“FUSO 2018 – 27 Agosto a 2 Setembro“
29 Agosto, 22h
Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT)
OPEN CALL – Secção competitiva Portugal 2018
Curadoria de Jean-François Chougnet
Duração da sessão 56’
No Open Call do FUSO 2018 recebemos 179 vídeos (válidos). Apresentamos 24 vídeos, de 28 artistas diferentes. A amplitude das propostas – que obviamente dificulta a escolha – demonstra a força da criação da vídeo arte em Portugal nas várias gerações: aqui estão artistas nascidos no final dos anos 70 até ao final dos anos 90. Também selecionamos artistas em momentos distintos de carreira (já estabelecidos, em meio de carreira e iniciantes) com uma crescente internacionalização, num duplo movimento de artistas que vivem e trabalham em países europeus e artistas que produzem em Portugal.
Ao lançar o Open Call, levantamos a hipótese de que o conteúdo social está cada vez mais presente na arte em Portugal, após longos anos de um certo formalismo “puro”. Esta expectativa, se não se impõe a todos os trabalhos propostos, está presente em muitos deles. Também estão presentes temas que demoraram a surgir no contexto português, tais como a questão pós-colonial e o drama das migrações mediterrânicas.
Artistas frequentemente exploram interação entre corpo e poder. Eles misturam fotografia, performance e vídeo, provocando uma distância entre imagens (muitas vezes abstratas ou derivadas da natureza) e as palavras do discurso político. São influenciados por novas formas de contar histórias, como as das séries de televisão. Desenvolvem um discurso crítico à sociedade de hoje, à proliferação das imagens e das redes sociais. As mensagens que transmitem com as suas obras falam da memória, da identidade, da importância da defesa dos direitos humanos, da violência, do absurdo do trabalho, de um estado de desorientação e de insatisfação permanente.
As obras apresentam-se como animações, performances para a câmara, uso cru da técnica e curtas-metragens com atores e argumentos narrativos. Uma câmara que pode ser subjetiva ou objetiva. Sobretudo, num tempo de imagens efémeras e impalpáveis, torna-se difícil usá-las para deixar marcas duradouras.
Carlos Noronha Feio (PT), HEY, 2018, 1’
HEY é um vídeo-tutorial que alude a ação possível de inserir um cunho em moedas. Ação popularizada pelas sufragistas e pelo Exército Republicano Irlandês (IRA). As sufragistas cunhavam “votos para as mulheres”, o IRA cunhava “IRA” ou mesmo “TROPAS FORA”, ambos em moedas britânicas. Através desta ação as suas causas eram divulgadas.
Em HEY, a moeda usada é uma comum moeda de 50 cêntimos, partilhada por todos os países do Euro. Poderia, no entanto, ter sido uma moeda qualquer, proveniente de inúmeras localizações geopolíticas. O cunhar de uma moeda com “Hey”, brinca com a expressão em si mesma.
“Hey” convém significados diferentes (um pouco como “então” em Português), é uma chamada de atenção – Então! Estou aqui – é uma saudação; – Então… como estás? – E funciona também como um modo de mostrar desagrado – Então, vê o que estás a fazer. Neste vídeo, “Hey” é um modo de exemplificar tudo o que poderia estar no seu lugar – Então, isto é o que quero dizer.
Max Provenzano (VEM), Epístola, 2016, 2’42’’
Epístola é uma reflexão oral relacionada com a situação de violência que ocorre no meu país, a Venezuela. O acesso a armas por diferentes pessoas tem vindo a crescer exponencialmente nas últimas décadas, aumentando as taxas de roubos e homicídios. O governo implementou alguns mecanismos falhados como é o caso de La Ley de Desarme (Lei de Desarmamento). Decidi dar um boquete a uma arma para estabelecer um discurso duplo; sobre submissão e relações de poder, prazer e como é mostrado pela linguagem pornográfica, um prazer que se transforma num padrão de autoridade. Penso em como todo o povo venezuelano se mantém num estado de passividade perante uma espiral de violência. As armas permanecem como um mecanismo de controlo.
