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“FUSO 2017 – 22 a 27 de Agosto

23 Agosto, 23h15
Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT)

 

Open Call II
Seleção de Jean-François Chougnet

 

“When you are making video, you’re giving structure to time, which is what a composer does.” Bill Viola 

Mais do que nunca, o Open Call do FUSO 2017 revela a diversidade das práticas da vídeo arte feita em Portugal e/ou por artistas portugueses. 150 projetos foram submetidos, o que é mais um sinal da vitalidade da cena contemporânea portuguesa, projetos propostos por jovens artistas, mesmo muito jovens artistas (muitos projetos foram apresentados por artistas nascidos na década de 1990). Voltamos a selecionar um conjunto de obras que surpreendem pela persistência e diversidade de olhares. Este conjunto de filmes mostra, de facto, caminhos insólitos e provocadores, e desafia as nossas perceções sobre a vídeo arte. O programa de 24 obras favoreceu imagens nômadas e poéticas. Ambas as duas sessões têm a ambição de sugerir uma reflexão sobre o estado das imagens hoje, tentando “compor” uma estrutura do tempo. 

Jean-François Chougnet, 2017

Fábio André Marreiros de Carvalho, Portal, 2017, 4’50’’

No primeiro ano da sua vida Adão criou um portal, na tentativa de ver surgir alguma companhia daquele buraco negro por onde nada conseguia enxergar. Durante anos o portal nunca funcionou e Adão, só, parecia desesperado por passar tanto tempo isolado na escuridão daquela noite eterna que não o deixava dormir.

O desgaste emocional começou por levar Adão à exaustão e ele estava por pouco… Ao cair em sono profundo, o portal começara-se a transformar numa nuvem clara e brilhante. 24 códigos encriptados surgiram em torno do portal, mas Adão nunca acordara, nunca resolveu o enigma e a sua companhia nunca chegara. É agora, portanto, a melhor altura de solucionar este problema. Com o público sentado e o portal à espera de ser ligado, a análise começa e sinto que será, finalmente, a altura certa para socorrer Adão e fazer desaparecer toda esta neblina que paira sobre nós.

 

Produção Fábio Carvalho


Ana Patrícia Coimbra de Matos, Depois do Ocaso, 2017, 3’05’’

Negação e fuga. Catarse. Rendição.

E depois: que possibilidades serão libertas?

Depois do Ocaso (2017) é um vídeo de cariz experimental que funciona como metáfora – tão cromática quanto narrativa – deste ciclo tantas vezes experienciado ao longo dos percursos de existir, viver e sentir. 

A partir de sons solares captados pelo Solar Dynamics Observatory (SDO) da NASA.


Carlos Lima, Olha aqui, 2017, 5’30’’

“Olha aqui, também filmo!”, disse-me ele.

Começa a nevar, Zé sai à rua com a sua câmara video8.

Uma experiência fílmica que prolonga a existência de um personagem, a relação entre quem filma e quem é filmado. Ou talvez um ato de apropriação (artística?), que impõe uma montagem. De quem é a história? Toca o telefone. Vemos uma laranjeira, o quintal. Tudo branco, e um corpo em movimento. Imagens privadas deslocadas para o espaço público. Será que um vídeo caseiro exibido num museu passa a ser visto como arte? Pergunto-me. Continua a nevar.

 

Imagem e Som José Letras Miranda

Edição e Pós-produção Carlos Lima


Diogo Rodrigues Gomes da Cruz, WORDCOIN, 2016, 9’17’’

WORDCOIN propõe a implementação de uma nova moeda, que dará um valor literal ao discurso de cada um. Com a criação do “Banco d’Argumentação”, o cliente-espectador terá a oportunidade de confiar os seus argumentos a uma instituição que os poderá guardar, investir e comercializar, dando a exposição merecida e objetiva às suas ideias.


Rose Mara Silva, A margem da Margem, 2017, 7’59’’

A margem da margem aborda os ciclos viciosos de marginalização que afetam a vida de mulheres negras pelo mundo afora, e que na interseccionalidade das disparidades sociais se veem duplamente afetadas, quer pelo machismo, quer pela desfiliação social urbana institucionalizada. Com um argumento composto de forma não linear, o filme procura colocar o espectador no espaço/tempo interior da personagem, onde a vertigem, a incerteza e a descontinuidade são constantes. Apesar de se tratar de um tema bastante denso e complexo, o filme coloca a questão de forma poética, com uma estética própria que recorre à interseção de linguagens artísticas, envolvendo o audiovisual, a performance, a dança, a arquitetura urbana e a poesia. Forma assim um todo comunicante, gerador de metáforas provocadoras que pretendem inquietar a audiência e ao mesmo tempo transmutar situações limítrofes em beleza e esperança de transformação.

 

Realização e Performance Rose Mara Silva

Direção de fotografia Lubanzadyo Mpemba Bula

Edição de Imagem e Som Maíra Zenum

Montagem Rose Mara Silva, Lubanzadyo Mpemba Bula, Maíra Zenum

Paisagem sonora Márcio Rosa

Texto e Voz Rose Mara Silva


João Leal, Referential Repèrage – Barney’s, 2016, 2’13’’

Uma repérage inútil e fora de tempo para o Cremaster 4 (1994), de Matthew Barney.

