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FUSO INSULAR 2021 – 29 a 31 de Outubro

31 Outubro, 18h30 
Arquipélago Centro de Artes Contemporâneas, Ponta Delgada

LABORATÓRIO IMAGEM EM MOVIMENTO

O Laboratório Imagem em Movimento é um convite à comunidade açoriana interessada nas artes cinematográficas. Os participantes recebem formação teórica e prática e são incentivados a desenvolver seus próprios projectos artísticos.
Selecionados por meio de um concurso (chamada aberta), o primeiro laboratório do FUSO INSULAR teve duração de dois meses e contou com a participação de Gregory Le Lay, Mario Roberto, David Meireles, Sara Massa, Pedro Páscoa e Sara Leal. Num primeiro momento, e a partir da sua própria obra, o artista convidado Daniel Blaufuks foi o responsável pela componente teórica, que serviu de base para o desenvolvimento dos projetos individuais. 
A orientação prática ficou a cargo de André Laranjinha, com o apoio técnico do Centro de Produção Audiovisual do Arquipélago Centro de Artes Contemporâneas.

MILK SHAKEGregory Le Lay

2020, 3’28’’

Como é que o homem organiza, constrói, adapta um território às suas necessidades humanas ou, pelo menos, às necessidades económicas?
A indústria leiteira que tem um forte impacto na paisagem açoriana é a base estruturante do projeto. MILK SHAKE é um olhar crítico sobre essa actividade onde não existem “vacas felizes”, sobre a instrumentalização corporal, a inflação e a realidade económica.

“Ideas and feelings about identity are located in the specificities of places and landscapes in what they actually look like or perhaps more typically how they ought to appear. “from “Representations in guidebooks, postcards, tourist brochures and so on” (Tilley, 2006, pg. 14)

“Azorean industries, particularly those involved in processing milk, have been negatively affected after the Arquipélago became part of the European Union. Milk quotas have limited production and milk products from Spain and France have become string competitors in the local market” (Costa, 2008, pg. 299)

“A linha de montagem não faz a diferença ontológica entre merda e creme.” (Anónimo, 2020)


IRMÃ MAÇÃ Pedro Pascoa

2020, 6’

Irmã Maçã é uma adaptação/interpretação surreal de uma história infantil de temática debatível nos standards de hoje em dia.
Conta a história de uma criança que começa a lidar com a ideia de que os seus pais abortaram a sua irmã. Pertence, a meu ver, a um género de temas cada vez mais evitados para abordar em histórias direccionadas para a camada mais jovem.
Na minha adaptação, contudo, decidi focar-me nas complexidades dos meios através dos quais os pais estampam na cara dos seus, histórias completamente formatadas, censuradas e “limpas”. Ao mesmo tempo que as plataformas através das quais o fazem, estão completamente imersas em anúncios e imagens aliciantes de conteúdo comercial, muitas vezes direccionadas para os próprios progenitores.
Esta peça visa representar a corrupção que este fenómeno pode ter no desenvolvimento destes indivíduos.


TELEDESCONTROLO – David Meireles

2020, 4’28’’

O vídeo foi realizado centrando-se em três temas principais: o conceito de teletransporte, o portal e a viagem no espaço.
Neste vídeo também houve uma busca de “ritmo desorientado”, de modo a criar um efeito de enjoo no espectador. A personagem tem na mão uma “máquina”, desde o início, e esta fá-lo entrar numa viagem através de portais inesperados e sem controlo algum. Através das transições criadas, o protagonista atravessa portais que o levam de plano em plano sem um contexto linear ou propositado. No fundo, o protagonista não controla a “máquina”, ela própria é que tem o poder de decisão, saltando de plano em plano, arrastando a personagem consigo.
O objectivo final é cansar o público, fazê-lo sentir desorientação e náuseas, que é precisamente o que acontece com a personagem do vídeo.
Em suma, o protagonista começa a olhar-se num espelho, sem saber muito bem o que se está a passar e, de seguida, entra num portal que o vai levar de lugar em lugar, observando cada meio em que se encontra, mas sem tempo de reflexão sobre cada um dos sítios. Este processo leva-o à exaustão psicológica, ao ponto de pousar a “máquina” e correr para longe daquela confusão sem olhar para trás.


FAKE PLASTIC FLOWER – Sara Leal

2020, 10’ 

Perante o exercício proposto, o de fazer um filme no âmbito de uma residência, pergunto: que objecto me faz sentido contar e filmar?
Penso. Procuro. Olho na rua. Olho-me. O que faz sentido, hoje, dizer?
Que personagem, real ou ficcional, pode interessar?
Penso numa questão clássica de entrevista, como se a mim me estivesse a inquirir:
– Se pudesse conhecer alguma personalidade, da esfera pública, que já morreu, quem seria?
Um monólogo que resulta numa conversa enigmática sobre o processo criativo. 


O MEU REINO JÁ FOI UM CAVALO – Mário Roberto

2020, 5’

Pai e filho, tatuam, um no outro, o cavalinho das suas infâncias.
Reflexão sobre a fugacidade da vida e as marcas que ficam no corpo e no espírito; de como a memória nos afecta ao longo da nossa existência. 
Esse ritual entre os dois homens, constitui uma nova memória nas suas vidas.