Vídeo-performance e Câmara Irena Cabanach Dresdén
Performance Jhonny De Vasconcelos
Catarina de Oliveira (PT), Devouring the Contiguous/A Devorar o Contíguo, 2017, 10’
Em A Devorar o Contíguo uma rapariga narra, em fluxo de consciência, as suas memórias de uma noite de insónia causada por fantasmas do recente passado colonial. Durante aquela noite, ela assiste a um documentário sobre fungos, que promove a ideia de que esses organismos podem prevenir catástrofes ambientais eminentes. A imagem vem de gravações de fungos no microscópio.
Montagem e Som Catarina de Oliveira
Designer Ana Baliza
Rita GT (PT), Oyinbo, 2017, 3’11’’
Uma vídeo-performance feito em Makoko/Iwaya, um dos mais pobres bairros de Lagos, Nigéria. A comunidade é feita de camadas de terra sobrepostas sob a lagoa, onde Egun, Ilaje, Ijaw e Yoruba coabitam. A sua estrutura económica gira em torno do uso de água envolvente para pesca, extração de madeira e fabricação de barcos.
Munida de dois megafones com uma lengalenga repetitiva, tal como um vendedor ambulante, a artista percorre os caminhos de terra batida. Vestida de branco, evocando pureza, personificando uma posição de salvadora, este corpo grita e proclama em Yoruba a posse de todos os tipos de plantas medicinais para todos os tipos de cura. A artista caminha sob um solo feito de camadas e camadas de informação, história, atravessando séculos de passado colonial feito de dor e sofrimento. O corpo de uma mulher, branca, portuguesa, portanto privilegiada, mostra- se em um lugar de exposição e facilitação, trazendo a discussão de um legado colonial que não oblitera o racismo e a escravidão.
Luciano Scherer & Maíra Flores (BR), Sem título (5), 2018, 5’05’’
Prémio Aquisição EDP/MAAT
Sem título é um filme a partir da série de vídeo-performances realizadas nos últimos anos – Filmes de Afogamento (work in progress). Durante a primeira apresentação desses trabalhos, ocorre o afogamento do menino sírio-curdo Aylan Kurdi, encontrado morto na praia de Bodrum, em 2015 na Turquia, aquando uma tentativa de imigração. O corpo da criança choca, pois ninguém espera vê-la, tão jovem, morta. Desde então, os corpos continuam a chegar. A nova política antimigração é um dado contemporâneo que se alastra pelos continentes, fruto de uma memória seletiva, que comummente ignora sua própria história e existência enquanto cultura. A imagem da morte, na cultura ocidental, tende a ser afastada do nosso olhar, quando relativa ao próximo, e ao mesmo tempo banalizada, quando do outro. É essencialmente uma imagem que não queremos ver. Retornar com a imagem da morte, para que relembremos. E assim possamos pensar na sua existência e nas suas condições. Memento Mori, ou lembra que morrerás. Tu e eles.
Bruno Carnide (PT), Fugiu. Deitou-se. Caí., 2017, 6’20’’
Ao entrar na idade adulta, uma jovem relata os seus dias dentro de uma família disfuncional; os seus medos, desejos e frustrações, que a levam a uma busca incessante por uma paz que teima em não chegar.
Produção Bruno Carnide & Cátia Biscaia
Realização, Fotografia e Edição Bruno Carnide
Argumento António Cova
Narração Cátia Biscaia
Som Miguel Samarão, Bruno Carnide
Banda sonora Miguel Samarão
Filmado em Super8 – Elmo Super106, Película – Kodak Tri-X
Laboratório Máquinas de Outros Tempos
Cinza Nunes (PT), REBENTARAM AS ÁGUAS, 2018, 5’31’’
Prémio do Público
Partindo da ideia de que não há vida sem água, este ensaio compila todos os planos da série Final Destination que apontam os líquidos como possível causa de morte.