 

Fotografia, Som, Edição e Correção de cor João Leal


Ruy Otero & Samuel Câmara, Art Luna Park, 2017, 5’14’’
Prémio Incentivo FUSO | Restart

 

Em Art Luna Park satiriza-se e formaliza-se certos paradigmas da arte contemporânea justapondo-se a alta e a baixa cultura. Uma viagem no carrossel da linguagem.


“FUSO 2017 – August 22 to 27

August 23, 11:15pm
Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT)

 

Open Call
Selection by Jean-François Chougnet

 

“When you are making video, you’re giving structure to time, which is what a composer does.” Bill Viola

The Open Call of FUSO 2017 reveals once again the diversity of video art practices made in Portugal and/or by Portuguese artists. 150 projects were submitted, which is a strong signal of vitality in the Portuguese contemporary scene. Young artists, even very young artists – born in the 1990s – have submitted projects of a great strength and originality. Once again, we have selected a set of astonishing works by the persistence and diversity of points of view. The 24-works program favoured nomadic and poetic images. Both sessions offer a reflection on the status of images today, trying to “set” a structure of time itself.

Jean-François Chougnet, 2017

Fábio André Marreiros de Carvalho, Portal, 2017, 4’50’’

In the first year of his life Adam created a portal in an attempt to see some company coming out of that black hole where he could see nothing. For many years the portal never worked and Adam, all alone, seemed desperate to spend so much time isolated in the darkness of that eternal night that would not let him sleep.

Emotional exhaustion began by taking Adam within, and he was almost gone… Falling into deep sleep, the portal had begun to turn into a clear, bright cloud. 24 encrypted codes appeared around the portal, but Adam never woke up, never solved the riddle and his company never arrived. It is now, therefore, the best time to solve this problem. With the audience seated and the portal waiting to be connected, the analysis begins and I feel it will finally be the right time to succour Adam and make all this mist hanging over us disappear.

 

Production Fábio Carvalho


Ana Patrícia Coimbra de Matos, Depois do Ocaso, 2017, 3’05’’

Denial and escape. Catharsis. Surrender.

And then: what possibilities will be freed?

Depois do Ocaso (2017) is an experimental video that works as a metaphor – as chromatic as narrative – of this cycle so often experienced along the paths of existing, living and feeling.

From solar sounds recorded by NASA’s Solar Dynamics Observatory (SDO).


Carlos Lima, Olha aqui, 2017, 5’30’’

“Look, I’m also filming!”, he told me.

It starts to snow, Zé goes to the street holding his video8 camera.

A film experience lengthening the existence of a character, the relationship between who films and who is filmed. Or perhaps an act of (artistic?) appropriation, which imposes an assemblage. Whose story is it? The phone rings. We see an orange tree, the yard. All white, and a moving body. Private images moved to public space. Does a home video exhibited in a museum come to be seen as art? I wonder. It’s still snowing.

 

Image and Sound José Letras Miranda

Editing and Post-production Carlos Lima


Diogo Rodrigues Gomes da Cruz, WORDCOIN, 2016, 9’17’’

WORDCOIN proposes the implementation of a new currency, which will give a literal value to each one’s speech. With the creation of the “Bank of Argumentation”, the client-spectator will have the opportunity to entrust their arguments to an institution that can store, invest and market them, giving the deserved and objective exposure to their ideas.


Rose Mara Silva, A margem da Margem, 2017, 7’59’’

A margem da Margem addresses the vicious cycles of marginalization affecting the lives of black women throughout the world, which by the intersectionality of social disparities are doubly affected, either by machismo or by institutionalized urban social disaffiliation. With a script structured in a non-linear way, the film seeks to place the viewer in the character’s inner space/time, where dizziness, uncertainty and discontinuity are constant. Although it is a rather dense and complex subject, the film poses the question in a poetic way, with its own aesthetic that resorts to the intersection of artistic languages, involving audiovisual, performance, dance, urban architecture and poetry. It thus forms a communicating whole, the generator of daring metaphors intended to disturb the audience and simultaneously transmuting boundary situations into beauty and hope of transformation.

 

Directing and Performance Rose Mara Silva

Cinematography Lubanzadyo Mpemba Bula

Colour grading and Sound Maíra Zenum

Editing Rose Mara Silva, Lubanzadyo Mpemba Bula, Maíra Zenum

Sound landscape Márcio Rosa

Text and Voice Rose Mara Silva


João Leal, Referential Repèrage – Barney’s, 2016, 2’13’’

A useless and out-of-time repast for Matthew Barney’s Cremaster 4 (1994).

 

Image, Sound, Editing and Colour grading João Leal


Ruy Otero & Samuel Câmara, Art Luna Park, 2017, 5’14’’
FUSO | Restart Incentive Award

In Art Luna Park, certain paradigms of contemporary art are satirized and formalized by juxtaposing high and low culture. A trip on the language carousel.