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“JERUSÁLEM” | 2009 
Vasco Mendonça, Gonçalo M. Tavares, Luís Miguel Cintra

 

ÓPERA DE CÂMARA

Num contexto de experimentação e pluridisciplinaridade, a DuplaCena não poderia deixar de ser o quarto elemento na criação deste espetáculo juntamente com Vasco Mendonça, Gonçalo M. Tavares e Luís Miguel Cintra, tendo-se aventurado pela primeira vez na produção de uma ópera.

A ópera Jerusalém é o resultado de uma confrontação de diferentes linguagens e abordagens artísticas. Um espetáculo cuja coerência artística e conceptual é o resultado direto e compósito de um processo de contaminação entre os vários discursos (musical, dramático, cénico) que lhe dão origem. A escolha da adaptação do livro homónimo de Gonçalo M. Tavares é particularmente pertinente. É possível, em Jerusalém, observar a forma como o autor se movimenta entre os territórios da ficção e o ensaio, num equilíbrio delicado, desenhando personagens de uma forma mais ou menos caricatural, evocando universos mais ou menos identificáveis, em suma, movimentando-se entre uma minuciosa observação do detalhe físico e poderosas (por vezes homéricas) incursões ao universo das ideias. Por outro lado, é interessante observar que essa alternância entre registos encontra um eco na sua abordagem formal, em que interrompe de uma forma brusca a narrativa principal com episódios externos. Estes episódios, apercebidos como o passado dessa narrativa, polarizam o presente, criando inevitavelmente uma intensidade dramática, libertada no final – potenciando, assim, uma narrativa expressionista através de uma estrutura mecânica, de grande rigor formal.

 

Ficha técnica

Música Vasco Mendonça

Libreto Gonçalo M. Tavares

Encenação Luís Miguel Cintra

“JERUSÁLEM” | 2009 
Vasco Mendonça, Gonçalo M. Tavares, Luís Miguel Cintra

 

In a context of a multidisciplinary experimentation, DuplaCena could not fail to be the fourth element in the creation of this show along with Vasco Mendonça, Gonçalo M. Tavares and Luís Miguel Cintra, having adventured for the first time in the production of an opera.

The opera Jerusalém is the result of a confrontation between different languages ​​and artistic approaches. A show whose artistic and conceptual coherence is the direct and composite result of a process of contamination between the various discourses (musical, dramatic, scenic) that give rise to it. The choice of the adaptation of Gonçalo M. Tavares’ eponymous book is particularly pertinent. It is possible, in Jerusalém, to observe the way the author moves between the territories of fiction and the essay, in a delicate balance, drawing characters in a more or less caricatured way, evoking more or less identifiable universes, in short, moving between a meticulous observation of physical detail and powerful (sometimes Homeric) incursions into the universe of ideas. On the other hand, it is interesting to note that this interchange between discourses finds an echo in its formal approach, in which it abruptly interrupts the main narrative with external episodes. These episodes, perceived as the past of this narrative, polarize the present, inevitably creating a dramatic intensity, released at the end – thus enhancing an expressionist narrative through a mechanical structure, of great formal accuracy. 

 

Credits

Music Vasco Mendonça

Libretto Gonçalo M. Tavares

Staging Luís Miguel Cintra