Imagem e Som recolhidos da série de filmes Final Destination
Seleção e Montagem Cinza Nunes
Gonçalo Nogueiro Neves (PT), 25 Hours In a Day, 2018, 7’05’’
Através deste trabalho pretendo tecer uma crítica à sociedade de hoje em dia, mais concretamente ao facto de todas as pessoas tirarem fotografias a tudo e todos só para mostrarem aos demais. A todos os minutos somos bombardeados por inúmeras fotos que a nós nada nos dizem através das redes sociais. Comida, atividades de desporto, atividades profissionais, festas, férias até mesmo acontecimentos/eventos bizarros, que nada contribuem para a nossa sociedade e que apenas servem para “esfregar na cara dos outros” a suposta felicidade dessas mesmas pessoas. Nesta medida, a minha ideia é apresentar uma personagem aparentemente normal, na sua rotina de regresso a casa após um longo dia de trabalho. Entra em casa, pousa a sua mala, come qualquer coisa, lava os dentes, vê um bocado de televisão, mata alguém a machadada, vai dormir… Sim, esta será mais ou menos a ordem dos acontecimentos ao longo do filme.
Gabriel Siams (BR), Claudia, 2017, 3’55’’
Em Claudia, utilizo luvas cirúrgicas e, fazendo uso de uma lâmina, suprimo o rosto da minha mãe. Na instalação, a paisagem sonora é composta pelo ruído da minha ação contra a sua imagem.
Realização, Performance e Edição Gabriel Siams
Câmara Alexandre Alagôa
Rodrigo Gomes (PT), Jardim Ultravioleta, 2018, 2’31’’
Na sombra da tua mente há novos objetos que não podem existir para ela.
As orelhas que tenho não servem para ouvir.
Os olhos que carrego não servem para ver.
Tenho algo nas minhas mãos? Não. Elas estão limpas.
Um pedaço de vidro, e o teu coração fecha-se num canto.
Estou a ser perseguido. Perseguido! As imagens do mundo movem-se, como peças de xadrez,
obedecendo a uma estratégia destinada a capturar-me.
A vida é um depósito da morte.
Carrego uma sepultura atrás da minha cabeça.
Graças a ela, tenho memória.
A 12 de Julho de 2007 duas câmaras com teleobjetivas de dois jornalistas da Reuters foram interpretadas como sendo duas armas RPG. Em Jardim Ultravioleta a imagem excede a sua condição documental, o seu consumo resulta num jogo de estratégia mediado pela comunicação social que planificam a realidade como uma camada de maquilhagem. A sociedade é um palco que o mundo recebe e retribui no mesmo comprimento de onda.
Mariana Vilhena (PT), The unknown blood remains perfectly clear, 2017, 4’35’’
O fluído que circula no sistema vascular principal dos seres humanos e outros vertebrados é desconhecido.
No fogo, plaquetas, glóbulos vermelhos e glóbulos brancos são perfeitamente claros. A destruição tem uma forma.
Hélice (Duarte Amaral Netto + Rodrigo Tavarela Peixoto + João Paulo Serafim + Valter Ventura) (PT), You don’t leave fingerprints on a piece of string, 2018, 1’49’’
Este trabalho mostra uma imagem que se apresenta a si própria: a lâmpada que ilumina a cena, em simultâneo, gera o calor suficiente para desencadear o seu colapso.
Num tempo de imagens efémeras e impalpáveis, torna-se difícil usá-las para deixar marcas duradouras em quem as observa: “não podes deixar impressões digitais num pedaço de corda”.
“FUSO 2018 – August 27 to September 2“
August 29, 10pm
Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT)
OPEN CALL – Screening of competition finalists 2018
Curatorship by Jean-François Chougnet
Total running time 56’
For FUSO 2018’s Open Call, we received 179 (valid) videos. We showed 24 videos, by 28 different artists. The broad range of submissions — which obviously makes the choice more difficult — reveals the strength of video art creation in Portugal across several generations: we included artists born between the end of the 70s and the end of the 90s. We also selected artists at different stages of their careers (well-established, mid-career and beginners), with an ever-increasing internationalization, in a two-fold movement of artists who live and work in European countries and artists producing work in Portugal.
