ENGLISH

“FUSO 2013 – 20 de Agosto a 20 de Setembro

 

21 Agosto, 23h30
Praça do Carvão, Museu da Eletricidade

 

Open Call
Seleção de Jacinto Lageira

 

Plural de cor

Estes últimos anos foram realizados filmes (experimental, ficção, documentário) em preto e branco, cores, que não são geralmente consideradas como tal (um filme ou uma fotografia a cores, um filme ou uma fotografia a preto e branco). Designação paradoxal, já que para nomear essas produções utiliza-se as palavras «preto» e «branco». Outro paradoxo (para além da tecnologia imposta globalmente) prende-se com a realização de poucos vídeos a preto e branco, cores que foram durante bastante tempo a vanguarda desse meio. Solicitamos nesta edição do FUSO obras sobre esta problemática, que pode ser tanto figurativa como abstrata, tanto singular como plural de cor ou de cores. A cor ou as cores como tema principal mas consideradas nessa relação dialética da cor e/ou da não cor.

Jacinto Lageira

Rui Mourão, Sem Título (preto & branco), 2011, 1’11’’

Duas sequências a preto e branco passam em simultâneo num fundo negro. No lado esquerdo vê-se uma imagem de dois pés que avançam num piso em calçada de efeitos geométricos. É um plano picado a partir do olhar de quem caminha – o artista – numa espécie de introspeção. No lado direito vê-se uma intérprete de dança contemporânea a mimar em língua gestual a definição do dicionário da palavra “silêncio”. A acompanhar estas duas imagens ouve-se o som de uma ruidosa manifestação. Há, portanto, vários elementos dissonantes que se relacionam e interagem em termos conceptuais: a imagem dos passos, a imagem performática do silêncio e o som ruidoso da manifestação.

 

Conceção, Gravação e Edição Rui Mourão
Performer Sophie Leso


Rui Mourão, As Botas de Estaline, 2012, 13’

Rui Mourão foi selecionado pela CML para uma residência em Budapeste onde filmou num museu a céu aberto que alberga estatuária do antigo período comunista na Hungria, incluindo o que resta da monumental estátua de Estaline derrubada na Revolução de 1956: os pés do ditador.

Recolheram-se imagens de turistas que fotografam ou passeiam à volta das esculturas e planos de estátuas recortadas no céu azul. O áudio é da voz em off de uma guia turística numa gravação promocional que comunica aos visitantes no autocarro o que poderão ver e comprar.

As imagens a cores recolhidas no Memento Park contrastam com as imagens de arquivo a preto e branco da revolução húngara de 1956. À coreografia dos movimentos dos turistas sobre a imobilidade das estátuas, Rui Mourão contrapôs a intromissão fantasmática e violenta do passado. Como se quisesse dizer ao espectador: “eu não vou ser único produtor de imagens, mas não deixo de te lembrar os falhanços das promessas e utopias da História”. Diz-nos o artista: “Em As Botas de Estaline optei por filmar o espaço de Memento Park por ser extraordinariamente marcada a apropriação política, social, cultural e económica que um dado sistema de poder vigente – autointitulado como democrático – fez em relação aos símbolos de um sistema de poder anterior – totalitário e estalinista – ao qual se opôs. Mais do que uma reflexão sobre comunismo ou capitalismo, este trabalho pretende ser uma reflexão mais alargada em relação ao destino efémero de todos os impérios e sistemas de poder e à sua releitura histórica em função da visão de cada época. No caso único de Memento Park, chegou-se a situações tão idiossincráticas como usar estatuária duma ditadura para falar de democracia ou turistificar iconografia comunista para obter lucros”.

