“ƎSPÉCIE”
VALÉRIA BRAGA, RODRIGO CUNHA, KLEBER DÂMASO
ƎSPÉCIE não remete ao identificável, mas ao que nos pertence e que desconhecemos. Ao instante improvável em que o visível toca, atravessa e se confunde com o invisível. A sua dramaturgia estrutura-se por subtrações, a experiência estética instala-se como um desafio. O seu primeiro movimento é o da escuridão que invade os espaços do olhar de quem observa. Um convite ao mergulho e à imersão num território dos possíveis. Em busca de outros modos de ver, de vivenciar ausências como campos do saber que ainda estão por se reconhecer, e por meio delas tentar praticar algum silêncio como fala colectiva.
De maneira improvável, acender o clarão que estala desse encontro íntimo e presencial com um corpo em estado contínuo de transformação e metamorfose, em sucessivos actos de abandono, de construção e desmoronamento, de aparição e desaparição. Encontro com um corpo aberto que escapa às acomodações identitárias e às significações, mas cria um universo onde imagens são encarnadas e presentificadas. A exemplo do animal, da mulher e do ancião, que entre outras se embaralham como um carrossel, numa trajetória difusa, num fluxo que transpassa os olhares na duração precisa do acto de investigação do corpo performer, pelo próprio corpo do performer. Que ao transitar por estados sensório-perceptivos explicita a capacidade única e singular de transubstanciação de suas materialidades, de exteriorizar em acções os líquidos de dentro – a saliva, o suor, as lágrimas. o vazio da sala faz o barulho de engolir a saliva parecer um sapo. Um momento de estarrecimento: quem observa quem? O trabalho se propõe a se abster de qualquer artifício, inclusive habituais recursos técnicos do teatro, para que cada movimento, ou ato cénico, concentre a atenção nas dinâmicas e particularidades do corpo e suas relações com o espaço. ƎSPÉCIE é uma aventura da vida fincada na sua superfície, das forças do existir na sua condição múltipla, misteriosa, estranha de estar em frente, íntima e abertamente ao que é vivo e pulsional.
Bio
Valéria Braga – Artista e investigadora multidisciplinar. Directora de teatro e atriz com experiência em cinema e acções performáticas. Há mais de quinze anos dedica-se à manutenção de espaços autónomos para formação e produção artística. Mestre em Performances Culturais e especialista em História Cultural pela UFG. Formada em Psicologia pela PUC-GO. A convite da UEG, foi responsável pela concepção e coordenação do projecto de extensão – Memória Roubada, quando busca, de forma transdisciplinar, na arte escultórica de Ana Maria Pacheco e direcção de Hugo Rodas, fomentar uma experiência de fricção entre as artes. Foi Destaque Cultural do Estado de Goiás em 2018.
Rodrigo Cunha – Actor, bailarino, professor, director e argumentista. Formado em Artes Cénicas pela UFG. Ao falar sobre a sua trajectória, costuma frisar que não se recorda com precisão o início da sua paixão pelo teatro, mas reitera a certeza de que nunca irá parar de se dedicar à arte de representar. Parceiro assíduo de investigação e criação de Valéria Braga desde a implementação da Vivace, na manutenção da Casa 107 e estrutura do Grupo Cabeça de Vaca, inclusive em montagens como Bodas, Azul Esgotado, Dúplice e Hábitos Noturnos. Entre os diversos artistas com quem tem colaborado e contracenado destacam-se Érica Bearlz, Rodrigo Cruz, Fernanda Pimenta e Elena Diego, os cineastas Daniel Calill, Fabrício Cordeiro e Isaac Brum, e os realizadores Júlio Van, Samuel Baldani e Hugo Rodas.
Kleber Dâmaso – Artista, investigador e jardineiro, com experiência em gestão e produção. Aluno do programa de doutoramento em Artes Cénicas da UNB. Professor da Escola de Música e Artes Cénicas da UFG, onde coordena o programa de residências transestéticas – Conexão Samambaia e a mostra expandida de artes – Manga de Vento, frutos do seu compromisso com a dinamização dos circuitos de difusão do campo ampliado das artes no seu contexto.