Upon launching the Open Call, we raised the possibility that social content is ever-more present in the art being made in Portugal, after a long period of a certain “pure” formalism. This expectation, while not evident in all the submissions, is present in many of them. Also present are themes that took a while to manifest themselves in the Portuguese context, such as the postcolonial question and the drama of Mediterranean migration. Artists frequently explore the interaction between the body and power. They mix photography, performance and video, creating a distance between images (often abstract or derived from nature) and words from the public discourse. They are influenced by new forms of storytelling, such a television series. They develop a discourse which is critical of today’s society, of the proliferation of images and of social networks. The messages they transmit via their work speak of memory, identity, the importance of defending human rights, violence, the absurdity of work, of a permanent state of disorientation and dissatisfaction.
The pieces are shown as animations, performances for the camera, the raw use of technique, and shorts with actors and narrative scripts. A camera which can be subjective or objective. Above all, at a time when images are ephemeral and intangible, it is difficult to leave a lasting mark by using them.
Carlos Noronha Feio (PT), HEY, 2018, 1’
HEY is a video tutorial that alludes to the possible action of overstriking coins, an action popularised by the suffragettes and the Irish republican army (IRA). While the suffragettes struck “votes for women”, the IRA struck “IRA” and “TROOPS OUT”, both on British coins. This overstriking worked as a means to publicise their respective causes by using existing mechanisms of power.
In HEY, the coin used is a common 50 euro cents coin, shared by all euro countries, it could however have been any other coin, from any other geo-political location. The striking of “Hey” onto the coin plays with the expression itself. “Hey” conveys different meanings. It is a call of attention – hey! I’m here – it is a salute – hey, how are you – as well a mode of expressing displeasure – hey, look at what you’re doing. In this video, “Hey” is a mode of exemplifying all that could be in its place – hey, this is what I mean.
Max Provenzano (VEM), Epístola, 2016, 2’42’’
Epístola is an oral reflection on the violent situation that is taking place in my country, Venezuela. The access to guns from different sources has been growing exponentially in the last decades, increasing the rates of robbery and murder. Some failed mechanisms have been put in place by government, such as La Ley de Desarme (Disarmament Act). I’ve decided to give a blow-job to a gun to establish a dual discourse; it’s about submission and power relationships, pleasure and how it is shown in pornographic language, a pleasure that turns in an authority pattern. I think about how all Venezuelan people are kept in a state of passivity faced with a spiral of violence. Guns remain a control mechanism.
Video-performance and Camera Irena Cabanach Dresdén
Performance Jhonny De Vasconcelos
Catarina de Oliveira (PT), Devouring the Contiguous/A Devorar o Contíguo, 2017, 10’
In Devouring the Contiguous a girl narrates (in a stream of conscious manner) her memories of a night of insomnia caused by the haunting ghosts of a recent colonial past. During that night, she watches a documentary about fungi, which promotes the idea that these organisms can prevent eminent environmental catastrophes. The imagery comes from recordings of fungi at the microscopic level.
Editing and Sound Catarina de Oliveira
Designer Ana Baliza
Rita GT (PT), Oyinbo, 2017, 3’11’’
A video-performance made at the Makoko/Iwaya Waterfront Community, one of the largest low-income communities of Lagos, Nigeria. This community is comprised of layers of earth on top of the lagoon where the diverse population comprised of Egun, Ilaje, Ijaw and Yoruba co-habitate. Its economic structure revolves around the use of water predominantly for fishing, wood logging and boat making.
Armed with two megaphones and a repetitive spiel, as a street vendor, the artist traverses the dirt roads. Dressed in white, evoking purity, embodying a saviour position, this body shouts and claims, in Yoruba, to possess all kinds of medicinal plants for all kinds of healing. The artist walks under a soil made of layers and layers of information and history, traversing centuries of a colonial past made of pain and suffering. The woman’s body, white, Portuguese, therefore privileged, reveals itself in a position of exhibition and facilitation, bringing about a discussion of a colonial legacy that does not obliterate racism and slavery.
