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“FUSO 2019 – 27 Agosto a 1 Setembro

1 Setembro, 22h
Claustro do Museu da Marioneta

Programa de LORI ZIPPAY (EUA)
“GLOBAL GROOVE” REVISITADO
Duração: 43’

 

Electronic Arts Intermix (EAI) é uma instituição sedeada em Nova Iorque dedicada a promover a criação, exposição, distribuição e preservação da arte da imagem em movimento. O arquivo da EAI, com cerca de 4000 obras de imagem em movimento, estende-se dos anos 60 até à actualidade, com trabalhos que vão desde vídeos de referência de artistas pioneiros, a obras digitais criadas pelas novas gerações de artistas.

Este programa, criado a partir dos arquivos da EAI, apresenta dois artistas – Jacolby Satterwhite e Nam June Paik – e duas obras – uma digital e uma analógica, separadas por e durante quarenta anos.

O tema da edição deste ano do festival FUSO – “sustentabilidade” – pode ser analisado em diversos ângulos, e este programa considera a sua relação com uma diversidade cultural e social, vista pelas lentes destes dois artistas e das suas obras díspares. Ambas defendem a ligação das comunidades culturais e sociais através das intervenções dos artistas nas tecnologias dos meios de comunicação e a sua criação de “paisagens media do amanhã” densamente sobrepostas.

O icónico Global Groove de 1973, de Paik, é uma das obras mais conhecidas e influentes na história da vídeo arte, uma colagem electrónica da cultura pop, artistas avant-garde e manipulação técnica. Paik defende a noção inovadora de adoptar e subverter a linguagem e técnicas de televisão para criar uma mistura à escala global: anúncios da televisão japonesa da Pepsi-Cola são sobrepostos com performances de John Cage, Merce Cunningham e Allen Ginsberg; os dançarinos de Devil with a Blue Dress On são intercalados por artistas coreanos tradicionais. Para Paik, que profeticamente criou a frase “Electronic Super Highway” em 1974, a ideia era sugerir uma comunidade remota global unida pela arte e pela tecnologia.

Quarenta anos mais tarde, o jovem artista multidisciplinar Jacolby Satterwhite cria as suas próprias paisagens densamente sobrepostas, com referência à linguagem actual dos videojogos, memes da internet e interfaces digitais. Os reinos de Satterwhite, criados por computador – estratificados por desenhos proliferantes, objectos e performances – abrangem narrativas animadas de memória e identidade cultural e pessoal.

Em Country Ball de 2012, a fantástica paisagem digital de Satterwhite é habitada por avatares fantasiados de si próprio, actuando 100 vezes em frente a um “ecrã verde”. Os filmes caseiros pessoais e as representações informáticas desenhadas à mão dos escritos da sua mãe são integrados de forma fluida na arquitectura do seu espaço digital onírico.

Tal como a obra analógica de Paik, Global Groove, reflectia um optimismo quase utópico da conectividade proporcionada pela futura era digital, a paisagem digital de Satterwhite procura conectar as comunidades através da inserção do analógico: filmes caseiros, desenhos, escritos, o corpo do artista: duas visões de um “ritmo global”, cada uma delas antecipando o futuro e cada uma delas representando a sua própria época.

 

BIO

Lori Zippay (EUA) é directora executiva da Electronic Arts Intermix (EAI), em Nova Iorque, uma organização sem fins lucrativos dedicada às artes em meios digitais. Ao longo de trinta anos, Lori Zippay dedica-se à promoção, distribuição e preservação da videoarte. Curadora e conferencista, escreve sobre artes digitais, tendo organizado vários projectos de curadoria, preservação e educação com artistas estabelecidos e emergentes. Desenvolveu e é curadora da colecção da EAI com 3500 obras de arte digital, novas e históricas. É co-autora das extensas publicações online e recursos digitais da EAI. Participa em seminários em museus e universidades por todo o mundo, incluindo o Smithsonian Museum of American Art, Washington, DC; Centre Georges Pompidou, Paris; Universidade de Westminster, em Londres, Center for Curatorial Studies, Bard College, em New York; San Francisco Art Institute , Museu da Cidade de Gwangju, Coreia do Sul; Kumu Art Museum, Tallinn, Estónia, Museu Guggenheim, New York; Palazzo della Arte, Nápoles, Itália, e Museo de Arte Reina Sofia, Madrid, entre muitos outros. Em 2006 foi “Visiting Critic” no curso de Pós-Graduação em Arte da Universidade de Yale. Integrou painéis internacionais, simpósios, júris de festivais e direcções consultivas, incluindo o Comité Consultivo para a primeira Bienal de Gwangju, na Coreia do Sul.