José Marmeleira

 

Conceção, Gravação e Edição Rui Mourão

Locução Dóra Szkuklik

Agradecimentos Bálint Szombathy, Câmara Municipal de Budapeste, Câmara Municipal de Lisboa, Dóra Szkuklik, Fernando Mourão, José Montoya, João Mourão, Maria Raposo, Memento Park, Sarolta Bánvölgyi, Szotyory László


Patrícia Bandeira, Respice Albus | Respice Niger, 2013, 5’53’’

Inicialmente elaborado em colaboração com a Associação para os Cegos e Amblíopes de Portugal e, posteriormente, com o poeta cego José Pedro Leite, Respice Albus | Respice Niger é um exercício de mimesis a uma resposta emocional condicionada pelo mapeamento das coordenadas cognitivas que, ao serem manipuladas, impelem o espectador a confrontar-se com a disparidade da perceção. A tentativa de atingir o real através de competências sensoriais foi a matriz desta instalação, que perpetua a condição dos sentidos como guias e ferramentas de navegação que deixam em evidência vários níveis de cegueira sensorial. No título apresenta-se uma barreira linguística que impede a formatação de conceitos a partir da unidade de raciocínio que é a linguagem. Ao invés, o projeto centra-se numa enfatização da dualidade, preto/branco, imagem/não imagem, união/corte, presença/ausência, visão/não visão e, em última análise, consciência ou ausência da mesma.

 

Elenco José Pedro Leite

Argumento Patrícia Bandeira, José Pedro Leite

Diretor de fotografia Adriano Ramos

Edição Diogo Mendes Pinto, Adriano Ramos

Design de som Tomás Gamboa

Design gráfico Mariana Baldaia

Direção artística e Produção Patrícia Bandeira


Rita Ferreira, Trânsito, 2012, 0’30’’ 

No meu trabalho é importante a relação entre a imagem e o que ela representa, o campo da representação, existindo sempre uma ligação à pintura e ao gesto, como forma de compreensão dos vários processos de pensamento e capacidade de produção de imagens. Através da repetição da representação do objeto, através de uma desconstrução do espaço pictórico, que o próprio corpo do representado se começa a diluir, perdendo a sua identidade.

Trânsito é assim como uma tela monocromática que é rompida por um único gesto, fazendo com que essa unidade se desconstrua e se divida, querendo de uma forma subtil criticar a materialidade do mundo e a ação transformadora do homem no próprio quotidiano.

 

Ideia original, Produção, Edição e Fotografia Rita Ferreira


Pedro Pedrosa da Fonseca, Onde Nunca Até Aquele Momento, 2013, 4’50’’

Onde Nunca Até Aquele Momento (2013) é uma expressão de Stirrings Still de Samuel Beckett, onde o personagem do texto tem a incapacidade de se mover. Não é que não se mova, move-se, mas isso é inútil e não o leva a lugar algum, assim como acontece no vídeo, acabando por desafiar o tempo de observação do espectador, e expressando uma energia que depois de consumada nos dá uma breve sensação de suspensão do tempo.


Joana Linda, Karunã, 2013, 4’

Karunã (tanto em Sânscrito como em Pali) é habitualmente traduzido como compaixão e é parte integrante do caminho espiritual do Budismo e Jainismo. Em Ilha, um romance de Aldous Huxley (o seu último), os pássaros Minah foram treinados para repetir a palavra ‘Karuna’ com o intuito de consciencializar os seres humanos do que é realmente importante. Com uma ligação direta ao final do livro, este filme é uma espécie de pássaro Minah e pretende lembrar os espectadores de todas as vítimas anónimas e atrocidades cometidas em nome do progresso, religião e civilização.

 

Realização, Edição e Narração Joana Linda

Com Sara Graça, Francisco Nascimento, Sónia Baptista, Rickybaby Moreira

Som Diogo Melo, Joana Linda 

Texto Excerto do livro Island de Aldous Huxley


Alberto Lopes, Workers Union, 2011, 7’21’’ 

Uma história de trabalhadores, em tempos de chumbo, como os de hoje.

