“FUSO 2012 – 21 Agosto a 7 Setembro“
Programação
23 Agosto, 23h30
Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) – Museu do Chiado
Utopia
Curadoria de José Drummond
O que significa utopia? Como é explorada, promulgada e contestada através do vídeo? A utopia que une estes trabalhos não é imediatamente detetável, mas um impulso audaz de perceção permite encontrar um campo onde se reavalia a conceção linear de tempo e a identidade do ser num mundo constantemente interrompido.
Desenhados para serem mostrados num espaço de galeria, a sua articulação para sessão exige o estabelecimento da diversidade numa subversão da própria noção de identidade do media.
Cada contribuição quebra o passar do tempo e os trabalhos resultam em observações sobre a natureza do tempo e sobre a evocação de uma identidade imprecisa.
São vídeos que recorrem a histórias, documentos, sons e lugares para apontar que a noção de tempo é em si uma utopia e que os caminhos da memória e da imaginação são escorregadios.
A pluralidade de narrativas de cada trabalho permite encontrar relações e leituras intrigantes entre si, descontinuando a mecânica de processos de identidade baseados em noções de tempo.
Stefan Riebel, 60, 2008, Alemanha, 1’13’’
A medida conceptual ultrapassa a escrupulosa proposição gráfica revelando, através da investigação da linguagem, um humor e sentido autorreflexivo peculiares. A tendência idiossincrática do texto é revelada pelas suas habilidades para desempacotar a obsessão contemporânea com o complexo e novo. Em 60 a linguagem é apresentada como veículo de ambíguo ornamento. Vencedor do VAFA 2010 (Video Art For All, Macau).
Stefan Riebel, 25, 2008, Alemanha, 1’
A morte da imaginação é algo que cresce em todos nós conforme vamos envelhecendo. A imaginação, esse espaço de libertação, está vinculada a momentos de inspiração pessoal. 25 apela a esse espaço de iluminação. O resultado final enfrenta o espectador e a frustração do sentido mundano que se dá ao vídeo. Rejeita-se a ideia formal da necessidade de uma sugestão visual utilizando uma sugestão escrita para o fazer. Imagine.
Rui Calçada Bastos, All That Glitters, 2010, Portugal/Alemanha, 2’12’’
A matéria que constitui o sonho será composta por tudo o que brilha. As referências cruzam-se numa peça vídeo que presta homenagem à ‘coisa’ fílmica em si. Em Tudo o que brilha o que brilha é capaz de iludir e a ilusão é uma necessidade. As linhas de simpatia e os grãos de mágoa existem em igual medida, lado a lado, e brilham através de um gesto automatizado e na sua resultante interferência visual e emocional. Vencedor do VAFA 2011.
Tomoyuki Yago, One Two Three – Five, 2009, Japão/Suécia, 7’50’’
De que modo interagem as nossas noções do mundo que nos rodeia com o espaço que ocupamos? One Two Three – Five investiga a noção que cada um de nós tem sobre um determinado período temporal. Revelam-se complexas harmonias neste documento sobre a disfuncionalidade do ser humano numa sociedade de normas. Situação que o posiciona num limbo desconhecido e sem a solução certa.
Alessandro Rolandi, One Harmonious Afternoon, 2010, Itália/China, 11’50’’
Num terreno baldio funciona um campo de golfe como proposta para uma absurda meditação sobre o espaço físico e emocional. O paradoxo é formado pelo realinhar do comportamento humano através do arranjo espacial de uma desordem caótica. Reflexos das frustrações causadas pelas mudanças urbanas e vivenciais de uma comuna artística de Pequim, demolida para dar lugar a um empreendimento de luxo.
Ane Lan, Woman of The World, 2008, Noruega, 7’57’’
Num estilo simples Woman Of The World levanta de imediato questões de identidade nada simples. A contestação, em modo transformista, questiona a posição do género sexual, numa sociedade dominada por convenções, onde identidades são capturadas e generalizadas. A complexa proposição é reforçada pelo desencanto e pela evidente tenacidade das mulheres apresentadas, quaisquer que tenham sido as dificuldades do seu passado.
Liao Chi Yu, Lydia, Elena, Hina, 2011, Taiwan, 8’18’’
As imagens são desprovidas de movimentos humanos numa série de fragmentos apresentados em modo de melancolia pictórica. A imagem congelada carrega uma sedução própria quando analisados os detalhes dos quadros. Elementos onde os vestígios de vida acentuam o sumptuoso sentimento de abandono dos personagens, como se estivessem presos numa verdade sufocante, ausente de qualquer comoção.
Peng Yun, Texture 1, 2010, China/Macau, 3’47’’
Um trabalho que segue outro completando-o. Duas composições com envolvimentos de plano e ação particulares, carregando consigo mensagens bem mais poderosas do que o seu aparente imediatismo. O impacto da cor brilhante dos lábios capta-nos e lança-nos na curiosa tentação das texturas criadas. A encenação acrescenta uma camada teatral que distancia o trabalho da realidade.
