“FUSO 2017 – 22 a 27 de Agosto“
23 Agosto, 22h
Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT)
Open Call
Seleção de Jean-François Chougnet
“When you are making video, you’re giving structure to time, which is what a composer does.” Bill Viola
Mais do que nunca, o Open Call do FUSO 2017 revela a diversidade das práticas da vídeo arte feita em Portugal e/ou por artistas portugueses. 150 projetos foram submetidos, o que é mais um sinal da vitalidade da cena contemporânea portuguesa, projetos propostos por jovens artistas, mesmo muito jovens artistas (muitos projetos foram apresentados por artistas nascidos na década de 1990). Voltamos a selecionar um conjunto de obras que surpreendem pela persistência e diversidade de olhares. Este conjunto de filmes mostra, de facto, caminhos insólitos e provocadores, e desafia as nossas perceções sobre a vídeo arte. O programa de 24 obras favoreceu imagens nômadas e poéticas. Ambas as duas sessões têm a ambição de sugerir uma reflexão sobre o estado das imagens hoje, tentando “compor” uma estrutura do tempo.
Jean-François Chougnet, 2017
Bárbara Bulhão, The Fly House, 2017, 1’20’’
The Fly House alude para um estudo da imagem, como se tratasse de uma mensagem de caráter etnográfico-antropológico. Os registos videográficos presentes foram elaborados em Citadella, um forte localizado no topo do Monte Gellért, em Budapeste, Hungria, que ocupa um lugar estratégico de extrema importância na história militar da cidade. A única casa presente neste local obedece a uma tipologia familiar contemporânea, e é apresentada como elemento central da obra, circundada por animais voadores como abelhas, aves, borboletas e mosquitos. As imagens mostram o que acontece, obedecendo a um jogo entre o facto e a imagem, ao mesmo tempo que é criada uma analogia entre os espaços público e privado, acedendo a um imaginário em que a “casa mosquito” é ao mesmo tempo uma “casa voadora”.
Produção e Realização Bárbara Bulhão
Ricardo Vieira Lisboa, Volleyball Holiday, 2017
A frágil natureza da película de celuloide, ou o dispositivo como um fim em si.
Realização, Montagem e Produção Ricardo Vieira Lisboa
Margarida Gouveia, Mirror Game, 2016, 4’50’’
Mirror Game é uma captura digital feita em um estúdio, do movimento de dois atores (homem e mulher) que executam o jogo espelho.
O vídeo é concebido para representar a diferença entre provocação e resposta dentro do comportamento humano analógico e a reprodução digital, através de um meio digital.
Esta peça de vídeo faz parte de um projeto maior, um ensaio visual que inclui uma série fotográfica X, Y, Z e Outra para a sorte, 2016.
Captação de imagem CENTROID Motion Capture Studios, Pinewood&Shepperton Studios, Londres
Performer I Jessica White
Performer II Josh Jefferies
Filipe Pinto, Inappropriate Film #1, 2017, 3’13’’
Filmar é isolar; nesta cena apenas se desenhou um limite – o limite do visível. Este não é um acontecimento por si mesmo – trata-se de uma ocorrência recorrente e banal. O que faz o acontecimento é o ponto de vista (e de audição). O acontecimento não ocorre, de facto; é criado pelo observador, por quem isola. O acontecimento é este filme e não aquilo que filma. O isolamento resulta de um trabalho de atenção, o que é também o que acontece no projeto Inappropriate Poetry a partir do qual provêm os títulos das cenas. Inappropriate Poetry (www.inappropriatepoetry.wordpress.com) é um projeto diário sobre a cidade, o quotidiano e a linguagem.
Realização, Montagem e Som Filipe Pinto
Filipe Pinto, Inappropriate Film #2 #6 #3, 2017, 5’
Filmar é isolar; nesta cena apenas se desenhou um limite – o limite do visível. Este não é um acontecimento por si mesmo – trata-se de uma ocorrência recorrente e banal. O que faz o acontecimento é o ponto de vista (e de audição). O acontecimento não ocorre, de facto; é criado pelo observador, por quem isola. O acontecimento é este filme e não aquilo que filma. O isolamento resulta de um trabalho de atenção, o que é também o que acontece no projeto Inappropriate Poetry a partir do qual provêm os títulos das cenas. Inappropriate Poetry (www.inappropriatepoetry.wordpress.com) é um projeto diário sobre a cidade, o quotidiano e a linguagem.
Realização, Montagem e Som Filipe Pinto
Júlio Francisco Ribeiro da Costa, Falsidade (em jeitos kitsch), 2017, 1’03’’
Pequena animação em tom humorístico que aborda os falsos sorrisos e o cinismo.