O vídeo, criado para ilustrar a peça de Louis Andriessen Workers Union é construído sobre alguns fotogramas do filme alemão Barriga Vazia, ou: Quem é o dono do mundo?, de 1932. A imagem foi tratada de forma a perder os meios tons, criando um alto contraste entre negro, branco e vermelho, explorando ritmos de montagem que dialogam com a partitura e os timbres da orquestra.

 

Videografia Alberto Lopes, com imagens do filme Barriga Vazia, ou: Quem é o dono do mundo? (1932), de S. Th. Dudow

Peça Workers Union

Compositor Louis Andriessen

Maestro Jean Sebastien Béreau (gravado ao vivo, no Dia Mundial da Música, 1 de Outubro de 2011, Teatro Municipal de São Luiz, Lisboa)


Andreia Soares Luis, Apressa-te Lentamente, 2013, 2’17’’ 

Numa coreografia rígida e ao mesmo tempo fluida, uma bailarina emprenha-se no ritmo de um moinho de água sonorizado por um comboio.

Apesar de sonhar com água o seu corpo não se adapta ao movimento cíclico porque a sua natureza não o permite. Há um Deus que se ri da teimosia humana perante esta impossibilidade. No som há uma voz distorcida em simultâneo com o som real – nós a falar connosco próprios – cheios de pressa.

 

Produção, Realização e Montagem Andreia Luis

Câmaras Mário Santos e Andreia Luis

Bailarina Maria João Gouveia


Tiago Afonso, Histórias do Fundo do Quintal, 2012, 13’

Menção Honrosa

Três vozes debatem a história de uma revolta, enquanto a câmara procura provas no fundo de um quintal. Ao espectador resta decidir se escolhe ver, crer ou agir.

 

Realização, Câmara e Montagem Tiago Afonso

Misturas Rui Coelho

Vozes Amarante Abramovici, Regina Guimarães, Saguenail

Produção Hélastre


Bruno Canas, Place (BO), 2012, 0’43’’

É uma obra sobre o sentido da vida atual. É um espaço de ausência de referências, sem direções, pode tornar-se um espaço de confronto com a loucura e sanidade de cada um. O som da água que cai em gotas é a única referência numa obra sem referências. O som é digitalmente amplificado e, através de sensores de movimento, aumenta de volume com a proximidade do visitante e confunde-se com o barulho interior deste. O som convida a uma espécie de transe que leva a entender este espaço como quase religioso, sagrado e um portal para um estado interior transcendente. As cápsulas que se confundem com o espaço luminoso, branco, clínico simbolizam o seu efeito placebo: o seu efeito depende de ti. Esta instalação só é completada pela interação que cada pessoa tem com ela.


Gonçalo Miguel Soares, Cuco, 2013, 5’

Num estúdio em Lisboa a banda Nome Comum grava uma canção que dá pelo nome de Cuco

Na mesa de mistura o peixinho de estimação do Produtor da banda é levado numa viagem inspirada pelas palavras ritmadas que ecoam na sala ao lado.

 

Conceito e Realização Gonçalo Soares e Sara Coimbra Loureiro

Cenografia Sara Coimbra Loureiro

Montagem Gonçalo Soares

Banda Nome Comum

Produtor Pedro Magalhães

Peixes Condomínio Privado e Favela Chique

ENGLISH

“FUSO 2013 – August 20 to September 19

 

August 21, 11:30pm
Praça do Carvão, Museu da Eletricidade

 

Open Call
Seleção de Jacinto Lageira

 

 

Rui Mourão, Sem Título (preto & branco), 2011, 1’11’’

Two black & white sequences running simultaneously over a black background. The sequence on the left shows two feet walking over a Portuguese cobblestone pavement with geometric designs. It is a high angle view taken by the walker – the artist himself – in a kind of introspective spell. On the right side, we see a contemporary dance performer executing a sign language interpretation of the dictionary definition of the “silence” word. The images are accompanied by the sound of a noisy demonstration. Therefore, different dissonant elements relate and conceptually interact in this work: the images of footsteps, the performance images of the “silence” word and the noisy sound of a demonstration.