_ JACOLBY SATTERWHITE (USA) // Country Ball 1989-2012, 2012, 12’38’’

Em The Country Ball, Satterwhite funde o desenho, a performance ao vivo e a tecnologia digital para traduzir uma mitologia pessoal num reino digital densamente sobreposto. Os materiais usados pelo artista são um vídeo caseiro de uma reunião de família e os desenhos da sua mãe, que Satterwhite copiou à mão e importou para um programa de animação em 3D. Ao actuar em frente à câmara e de um “ecrã verde” por cem vezes, Satterwhite insere as suas actuações de dança no espaço virtual exuberante, que ele próprio denomina como “uma paisagem inspirada pelo Jardim das Delícias de Hieronymous Bosch.”

 

BIO

Jacolby Satterwhite é um artista multidisciplinar que usa vídeo, performances, animação em 3D, desenhos, materiais compostos e impressão para explorar a memória, desejo e mitologia pessoal e pública. Satterwhite cria paisagens digitais fantásticas habitadas por diversos avatares de si próprio, envolvendo objectos desenhados à mão e texto como extensões do corpo. Em trocas contínuas entre a actuação ao vivo e os mundos construídos, Satterwhite cria narrativas animadas de identidade pessoal e colectiva. Satterwhite nasceu em 1986.


_ NAM JUNE PAIK (KR) // Global Groove, 1973, 28’30’’

Criado para transmissão televisiva, Global Groove é uma obra icónica na história da vídeo arte. O “manifesto” de Paik sobre as comunicações globais num mundo saturado de meios de comunicação é uma colagem electrónica que adoptou e subverteu a linguagem da televisão. Paik reúne elementos interculturais, artistas mundiais e iconografia Pop. Sujeitando os seus conteúdos transculturais a uma edição de fluxo de consciência, síntese de áudio e vídeo, coloração, mudanças temporais e sobreposições, Paik cria um caos controlado que sugere um jogo através dos canais de uma televisão global.


De Nam June Paik e John Godfrey | Realizador: Merrily Mossman | Protagonistas: Pamela Sousa, Kenneth Urmston, Allen Ginsberg, Peggy Anne Lombard, Susan Kay Bottoms, Charlotte Moorman, Alan Schulman, Jud Yalkut, Sun Ock-Lee, Cecelia Sandoval, John Cage | Narrador: Russell Connor | Produzido por The TV Lab em WNET/Thirteen

 

BIO

O artista nascido na Coreia, Nam June Paik, é uma figura importante na vídeo arte. As suas esculturas de vídeo, instalações, performances e vídeos monocanal abrangeram um dos corpos mais influentes de obras na arte media electrónica. Fazendo a fusão entre teorias de comunicação global com uma irreverente sensibilidade Fluxus, a sua obra na música, performance e vídeo explorou a junção da arte, tecnologia, meios de comunicação e cultura popular. Paik, reconhecido como artista visionário do avant-garde internacional, nasceu em 1932 e morreu em 2006.

“FUSO 2019 – August 27 to Septembre 1

 

September 1, 22pm
Claustro do Museu da Marioneta

Program by LORI ZIPPAY (USA)
“GLOBAL GROOVE” REVISITED
Running Time: 43’

 

Electronic Arts Intermix (EAI) is a New York-based resource dedicated to fostering the creation, exhibition, distribution and preservation of moving image art. EAI’s archive of almost 4,000 moving image artworks spans the 1960s to the present, from seminal video art works by pioneering figures to digital works by new generations of artists.

This program, drawn from EAI’s archives, features two artists—Jacolby Satterwhite and Nam June Paik—and two works—one digital, one analogue–separated by and encompassing a span of forty years. 

The theme of this year’s FUSO programming—“sustainability”—can be approached from multiple angles, and this program considers its relation to cultural and social diversity, as seen through the lens of these two disparate artists and works. Both posit the connection of diverse cultural and social communities through the artists’ interventions in mass media technologies and their creation of densely layered “media landscapes of tomorrow.” 

Paik’s iconic 1973 Global Groove is one of the most well-known and influential works in video art history, an electronic collage of pop culture, avant-garde artists, and technical manipulation. Paik posited the then-groundbreaking notion of adopting and then subverting the language and techniques of television to create a global mash-up: Japanese Pepsi-Cola TV commercials are juxtaposed with performances by John Cage, Merce Cunningham, and Allen Ginsberg; dancers moving to Devil with a Blue Dress On are intercut with traditional Korean performers. For Paik, who presciently coined the phrase “Electronic Super Highway” in 1974, the idea was to suggest a far-flung global community joined by art and technology.

