“Zbigniew Rybczyński (films 1974-81)“
Curadoria de Mario Gutiérrez Cru
EXPOSIÇÃO – 2 de Julho a 16 de Agosto, 2025
5ª a sábado, das 16h às 20h
A obra de Zbigniew Rybczyński (n. 1949, Łódź, Polónia) é uma anomalia na história do cinema e da videoarte. Um jovem cineasta de apenas 25 anos que, no meio da Polónia comunista dos anos 70, imaginou uma linguagem visual que ainda hoje parece à frente do seu tempo. Com uma precisão obsessiva e uma capacidade técnica extraordinária, explorou as possibilidades da imagem em movimento a partir de uma perspetiva radicalmente inovadora.
Os seus filmes são estranhos, quase hipnóticos, construídos sobre a repetição, o loop e a acumulação de personagens que parecem condenadas a mover-se dentro de arquiteturas fechadas, presas num tempo circular. Para além do seu virtuosismo técnico, há na sua obra uma urgência expressiva, uma certa fúria contida na mecânica das suas imagens, como se o cinema fosse uma forma de resistência contra a monotonia da realidade.
O som desempenha um papel essencial nesta experiência. Desde a montagem rítmica de SOUP (1974) até à cacofonia televisiva de MEDIA (1980), Rybczyński transforma o áudio num elemento estrutural dos seus filmes, não só como mero acompanhamento, mas como um pulso que marca o ritmo interno de cada obra. De igual forma, o uso cromático em peças como MEIN FENSTER (1979) decompõe a imagem em camadas de luz e distorção, antecipando experiências digitais que só surgiriam décadas depois.
A exposição de Zbigniew Rybczyński na DUPLACENA77, comissariada por Mario Gutiérrez Cru, diretor da plataforma de imagem em movimento PROYECTOR, reúne uma seleção das suas primeiras e mais influentes obras.
Partindo da experimentação inicial com montagem e o som de SOUP, passando pela estrutura labiríntica de NOWA KSIAZKA (1975) e pela vertigem do movimento em OJ! NIE MOGE SIE ZATRZYMACI! (1975), até à manipulação da imagem eletrónica em MEIN FENSTER e MEDIA (1980). Tudo culmina com TANGO (1981), uma obra-prima da animação que sintetiza a sua exploração do tempo e do espaço e que, apesar de ter recebido o Óscar em 1983, continua a ser uma jóia por descobrir para muitos espectadores.
Apesar do seu impacto na linguagem audiovisual, o nome de Rybczyński permanece menos reconhecido do que deveria. As suas inovações na imagem em movimento ressoam no cinema contemporâneo, nos videoclipes e na manipulação digital que hoje tomamos como garantidas. No entanto, a sua obra merece ser revisitada não apenas como um marco técnico, mas como uma forma singular de pensar o tempo e a imagem. Como ele próprio disse: “O cinema não é apenas uma janela para o mundo, mas uma construção de mundos possíveis.” Rybczyński
OBRAS
SOPA / SOUP (1974, 5 min)
NOWA KSIAZKA / LIVRO NOVO (1975, 10 min)
OH! NÃO CONSIGO PARAR! / OJ! NIE MOGE SIE ZATRZYMACI! (1975, 10 min)
MINHA JANELA / MEIN FENSTER (1979, 9 min)
MEDIA (1980, 6 min)
TANGO (1981, 8 min, Óscar de Melhor Curta-Metragem de Animação 1983)
> Zbigniew Rybczyński (Łódź, Polónia, 27 de janeiro de 1949) é um cineasta polaco que ganhou inúmeros prémios prestigiados da indústria a nível internacional. Foi também professor de cinematografia e de cinema digital. Estudou na conceituada Escola de Cinema de Lódz. Tango foi o seu grande sucesso e o filme que ganhou o Óscar de Melhor Curta-Metragem de Animação em 1982. É um reconhecido pioneiro da tecnologia de televisão de alta definição. Em 1990, produziu o programa de televisão de alta definição “The Orchestra for the Japanese Market”, que ganhou vários prémios, incluindo o Emmy Award para Outstanding Achievement in Special Visual Effects. O programa, que foi criado em HDTV, foi transmitido em resolução padrão pela PBS como parte da sua série “Great Performances””, uma vez que o formato HDTV só ficou disponível para os telespectadores uma década depois. Rybczyński criou muitos vídeos musicais para artistas como Art of Noise, Mick Jagger, Simple Mind, Pet Shop Boys, Chuck Mangione, The Alan Parsons Project, Yoko Ono, Lou Reed, Supertramp, Rush, Propaganda, Lady Pank ou John Lennon.
> Mario Gutiérrez Cru, artista e curador de arte.
Mostras em: MNCARS – Museo Nacional Centro Arte Reina Sofía, Feria JustMad, Loop-Barcelona; Canal de Isabel II; C.C.C.B., Fundación BBVA, Palais Tokyo – París, C. C. Espanha – República Dominicana; Museo Oaxaca-MACO, Museo ARAD de Rumanía, Fundação Telefónica de Lima. Como comissário: Diretor da Plataforma de imagem em movimento PROYECTOR, 2008-25, a mostra de videoarte DVD Project, 2008-25. É o presidente de KREÆ, [Instituto de Criação Contemporânea], 2010-25. Van master de VEM – Videoarte Em Movimento 2021-25. Comissário da feira Art Madrid, 2019-25. Vice-presidente e coordenador do espaço Cruce – Arte y Pensamiento, 2019-25. Diretor do espaço OBLIQUO (2024). Coordenou o Espacio Menosuno, centro de experimentação artística, desde 2000 ate 2010 e o espaço de residências A B I E R T O Theredoom, 2017, Madrid. Assim como a mostra de arte sonora e interactiva IN-SONORA, 2005-10. E curador o colaborador de festivais, bienais de arte, workshops e palestras como Abierto de Acción, 2012-21; Coutures na França, Interference nos Países Baixos, Saout Meeting no Marrocos, Sound Res na Itália, MPA, Kulturpalast em Alemanha, Nit´s de Aielo i art, ARTe SONoro, Festival de Música e Arte Experimental Decibelio 06, ARTJaén 2012-17, a Bienal FotoJaén 2011, FotoGranada 2010. Assim como Epipiderme, Encontro IMERGÊNCIA 2011, FONLAD 2011-18 em Portugal.