É SÓ UM CISNE NEGRO- Sara Massa

2020, 3’27’’

Este vídeo tem o objectivo, através do exagero e dramatismo, expor as pessoas que, ao acordar depois de um sonho ou pesadelo ficam obcecadas com o significado deste e tentam encontrar explicações lógicas.
Um processo de concepção de um cisne negro num filme mudo a preto e branco contrasta com um áudio com uma linguagem jovial, que mesmo em micaelense, funciona universalmente como uma música de fundo para quem não entende.
Os macro shots no início servem para o espectador ter um olhar mais de perto, o que permite tornar os assuntos minuciosos e os objectos de costura extraordinários. 

FUSO INSULAR 2020 – October 29th to 31st

October 31 st, 6.30pm 

Arquipélago Centro de Artes Contemporâneas (Black Box), Ponta Delgada

MOVING IMAGE LABORTORY

The Moving Image Laboratory is an invitation to the Azorean community interested in the cinematographic arts. The participants receive theoretica and practical training and are incentivized to develop their own artistic projects.  
They were selected through a contest (open call), and this first FUSO INSULAR laboratory took place over the course of two months. In the first instcance, and working from his own work, the invited artist Daniel Blaufuks was responsible for the theoretical comptetence, which acted as a basis for the development of the individual projects. The practical orientation was given by André Laranjinha, with the technical support of the Centro de Produção Audiovisual do Arquipélago Centro de Artes Contemporâneas.

MILK SHAKE – Gregory Le Lay

2020, 3’28’’

“Ideas and feelings about identity are located in the specificities of places and landscapes in what they actually look like or perhaps more typically how they ought to appear.” from “Representations in guidebooks, postcards, tourist brochures and so on” (Tilley, 2006)

How does man organize, construct, adapt a territory to his human necessities or at least to economic nessecities? 
The milk industry, which have a strong impact on the Azorean landscape, is the structuring basis for the project. MILK SHAKE is a critical view of that activity in which there are no “happy cows”, on bodily instrumentalization, inflation and economic reality. 

“Azorean industries, particularly those involved in processing milk, have been negatively affected after the Archipelago became part of the European Union. Milk quotas have limited production and milk products from Spain and France have become string competitors in the local market”. (Costa, 2008)

 “The editing line does no differentiate the ontology between shit and cream.” (Anonymous, 2020)


SISTER APPLE Pedro Pascoa

2020, 6’

Sister Apple is an adaptation/surreal interpretation of a children´s story of a debatable theme by today´s standards. 
It tells the story of a child who begins to deal with the idea that they its aborted its sister. It belongs, in my view, to a genre of themes which are increasingly avoided in stories directed at the younger sector. 
In my adaptation, however, I decided to focus on the complexities of the means through which parents stamp completely formatted stories, censored and “clean”, onto their loved ones. At the same time the plataforms they use to do it are completely immersed in advertisements and seductive images of a commercial content, oftent hey are directed at their progenitors.

This piece aims to represent the corruption which this phenomenon may have on the development of these individuals. 


TELEDESCONTROLO – David Meireles

2020, 4’28’’

This video was produced around three main themes: the concept of teleportation, the portal and travel in space. 
In the video, there was also a search for a “disoriented rhythm”, in such a way as to create an effect od nausea in the spectator. The protagonist holds in his hand a “machine”, from the beginning, and it allows him to travel through unexpected portals without any control. With the transitions created, the protagonist goes through portals which take him from plane to plane without a linear or purposeful context. In truth, the protagonist does not control the “machine”, it alone has the power to decide, jumping from plane to plane, dragging the protagonist with it.  
The end goal is to tire the public, provoke in it disorietnation and nausea, which is precisely what happens to the vide´s protagonist. 
In sum, the protagonist starts to look at himself in a mirror, without really knowing what is happening and then enters a portal which will take him from place to place, observing each place he finds himself in, but with no time to reflect on each of those places. This process leads to his psychological exhaustion, leading him to put the “machine” down and run far from that confusion without looking back. 


FAKE PLASTIC FLOWER – Sara Leal

2020, 10’ 

Faced with the proposed exercise, of making a film within the context of a residency, I ask: which object makes sense for me to recount and film?
I think. I seek. I look at the street. I look at myself. What makes sense to say, today?
Which character, real or fictional, might be interesting?
I think of a classic interview question, as if I was asking myself:
– If you could meet any character, frot he political arena, who has already died, who would it be?
A monologue which results in an enigmatic conversation on the creative process.


MY KINGDOM WAS ONCE A HORSE – Mário Roberto

2020, 5’

Father and son tattoo on each other their childhood horse.
A reflection on the fugacity of life and the marks that remain on the body and spirit, and how that memory affects us throughout our existence.
That ritual, betweent he two men, constitutes a new memory in their lives. 


IT’S ONLY A BLACK SWAN- Sara Massa

2020, 3’27’’

This video aims to, through exaggeration and dramatism, expose people who, after waking from a dream or nightmare become obsessed with its meaning and try to come up with logical explanations. 
A process of conceiving a black swan in a black and white silent film, contrasts with an audio consisting of a jovial language, which even in the language of São Miguel, functions universally as background music for those who do not understand.
The macro shots at the beginning allow the spectator to have a closer look, which make detailed matters and sewing objects extraordinary. 
Os macro shots no início servem para o espectador ter um olhar mais de perto, o que permite tornar os assuntos minuciosos e os objectos de costura extraordinários.