Luciano Scherer & Maíra Flores (BR), Sem título (5) (Untitled), 2018, 5’05’’
EDP/MAAT Acquisition Award
Sem título (Untitled) is a film which stems from a series of video performances – Filmes de Afogamento (Films of Drowning), work in progress – made in the last few years. During the initial showing of these pieces, Aylan Kurdi, a Syrian-Kurdish boy was found dead on Bodrum beach in Turkey in 2015, during an immigration attempt. The body of the child shocks us, as no one expects to see such a young child dead. Since then the bodies continue to arrive. New anti-immigration policies are a contemporary fact that is spreading throughout the continents, the result of a selective memory, which typically ignores its own history and cultural existence. The image of death, in Western culture, tends to be removed from our gaze when referring to one’s neighbour, while at the same time it is trivialized when referring to the Other. It is essentially an image we don´t want to see. We must return to the image of death, so that we can remember, and thereby reflect on existence and its conditions. Memento Mori, or remember that you will die. You and them.
Bruno Carnide (PT), Fugiu. Deitou-se. Caí., 2017, 6’20’’
When reaching adulthood, a young woman talks about her days spent within a dysfunctional family; her fears, wishes and frustrations. These lead her on an unwavering quest for a peace that stubbornly doesn’t come.
Production Bruno Carnide & Cátia Biscaia
Directing, Image and Editing Bruno Carnide
Script António Cova
Narration Cátia Biscaia
Sound Miguel Samarão, Bruno Carnide
Soundtrack Miguel Samarão
Shot in Super8 – Elmo Super106, Film – Kodak Tri-X
Laboratory Máquinas de Outros Tempos
Cinza Nunes (PT), REBENTARAM AS ÁGUAS, 2018, 5’31’’
Audience Award
Beginning with the idea that there is no life without water as a departure point, this essay compiles all the shots from the Final Destination series that present liquids as a possible cause of death.
Image and Sound from the movie series Final Destination
Selection and Editing Cinza Nunes
Gonçalo Nogueiro Neves (PT), 25 Hours In a Day, 2018, 7’05’’
Through this work I intend to critique today’s society, more concretely the fact that everyone takes pictures of everything, and of everyone, just to show others. Every minute we are bombarded by countless photos, about which we are told nothing, through social networks. Food, sports activities, professional activities, parties, holidays, even bizarre events/events that contribute nothing to our society and that only serve to “rub in the face of others” the supposed happiness of these same people. To this extent, my idea is to present a seemingly normal character in his homecoming routine after a long day at work. He arrives home, puts down his bag, eats something, brushes his teeth, watches television, kills someone with a hatchet, goes to sleep… Yes, this will be more or less the order of events throughout the film.
Gabriel Siams (BR), Claudia, 2017, 3’55’’
In Claudia, I put on surgical gloves and, making use of a blade, I scratch out the face of my mother. In the installation, the sound landscape is composed by the noise of my action against her image.
Directing, Performance and Editing Gabriel Siams
Camera Alexandre Alagôa
Rodrigo Gomes (PT), Jardim Ultravioleta (Ultraviolet Garden), 2018, 2’31’’
In the shadow of your mind there are new objects that cannot exist for her.
The ears that I have don’t listen.
The eyes that I carry don’t see.
Do I have something in my hands? No. They are clean.
A piece of glass, and your heart closes in a corner.
I’m being chased. Chased! The images of the world move, like chess pieces, obeying a strategy destined to capture me.
Life is a deposit of death.
I carry a grave behind my head.
Thanks to it, I have memory.
On July 12, 2007 two telephoto lenses belonging to two Reuters journalists were misidentified as two RPG weapons. In Ultraviolet Garden, the image goes beyond its documentary condition, its consumption results in a strategy game mediated by the social media that organize reality as if it were a layer of make-up. Society is a stage that the world receives and sends on the same wavelength.
Mariana Vilhena (PT), The unknown blood remains perfectly clear, 2017, 4’35’’
The fluid that circulates in the principal vascular system of human beings, and other vertebrates, is unknown. In fire, platelets, red blood cells and white blood cells are perfectly clear. Destruction has a form.
Hélice (Duarte Amaral Netto + Rodrigo Tavarela Peixoto + João Paulo Serafim + Valter Ventura) (PT), You don’t leave fingerprints on a piece of string, 2018, 1’49’’
This work shows an image that presents itself: the lamp that illuminates the scene, at the same time, generates enough heat to trigger its collapse.
In a time of ephemeral and impalpable images, it becomes difficult to use them to leave lasting marks on those who observe them: “you can’t leave fingerprints on a piece of rope”.