ENGLISH

“FUSO 2014 – 27 a 31 de Agosto

Programação

 

30 Agosto, 22h
Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) – Museu do Chiado

 

5 years, 6 works, 7 artists: LOOP Awards 2010-2014
Curadoria de Conrado Uribe
Duração da sessão 52’

 

O LOOP nasceu em Barcelona, no ano de 2003, como a primeira feira de arte exclusivamente dedicada ao vídeo e imagem em movimento, providenciando o espaço, a abordagem e a atenção requeridas por esta prática. Ao longo das suas 12 edições, o LOOP forjou uma forte comunidade vinda dos campos concomitantes da arte contemporânea e do cinema. O programa do LOOP Fair consiste numa mostra de obras de artistas selecionados, apresentados pelas suas galerias; num momento de encontro para plataformas, distribuidores e revistas; e num fórum de debate profissional.

Em cada ano o Comité do LOOP, presidido pelo colecionador Jean-Conrad Lemaître e composto pelos colecionadores Isabelle Lemaître, Josée e Marc Gensollen, Haro Cumbusyan e Renée Drake, seleciona um número reduzido de filmes, onde as estreias são especialmente tidas em conta. A participação no LOOP é baseada exclusivamente na avaliação do comité sobre o trabalho do artista proposto.

Compreendendo que estes trabalhos são time-based, cada galeria expõe um projeto nos quartos do hotel onde o evento acontece, isto permite que se crie um ambiente unicamente focado no trabalho do artista. A reduzida escala do evento promove uma atmosfera familiar dinâmica, que é articulada pelo programa de um profissional e colecionador altamente especializado.

Desde a primeira edição, e no sentido de distinguir os trabalhos que mais sobressaíram, o LOOP Fair criou os prémios LOOP. Um júri internacional de peritos seleciona os premiados e o trabalho é então adquirido pelo Screen Projects/LOOP e emprestado à Fundação MACBA – Museu de Arte Contemporânea de Barcelona. Personalidades como Bartolomeu Marí (MACBA), Mark Nash (Documenta 11), Borja-Villel (Museu Rainha Sofia), Christine van Assche (Centro Georges Pompidou) ou Barbara London (MoMA) já contribuíram na seleção das peças premiadas.


Enrique Ramirez, Cruzar un Muro, 2012, 5’12’’ (LOOP 2014)

Cruzar un Muro é um filme, inspirado no 13º Artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o artigo afirma que “Todo o ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar”. Neste filme, uma sala de espera de uma repartição pública de imigração, localizada “algures”, é o cenário que converge todas as aspirações humanas do nosso tempo… A espera, a convicção, o desejo e o direito de todos a sonhar, viajar, atravessar, a ter liberdade de movimento e residência dentro das fronteiras de cada estado e o direito de regressar ao seu país de origem.


Pablo Lobato, Corda, 2014, 7’ (LOOP 2014)

Círio de Nazaré, realizado em Belém (Brasil), desde 1793, é uma das maiores procissões católicas do mundo. A cada ano, milhões de peregrinos acompanham a estátua da Nossa Senhora da Nazaré, competindo para ter o privilégio de segurar a longa corda de sisal, que conduz a imagem da santa pelas ruas da cidade. Contrariando as normas da celebração, e de forma a assegurar as suas relíquias, alguns crentes cortam a corda no meio do ritual. O vídeo aproxima dois fluxos diferentes: um linear, guiado pela totalidade da corda, o outro caótico, correspondendo ao corte.


Carlos Motta, Nefandus, 2013, 12’17’’ (LOOP 2013)

Um homem viaja de canoa pelo rio Don Diego (Sierra Nevada de Santa Marta, Caribe Colombiano), uma paisagem de beleza “selvagem”. O homem conta histórias sobre pecados nefandos (crimes abomináveis), atos de sodomia que ocorreram durante a conquista. O que se sabe sobre tradições pré-hispânicas homoeróticas? Como é que a moralidade cristã transforma a relação dos nativos com o sexo? Nefandus olha atentamente para a paisagem, o seu movimento e seus sons por pistas de histórias que permaneçam por contar e que tenham sido largamente ignoradas e estigmatizadas em relatos históricos.


Reichrichter, Zurich, 2012, 7´20” (LOOP 2012)

Equipado com uma das primeiras câmaras de vídeo digitais da Europa, em 1996, Marcus Vila Richter realizou entrevistas de vídeo com os convidados do Café “Zurique” – uma instituição de Barcelona – poucos dias antes da sua demolição. Como o som das gravações tinha sido perdido, o material não foi utilizado.

Doze anos depois Reich e Richter entrevistaram pedestres em Barcelona sobre o desaparecido Café “Zurique”. O comentário de áudio contemporâneo e as imagens de vídeo antigas são reunidas num processo especialmente desenvolvido. Este método de combinar som e imagem é um ato violento de corte e trituração, de desmembrar e fragmentar o plano da imagem.