Peng Yun, Texture 2, 2010, China/Macau, 3’09’’
Um trabalho que segue outro completando-o. Duas composições com envolvimentos de plano e ação particulares, carregando consigo mensagens bem mais poderosas do que o seu aparente imediatismo. O impacto da cor brilhante dos lábios capta-nos e lança-nos na curiosa tentação das texturas criadas. A encenação acrescenta uma camada teatral que distancia o trabalho da realidade.
“FUSO 2012 – August 21 to September 7“
Program
August 23, 11:30pm
Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) – Museu do Chiado
Utopia
Curatorship by José Drummond
What does utopia mean? How is it explored, promulgated and contested through video? The utopia which unites these works is not immediately detectable, but a daring urge of perception allows us to find a field where the chronological time concept and the human beings’ identity is reevaluated, in a world constantly interrupted.
Planned to be shown in a gallery, the articulation of these works into a sequenced session requires the establishment of diversity in a subversion of the very notion of the media’s distinctiveness.
Each contribution breaks the timeline idea and the works become observations on the properties of time itself and on the evocation of an imprecise identity.
These videos recall stories, documents, sounds and places, highlighting that the notion of time is itself a utopia and that the memory and imagination paths are actually slippery.
The plurality of narratives of each work allows us to find intriguing relationships and meanings between them, while discontinuing the mechanics of the identity processes based merely on the notion of time.
Stefan Riebel, 60, 2008, Germany, 1’13’’
The conceptual measure exceeds the scrupulous graphical proposition, revealing, through the investigation of language, a peculiar humour and an auto-reflexive sense. The idiosyncratic tendency of the text is revealed by its abilities to unpack the contemporary obsession with the complex and the novelty. In 60, the language is presented as a vehicle of ambiguous ornament. Winner of VAFA 2010 (Video Art For All, Macau).
Stefan Riebel, 25, 2008, Germany, 1’
The death of imagination is something that grows on us as we age. Imagination, as a space of freedom, is linked to moments of personal inspiration. 25 appeals to that space of enlightenment. The final result faces the audience and the frustration of the mundane sense that it’s given to video. The formal idea that for video one needs a visual stimulation is rejected by the use of a written one. Imagine.
Rui Calçada Bastos, All That Glitters, 2010, Portugal/Germany, 2’12’’
The matter of dreams will be composed by all that glitters. The references intersect in a video piece which pays homage to the filmic ‘object’ itself. In All That Glitters what shines is capable of deceiving and illusion is a necessity. The sympathy lines and the grains of soreness exist with equal measures, side by side, and shine through an automated gesture and in its resulting visual and emotional interference. Winner of VAFA 2011.
Tomoyuki Yago, One Two Three – Five, 2009, Japan/Sweden, 7’50’’
How can our notion of the world around us interact with the space we live in? One Two Three – Five investigates the notion that each one of us have over a specific time frame. Complex harmonies are disclosed in this document about the dysfunctional side of the human being in a society of rules. It’s a situation that positions the human being in an unknown limbo and without the right solution.
Alessandro Rolandi, One Harmonious Afternoon, 2010, Italy/China, 11’50’’
A golf course is created in a vacant lot to work as a proposal for an absurd meditation about the physical and emotional space. The paradox is formed by the realignment of human behaviour through the spatial organization of a chaotic disorder. These are reflections of the frustrations caused by the experiential urban changes of a demolished Beijing artistic commune, soon to be replaced by a luxurious resort.
Ane Lan, Woman of The World, 2008, Norway, 7’57’’
In an unpretentious style Woman of the World immediately raises identity questions not easily answered. The plea in a quick-change drag mode, questions the position of sexual genre in a society dominated by conventions and where identities are captured and stereotyped. The complex proposition is reinforced by the disenchantment and unmistakable tenacity of the introduced woman, whatever were their difficulties in the past.
Liao Chi Yu, Lydia, Elena, Hina, 2011, Taiwan, 8’18’’
The images lack any human movement in a series of fragments that are presented in a melancholic pictorial mode. The frozen image carries its own seduction when the enclosed details are examined. These are elements where life remnants emphasize the sumptuous feeling of abandonment of the characters, as if they were being hold captives in a suffocating truth, away from any commotion.
Peng Yun, Texture 1, 2010, China/Macau, 3’47’’
One work follows another supplementing it. With particular action and shot engagement, these two compositions carry messages far more powerful than its apparent immediacy. The impact of the shining coloured lips mesmerizes us and throws us into the curious temptation of the formed textures. The staging adds a theatrical layer that drifts the work away from reality.
Peng Yun, Texture 2, 2010, China/Macau, 3’09’’
One work follows another supplementing it. With particular action and shot engagement, these two compositions carry messages far more powerful than its apparent immediacy. The impact of the shining coloured lips mesmerizes us and throws us into the curious temptation of the formed textures. The staging adds a theatrical layer that drifts the work away from reality.