LealVeileby (António Leal, Jesper Veileby), Domestic Heroes, 2017, 5’20’’
Prémio Aquisição Fundação EDP/MAAT
Em Domestic Heroes os artistas seguem um elenco de utensílios nas suas aventuras domésticas do dia a dia. Domestic Heroes surge como um vídeo caseiro, no qual os objetos assumem o papel central e, numa troca de perspetivas, os artistas são personagens secundários nas suas próprias casas, colocando em questão a relação deles com o funcionalismo e o consumismo.
Carmo Posser, One Two – Want To, 2017, 1’28’’
O treinador é aquele que faz com que o atleta queira sempre ir mais além. E o atleta vai desenvolvendo mecanismos para “querer, querer” cada vez mais por si próprio, assumindo de certo modo o papel de treinador. O ritmo desordenado e com interrupções da voz do treinador grita “ONE TWO, ONE TWO” fazendo as contagens típicas do treino, ao mesmo tempo que incentiva o atleta com o “WANT TO, WANT TO” em que o som se transforma. A câmara pousada no chão aproxima o espectador do atleta, ao mesmo tempo tornando-o no atleta/treinador que sai de si para se observar e incentivar a sua própria vontade.
Patrícia Bandeira, o . 0 | 0 . o, 2016, 5’35’’
Sob troncos e solos húmidos jaz a Planaria, um organismo cujos membros amputados se expandem e multiplicam numa autorregeneração em paralelo à nova era geológica.
Reis Valdrez, Unenclosed, 2016, 1’20’’
Durante um período de residência artística as janelas do local habitado desempenharam o papel de sujeito e sobre a perspetiva da janela e do seu eixo de rotação foram geradas estas imagens que retratam uma experiência de enclausura num regime livre.
Miguel Tavares, Surroundings, 2017, 9’57’’
Muitas câmaras de vigilância são instaladas para proteger casas, observar o céu, espiar os vizinhos. Podem existir muitas razões para instalar uma câmara de vigilância, mas todos querem filmar um momento, um evento diferente dos outros. As pessoas querem capturar o assalto ao banco.
Realização e Montagem Miguel Tavares
Produção Camila Vale, Miguel Tavares
Voz-off Tomás Romero Talley
Música Funcionário
Cinza Nunes, Ü, 2017, 9’30’’
trago-vos porque em mim se alojaram
trago uma voz porque preciso que assim seja
estrago a voz com os vossos restos: sou vosso cúmplice, meu inimigo
trago a voz apesar de vós, e sou por isso vosso inimigo: faço questão!
a voz treme, e a culpa é vossa
a voz treme e a culpa é minha!
Performance, Vídeo e Montagem Cinza Nunes
Sofia F. Augusto, Do não-lugar ao lugar, 2016, 5’
Em tempos idos, na aldeia de Nogueira (Boticas, Trás-os-Montes), o campo de futebol tomou forma sob uma implantação bastante particular, no sopé de um monte. Assim, um suposto obstáculo geográfico e topográfico gerou a peculiar mise-en-scène deste lugar.
Todavia, o êxodo da população para os centros urbanos e a criação de infraestruturas adequadas para a prática de desporto, remeteram este local de jogo ao esquecimento, descaracterizando-o. Os agentes que intervêm agora neste espaço são as crianças que ainda habitam a aldeia, num ato performativo que dá (e devolve) sentido ao lugar.
Fotografia, Som, Edição e Correção de cor Sofia F. Augusto
“FUSO 2017 – August 22 to 27“
August 23, 10pm
Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT)
Open Call
Selection by Jean-François Chougnet
“When you are making video, you’re giving structure to time, which is what a composer does.” Bill Viola
The Open Call of FUSO 2017 reveals once again the diversity of video art practices made in Portugal and/or by Portuguese artists. 150 projects were submitted, which is a strong signal of vitality in the Portuguese contemporary scene. Young artists, even very young artists – born in the 1990s – have submitted projects of a great strength and originality. Once again, we have selected a set of astonishing works by the persistence and diversity of points of view. The 24-works program favoured nomadic and poetic images. Both sessions offer a reflection on the status of images today, trying to “set” a structure of time itself.
Jean-François Chougnet, 2017
Bárbara Bulhão, The Fly House, 2017, 1’20’’
The Fly House alludes to an image study, as if it were a message of ethnographic-anthropological character. The present video recordings were made at Citadella, a fortress located at the top of Mount Gellért in Budapest, Hungary, which occupies a strategic position of major relevance in the military history of the city. The only house present in this place obeys to a contemporary family typology, and is presented as a central element of the work, surrounded by flying animals such as bees, birds, butterflies and mosquitoes. The images show what happens, obeying a game between fact and image, while creating an analogy between public and private spaces, accessing an imaginary in which the “mosquito house” is at the same time a “flying house”.
Production and Directing Bárbara Bulhão
Ricardo Vieira Lisboa, Volleyball Holiday, 2017
The fragile nature of celluloid film, or the device as an end in itself.
