
SUCKING REALITY
Curatorship by Hugo Barata
António Olaio, La prospettiva is sucking reality, 2009, 2’46’’
In this video (shoot in one of the rooms of Círculo de Artes Plásticas of Coimbra) the static camera affirms the permanence of the room framing, synthesis of the idea of perspective, in this box in perspective, static, where the action happens.
Thus, the performative sense of the song’s playback is accentuated and, in the overlapping of several takes, in being closer or further away, the perspective is always the one of the main character.
As the title suggests, the prospect is more than a mere artifice of representation, it appears as a kind of catastrophic phenomenon that will, in fact, absorb reality. And the idea of vanishing point as a kind of black hole where everything is swallowed upon.
La prospettiva is sucking reality brings to life the Renaissance prospettiva with unforeseeable effects. One of them is this song that is born of this apparent inversion of the Pandora’s box that, absorbing reality, symmetrically frees a vast range of possibilities by the conceptual games that multiplies.
Credits: Video António Olaio, Soundtrack João Taborda and António Olaio, Lyrics António Olaio
Susana Guardado & Barrão, Personal DJ, 2011, video, diptych/triptych, Brazil, DV Pal, transferred to DVD, 4:3, colour, stereo, 2’45”
The PERSONAL DJ – Sound Portraits Archive (*) project is about the creation and itinerancy of an archive of original videos, made especially for the project, in collaboration with people from the visual arts’ universe, from actions such as performances, multidisciplinary events, conferences, etc., in the private and public spheres. It aims to build a videographic archive that is the result of mapping people and places from the work designed in collaboration with the project guests. These videos are portraits of the daily life and work of an artistic generation and are executed within a wide visual and sound spectrum, ranging from video-art works to video-documentary objects, with music and its universality being the aggregating vehicle and driving the creative process.
These videos are a poetic and intimate recognition as well as historical, cultural and aesthetic mapping of contemporary artwork.
These are works that tell the intimate universe of the subjects from the soundtrack to life itself.
(*) Sound Portraits: They are artistic representations of a person, from their perception, emotions and ideas, with the purpose of stimulating these instances of consciousness in the viewers.
Orlando Franco, Underneath, 2011, video installation, HD, PAL, colour, sound, variable dimensions, 15’
Through a static shot it is given to us the moment when a backhoe spreads dust on the ground, while facing the viewer. The image becomes partially and alternately consumed by the cloud of dust. The viewer experiences the possible relations of his body in space, enhanced by the nature of the image and its strangeness.
Pedro Vaz, S/título (Untitled), 2011, projection on wood, 150x200cm, video/photographic documentation, no sound, B&W, 60’
This time, the proposal of Pedro Vaz takes place in a breach of difficult access belonging to the Arrábida montain. This place gave rise to a great interior cliff, reaching the 27 meters of depth. At its base, in addition to huge and imposing stones, there are some elements of primordial Mediterranean vegetation, still without trace of anthropic intervention.
The photo-videographic document, with approximately 15 minutes, is projected on a raw wood pane set vertically, almost open to the pavement. Thus, it reveals the quality of an installation, seeking to visually allude to an approach of its natural essence.
Step by step the author walks and photographs the possible course at the bottom of the breach.
Crucially, “the way of all things can be reversible”, and in the same sense the course has been recorded in the two possible directions, but presents itself before a single and continuous destination.
Miguelângelo Veiga, Ações Suspensas/Featuring “Júlio”, 2008, DVCam, PAL, 16:9, colour, stereo, transferred to DVD, 11’22’’
Ações Suspensas/Featuring “Júlio” is a video that re-edits the chronological order of the shooting, the footage of the short film “Júlio” (directed by Gonçalo Robalo). In this video, the main factor resides in the transfer of the narrative power associated with any fiction film, to questions related to the film production that directly influence the shooting strategies. This video disarticulates the original script so that the presented visual object becomes the representation of the invisible underlying the creation of a cinematographic work.