 

Concept, Recording and Editing Rui Mourão

Performer Sophie Leso


Rui Mourão, As Botas de Estaline (The Stalin’s Boots), 2012, 13’

Rui Mourão was selected by the Lisbon City Hall for a residence in Budapest where he did a film in an open-air museum which holds statues of the former communist period in Hungary, including what remains of the Stalin’s monumental statue overthrown in the 1956 revolution: the dictator’s feet.

Images of tourists were collected, who photograph or walk around the sculptures, as well as shots of statues under the blue sky. The audio is the voice-over of a tour guide in a promotional recording which tells to the visitors on the bus what they can see and buy.

The color images collected at Memento Park contrast with the black and white archive images of the 1956 Hungarian revolution. Regarding the choreography of the tourists’ movements on the immobility of the statues, Rui Mourão confronted them with the phantasmatic and violent intrusion of the past. As if he wanted to say to the viewer: “I will not be the only producer of images, but I will remind you of the failures on the promises and utopias of history.” The artist tells us: “In The Stalin’s Boots I chose to capture Memento Park because it was extraordinarily marked by the cultural, economic, political and social appropriation that an actual system – self-titled as democratic – did in relation to the symbols of a previous system – totalitarian and Stalinist – to which he opposed. More than a reflection on communism or capitalism, this work intends to be a broader reflection on the ephemeral fate of all empires and systems and their historical re-reading by the vision of each epoch. In the isolated case of Memento Park, we came to such idiosyncratic situations as using statues of a dictatorship to talk about democracy or to turistify communist iconography for profit.”

José Marmeleira

 

Concept, Recording and Editing Rui Mourão

Voice-over Dóra Szkuklik

Acknowledgements Bálint Szombathy, Budapest City Hall, Lisbon City Hall, Dóra Szkuklik, Fernando Mourão, José Montoya, João Mourão, Maria Raposo, Memento Park, Sarolta Bánvölgyi, Szotyory László


Patrícia Bandeira, Respice Albus | Respice Niger, 2013, 5’53’’

Initially produced in collaboration with the Portuguese Association for the Blind and Visually Impaired (A.C.A.P.O.) and, afterwards, with blind poet José Pedro Leite, Respice Albus | Respice Niger is a mimesis exercise to a confined emotional response by the mapping of the cognitive coordinates which, once they are manipulated, induce the viewer to confront himself with the disparity of perception. The attempt to grasp the real through sensorial abilities was the core of this work, which perpetuates the condition of the senses as guides and navigation tools that leave in evidence several levels of sensorial blindness. In the title there is a linguistic barrier which prevents the concepts formatting through the cognitive unity that is language. Instead, the project focuses in an emphasis of the duality: black/white, image/non-image, union/cut, presence/absence, vision/non-vision and, in a last instance, conscience and absence of it.

 

Cast José Pedro Leite

Script Patrícia Bandeira, José Pedro Leite

Director of Photography Adriano Ramos

Editing Diogo Mendes Pinto, Adriano Ramos

Sound design Tomás Gamboa

Graphic design Mariana Baldaia

Art direction and Production Patrícia Bandeira


Rita Ferreira, Trânsito, 2012, 0’30’’ 

In my work it’s important the relation between image and what it represents, the representation field, always within a connection between painting and gesture, as a way of understanding the different processes of thought and capacity of producing images. Through repetition of the object’s representation, through a deconstruction of the pictorial space, the own body of the represented person starts to merge, losing its identity.

Trânsito is just like a monochromatic canvas which is broken by a single gesture, making that unity deconstructs and splits itself, wanting in a softly way to criticize the materiality of the world and the transforming action by man in his own quotidian.