Directing, Editing and Production Ricardo Vieira Lisboa
Margarida Gouveia, Mirror Game, 2016, 4’50’’
Mirror Game is a digital capture studio-made, from the motion of two actors (man and woman) performing the game mirror.
The video is designed to represent the difference between provocation and response within analogue human behaviour and digital reproduction through a digital medium.
This video piece is part of a larger project, a visual essay that includes a photographic series X, Y, Z e Outra para a sorte, 2016.
Image recording CENTROID Motion Capture Studios, Pinewood&Shepperton Studios, London
Performer I Jessica White
Performer II Josh Jefferies
Filipe Pinto, Inappropriate Film #1, 2017, 3’13’’
To film is to isolate; in this scene only a limit has been drawn – the limit of the visible. This is not an event in itself – it is a recurring and banal occurrence. What makes the event is the point of view (and its hearing). The event does not occur, in fact; it is created by the observer, by whom he isolates. The event is this film in itself and not what it shows. The isolation draws from an attention to detail, which is also what happens in the Inappropriate Poetry project by which the titles of the scenes come from. Inappropriate Poetry (www.inappropriatepoetry.wordpress.com) is a daily project about the city, everyday life and language.
Directing, Editing and Sound Filipe Pinto
Filipe Pinto, Inappropriate Film #2 #6 #3, 2017, 5’
To film is to isolate; in this scene only a limit has been drawn – the limit of the visible. This is not an event in itself – it is a recurring and banal occurrence. What makes the event is the point of view (and its hearing). The event does not occur, in fact; it is created by the observer, by whom he isolates. The event is this film in itself and not what it shows. The isolation draws from an attention to detail, which is also what happens in the Inappropriate Poetry project by which the titles of the scenes come from. Inappropriate Poetry (www.inappropriatepoetry.wordpress.com) is a daily project about the city, everyday life and language.
Directing, Editing and Sound Filipe Pinto
Júlio Francisco Ribeiro da Costa, Falsidade (em jeitos kitsch), 2017, 1’03’’
A humorous short animation that tackles fake smiles and cynicism.
LealVeileby (António Leal, Jesper Veileby), Domestic Heroes, 2017, 5’20’’
EDP Foundation/MAAT Acquisition Award
In Domestic Heroes the artists follow a set of utensils in their day-to-day domestic adventures. Domestic Heroes emerges as a home video in which objects take the leading role and, in an exchange of perspective, artists are supporting characters in their own homes, questioning their relationship to functionalism and consumerism.
Carmo Posser, One Two – Want To, 2017, 1’28’’
The coach is the one who always pushes the athlete further. As the athlete develops mechanisms to “want, want” more and more for himself, assuming in a certain way the coach’s role. The disorganized and interrupted beat of the coach shouting “ONE TWO, ONE TWO” doing the typical training counts, while encouraging the athlete with “WANT TO, WANT TO” in which the sound transforms itself. The camera on the ground brings the audience closer to the athlete, while making him the athlete/coach who leaves in order to observe himself and encourage his own will.
Patrícia Bandeira, o . 0 | 0 . o, 2016, 5’35’’
Under wet trunks and soils lies the Planaria, an organism whose amputated limbs expand and multiply in a self-regeneration parallel to the new geological age.
Reis Valdrez, Unenclosed, 2016, 1’20’’
During a period of artist residency, the windows of the inhabited place played the subject’s role, and on the perspective of the windows and their axis of rotation were generated these images portraying an experience of enclosure in a free regime.
Miguel Tavares, Surroundings, 2017, 9’57’’
Many surveillance cameras are installed to protect homes, watch the sky, spy on neighbours. There may be many reasons to set up a surveillance camera, but everyone wants to capture one moment, one event unsimilar to others. People want to capture the bank robbery.
Directing and Editing Miguel Tavares
Production Camila Vale, Miguel Tavares
Voice-over Tomás Romero Talley
Soundtrack Funcionário
Cinza Nunes, Ü, 2017, 9’30’’
I carry you because you have lodged in me
I carry a voice because I need it to be so
I’m ruining the voice with your remains: I am your accomplice, my enemy
I carry the voice in spite of you, and therefore I am your enemy: I want so!
The voice trembles, and it’s your fault
the voice trembles and it’s my fault!
Performance, Video and Editing Cinza Nunes
Sofia F. Augusto, Do não-lugar ao lugar, 2016, 5’
In the old days, by the village of Nogueira (Boticas, Trás-os-Montes), a soccer field took shape under a very particular implantation, at the foot of a mountain. Thus, a supposed geographical and topographic obstacle generated the peculiar mise-en-scène of this place.
Nevertheless, the exodus of the population to the urban centres and the creation of infrastructures adapted for sport practice made this sports centre forgetful and decharacterized. The agents who now intervene in this space are children who still inhabit the village, in a performative act that gives (and returns) meaning to this place.
Image, Sound, Editing and Colour grading Sofia F. Augusto