Forty years later, the young multi-disciplinary artist Jacolby Satterwhite creates his own densely constructed landscapes that reference the current media language of video games, internet memes, and digital interfaces. Satterwhite’s computer-generated realms—layered with proliferating drawings, objects and performances—encompass animated narratives of personal and cultural memory and identity. In the 2012 Country Ball Satterwhite’s fantastical digital landscape is populated with costumed avatars of himself, performing 100 times in front of a “green screen.” Personal home movies and hand-drawn computer renderings of his mother’s writings are integrated fluidly into the architecture of his dreamlike digital space. 

As much as Paik’s analogue Global Groove reflected an almost utopian optimism for the connectivity enabled by the coming digital age, Satterwhite’s born-digital landscape seeks to connect communities through the insertion of the analogue: home movies, drawings, writings, the artist’s body: Two visions of a “global groove,” each anticipating the future and each speaking to their own time. 

 

BIO

Lori Zippay (USA) is the Executive Director of Electronic Arts Intermix (EAI), New York, a nonprofit organization that is a leading resource for media art. She has been active in video art exhibition, distribution and preservation for over thirty years. She has curated, lectured and written extensively on media art and organized numerous curatorial, preservation and educational projects with emerging and established artists. She developed and curates EAI’s major collection of 3,500 new and historical media artworks, initiated its pioneering video preservation program, inaugurated and co-authored its extensive online publications and digital resources, and has developed numerous long-range projects and artistic programs for EAI.  She has lectured at museums and universities around the world, including the Smithsonian Museum of American Art, Washington, DC; Centre Georges Pompidou, Paris; University of Westminster, London; Center for Curatorial Studies, Bard College, New York; San Francisco Art Institute; Gwangju City Museum, South Korea; Kumu Art Museum, Tallinn, Estonia; Guggenheim Museum, New York; Palazzo della Arte, Naples, Italy, and Museo de Arte Reina Sofia, Madrid, among many others.  She has taught extensively, and in 2006 was Visiting Critic at Yale University’s Graduate School of Art. She has served on numerous international panels, symposia, festival juries, and boards, including the Advisory Committee for the first Gwangju Biennale in South Korea, and has served as consultant on numerous media art projects.

_ JACOLBY SATTERWHITE (USA) // Country Ball 1989-2012, 2012, 12’38’’

In The Country Ball, Satterwhite fuses drawing, live performance and digital technology to translate personal mythology into a densely layered digital realm. The artist’s source materials are a home video of a family gathering and his mother’s drawings, which he hand-traces and imports into a 3D animation program. Performing in front of the camera and “green screen” 100 times, he inserts his dance performances into the lush virtual space to create what he terms “a Hieronymous Bosch’s Garden of Earthly Delights inspired landscape.”

 

BIO

Jacolby Satterwhite is a multi-disciplinary artist who uses video, performance, 3D animation, drawing, fibbers and printmaking to explore memory, desire, and personal and public mythology. Satterwhite creates fantastical digital landscapes populated with multiple, costumed avatars of himself, engaging with hand-drawn objects and text as extensions of the body. In seamless exchanges between live performance and constructed worlds, Satterwhite builds animated narratives of personal and collective identity. Satterwhite was born in 1986.


_ NAM JUNE PAIK (KR) // Global Groove, 1973, 28’30’’

Created for broadcast television, Global Groove is an iconic work in the history of video art. Paik’s “manifesto” on global communications in a media-saturated world is an electronic collage that adopted and subverted the language of television. Paik brings together cross-cultural elements, artworld figures, and Pop iconography. Subjecting his transcultural content to stream-of-consciousness editing, audio and video synthesis, colorization, temporal shifts and layering, Paik creates a controlled chaos that suggests a romp through the channels of a global TV.

 

By Nam June Paik and John Godfrey | Director: Merrily Mossman | Starring: Pamela Sousa, Kenneth Urmston, Allen Ginsberg, Peggy Anne Lombard, Susan Kay Bottoms, Charlotte Moorman, Alan Schulman, Jud Yalkut, Sun Ock-Lee, Cecelia Sandoval, John Cage | Narrator: Russell Connor | Produced by the TV Lab at WNET/Thirteen

BIO

Korean-born artist Nam June Paik is a major figure in video art. His video sculptures, installations, performances and single-channel videos encompassed one of the most influential bodies of work in electronic media art. Merging global communications theories with an irreverent Fluxus sensibility, his work in music, performance and video explored the juncture of art, technology, mass media, and popular culture. Paik, who is recognized as a visionary artist of the international avant-garde, was born in 1932 and died in 2006.