 

Original concept, Production, Editing and Photography Rita Ferreira


Pedro Pedrosa da Fonseca, Onde Nunca Até Àquele Momento, 2013, 4’50’’

Onde Nunca Até Àquele Momento (2013) is an expression from Samuel Beckett’s Stirrings Still, in which the character is incapable of moving. Is not that he can’t move, he moves, but it is worthless and it doesn’t take him anywhere, like in the video, challenging the viewer’s observation time, and expressing an energy that after consummated gives us a subtle feeling of suspension in time.


Joana Linda, Karunã, 2013, 4’

Karunã (in both Sanskrit and Pali) is generally translated as compassion and it is part of the spiritual path of both Buddhism and Jainism. In Island, a novel by Aldous Huxley (his last one), the Minah birds were trained to repeat the word ‘Karuna’ in order to make humans aware of what is really important. Inspired by the book and its violent ending, this film should be seen as a Minah bird of sorts, reminding the viewer of all the nameless victims and atrocities committed in the name of progress, religion and civilization.

 

Directing, Editing and Narration Joana Linda

With Sara Graça, Francisco Nascimento, Sónia Baptista, Rickybaby Moreira

Sound Diogo Melo, Joana Linda 

Text Excerpt from the book Island by Aldous Huxley


Alberto Lopes, Workers Union, 2011, 7’21’’ 

A worker’s history in tough times, such as today.

The video, created to illustrate Louis Andriessen’s play Workers Union is built on a few stills of the German film To Whom Does the World Belong? (1932). The image was treated to lose its midtones, creating a high contrast between black, white and red, exploring editing rhythms which dialogue with the score and the sounds of the orchestra.

 

Videography Alberto Lopes, with stills from the film To Whom Does the World Belong? (1932), directed by S. Th. Dudow

Play Workers Union

Composer Louis Andriessen

Maestro Jean Sebastien Béreau (live recording, World Music Day, October 1st 2011, Teatro Municipal de São Luiz, Lisbon)


Andreia Soares Luis, Apressa-te Lentamente, 2013, 2’17’’ 

In a strict choreography and at the same time fluid, a ballet dancer wraps herself in the rhythm of a watermill sonorized by a train.

Despite dreaming of water, her body does not adapt to the cyclic movement because its nature does not allow it. There is a God who laughs at human stubbornness before this impossibility. In the sound there is a distorted voice simultaneously with the real one – we talking to ourselves – full of haste.

 

Production, Directing and Editing Andreia Luis

Camera Mário Santos and Andreia Luis

Ballerina Maria João Gouveia


Tiago Afonso, Histórias do Fundo do Quintal, 2012, 13’

Honorable Mention

Three voices discuss the story of a rebellion, while the camera searches for evidence in the backyard. The viewer will have to choose whether to watch, to believe, or to act upon.

 

Directing, Camera and Editing Tiago Afonso

Sound mixing Rui Coelho

Voice-over Amarante Abramovici, Regina Guimarães and Saguenail

Production Hélastre


Bruno Canas, Place (BO), 2012, 0’43’’

It is a video about the meaning of life today. It’s a place with no references, no directions, it can turn to a place where a person will be confronted with his own sanity. The sound of water dropping is the only reference in a work without references. Sound is digitally amplified and, through motion sensors, the volume increases with the visitor’s proximity, interfering with their inner noise. The sound leads into a sort of trance state that might define this space as somewhat religious or sacred, a portal to a transcendent inner place. The pills, mixed with the white, luminous, clinical space, are symbolical of its placebo effect – they depend on yourself to act. This installation is only completed by your interaction with it.


Gonçalo Miguel Soares, Cuco, 2013, 5’

In a Lisbon studio the band Nome Comum is recording a song which goes by the name of Cuco.

On the mixer board, the band’s producer’s pet fish is taken on a journey inspired by the rhythmic words echoing in the next room.

 

Concept and Directing Gonçalo Soares and Sara Coimbra Loureiro

Scenography Sara Coimbra Loureiro

Editing Gonçalo Soares

Band Nome Comum

Production Pedro Magalhães

Fishes Condomínio Privado and Favela Chique