Ficha Técnica
Direcção:
Valéria Braga
Performance:
Rodrigo Cunha
Pesquisa de movimento:
Kleber Dâmaso
Produção executiva:
Guilherme Wohlgemuth
Assessoria de comunicação:
Larissa Mundim
Design gráfico:
Nicolás Gualtieri
Apoio:
Casa 107 vivace
“ƎSPÉCIE”
VALÉRIA BRAGA, RODRIGO CUNHA, KLEBER DÂMASO
ƎSPÉCIE does not refer to the identifiable, but to what belongs to us and we do not know about. At the unlikely instant when the visible touches, crosses and is confused with the invisible. Its dramaturgy is structured by subtractions, the aesthetic experience is installed as a challenge. Its first movement is that of the darkness that invades the spaces of the gaze of the observer. An invitation to diving and immersing in a territory of the possible. In search of other ways of seeing, of experiencing absences as fields of knowledge that are yet to be recognized, and through them try to practice some silence as collective speech.
In an unlikely way, light the flash that pops from this intimate and face-to-face encounter with a body in a continuous state of transformation and metamorphosis, in successive acts of abandonment, of construction and collapse, of appearance and disappearance. Encounter with an open body that escapes identity accommodation and meanings, but creates a universe where images are embodied and presented. Like the animal, the woman and the elder, who among others shuffle like a carousel, in a diffuse trajectory, in a flow that transposes the looks in the precise duration of the act of investigation of the performer’s body, by the performer’s own body. That when transiting through sensory-perceptual states makes explicit the unique and singular ability to transubstantiate their materiality, to externalize in actions the liquids inside – the saliva, sweat, tears, the emptiness of the room makes the noise of swallowing saliva seem like a frog. A moment of astonishment: who watches who? The work proposes to refrain from any artifice, including usual technical resources of the theatre, so that each movement, or scenic act, focuses attention on the dynamics and particularities of the body and its relations with space. ƎSPÉCIE is an adventure of life stuck on its surface, of the forces of existence in its multiple, mysterious, strange condition of being in front, intimate and open to what is alive and instinctual.
Bio
Valéria Braga – Artist and multidisciplinary researcher. Theatre director and actress with experience in cinema and the performing arts. She has dedicated, for more than fifteen years, to the maintenance of autonomous spaces for creation and artistic production. She has a Maste’sr Degree in Cultural Performance and a specialization in Cultural History.
Rodrigo Cunha – Actor, dancer, teacher, director and screenwriter. Graduated in Performing Arts from UFG. When talking about his career, he often stresses that he does not remember precisely the beginning of his passion for theatre, but reiterates the certainty that he will never stop dedicating himself to the art of acting. A frequent partner of research and creation of Valéria Braga since the founding of Casa 107 Vivace. He has collaborated with Grupo Cabeça de Vaca, in the plays Bodas, Azul Esgotado, Dúplice and Hábitos Noturnos. Among the many artists with whom he has collaborated and co-starred are Érica Bearlz, Rodrigo Cruz, Fernanda Pimenta and Elena Diego, the filmmakers Daniel Calill, Fabrício Cordeiro and Isaac Brum, and the directors Júlio Van, Samuel Baldani and Hugo Rodas.
Kleber Dâmaso – Artist, researcher and gardener, with experience in management and production. Student of the PhD program in Performing Arts at UNB. Professor at Escola de Música e Artes Cénicas da UFG, where he coordinates the transesthetic residency programme – Conexão Samambaia, which results of his commitment to the promotion of the dissemination circuits of the expanded field of the arts.
Credits
Direction: Valéria Braga
Performance: Rodrigo Cunha
Movement research: Kleber Dâmaso
Executive production: Guilherme Wohlgemuth
Press: Larissa Mundim
Graphic design: Nicolás Gualtieri
Support: Casa 107 vivace