Uriel Orlow, Holy Precursor (Santo Precursor), 2011, 14’13’’ (LOOP 2011)

Holy Precursor (Santo Precursor) é uma meditação sobre o ciclo de presença e ausência, os vestígios da vida após a morte, e a natureza como um testemunho solene da história no presente. O vídeo explora a justaposição do quotidiano rural e fragmentos de práticas antigas sagradas na construção de edifícios numa aldeia na Anatólia Oriental, Turquia. Em Holy Precursor o olho toca e o ouvido vê: decifrando o palimpsesto que é o mundo físico, movendo-se entre os sedimentos da história antiga e recente, em paisagens, pedras e músicas, imersas num ritmo de alucinação visual e auditiva.


Aurélien Froment, L’adaptation manifeste, 2008, 6’17’’ (LOOP 2010)

Neste vídeo, o artista investiga o ato de ler como representado no cinema. Uma atriz, Karine Lazard, foi convidada para realizar cenas de filmes em que a leitura ocorre, imitando as ações de Brigitte Bardot em Le Mépris, Julianne Moore em The Hours, Oskar Werner em Fahrenheit 451, e outros. O vídeo funciona tanto como uma antologia do motivo da “leitura no filme” e uma précis de diversos géneros cinematográficos e estilos de representar (…). Ao mesmo tempo, os episódios reencenados quase que perversamente transformam o ato solitário e cerebral da leitura num ato altamente performativo e manifestamente exterior. (Jessica Morgan in Art Forum, Setembro de 2008).


23h15

EAI – Electronic Arts Intermix: ASSEMBLAGES
Curadoria de Lori Zippay
Duração da sessão 60’

 

Electronic Arts Intermix (EAI), é uma organização sem fins lucrativos, que detém uma das mais extensas coleções de trabalhos de vídeo e media. A coleção abrange a década de 1960 até ao presente, a partir de obras seminais de artistas pioneiros de vídeo a trabalhos digitais de uma nova geração de artistas de imagens em movimento. Este programa exibe duas imagens em movimento “assemblages” criadas com 45 anos de distância.

O programa destaca uma rara exibição de Assemblage, um filme perdido de 1968, recentemente descoberto, que exibe o dançarino e coreografo Merce Cunningham. Nunca visto por décadas, esta colaboração com o cineasta Richard Moore apresenta Cunningham e a sua companhia a dançar num evento público na Ghirardelli Square de São Francisco. 

O desempenho fascinante de Cunningham – concebido desde o início como uma dança encenada para a câmara – é amplificado por efeitos visuais surpreendentes de Moore e uma banda sonora de John Cage, David Tudor e Gordon Mumma.

Este raro filme de Cunningham, redescoberto depois da sua morte é precedido por Binocular Menagerie, uma nova obra da artista Leslie Thornton que é também uma impressionante “assemblage” de movimentos e imagens naturais e abstratas. Thornton apresenta dois campos circulares, lado a lado, para criar um efeito binocular. Imagens de animais à esquerda são dobradas sobre si mesmas em cores vivas, abstrações caleidoscópicas à direita. Criado para exibição pública no espaço arquitetónico da Times Square, em Nova Iorque, o trabalho de Thornton é uma dança de revelação e de ressonância de movimento e padrão.


Leslie Thornton, Binocular Menagerie, 2014, 2’50’’

Binocular Menagerie apresenta uma grande variedade de animais de diferentes espécies – aves, répteis, mamíferos, alguns exóticos, outros familiares e comuns. Thornton usa um simples jogo de imagens, direto e abstraído, para fazer realçar as dimensões do comportamento animal, que geralmente passam despercebidas. Dois campos circulares aparecem lado a lado, criando um efeito binocular. O efeito é inesperado e profundo: o espectador observa pequenos tremores e mudanças (por exemplo, um pequeno coração a bater) na esfera da esquerda, ao apanhar o movimento ressonante idêntico, multiplicado, reformulado, e descarnado no padrão da direita. O efeito é de um vislumbre num outro ser, uma visão prévia à linguagem e fora das nossas expectativas. O meditativo trabalho de câmara de Thornton localiza os movimentos das relações dos predadores/presas nos mais subtis fragmentos e configurações de comportamento e morfologia.


Merce Cunningham & Richard Moore, Assemblage, 1968, 58’

Assemblage apresenta uma dança que decorre num espaço fraturado e num tempo devastado. Cunningham explicou a sua ideia de que “o filme pronto irá lidar não tanto com a dança no sentido estrito, mas com vários movimentos – barcos em movimentos, as pessoas a andar, e, claro, grupos de dança.” Nesta colagem dinâmica, movimentos e momentos sobrepostos acontecem em janelas de filmes fragmentados, ou dentro de engenhosos planos sobrepostos. Para criar a colisão, de tirar o fôlego, de danças filmadas, Moore usou extensivamente ilusões óticas e processos de fotografia; dançarinos foram filmados como silhuetas e sobrepõem-se em vários fundos. 

Produzido para ser apresentado na estação da televisão pública KQED de São Francisco, Assemblage serve como testamento das inovadoras investigações de Cunningham sobre a dança e movimento dentro do espaço virtual do filme.

ENGLISH

“FUSO 2014 – August 27 to 31

Program

 

August 30, 10pm
Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) – Museu do Chiado

 

5 years, 6 works, 7 artists: LOOP Awards 2010-2014
Curatorship by Conrado Uribe
Total running time 52’

 

LOOP was born in Barcelona, 2003, as the first art fair exclusively devoted to video and moving image, in order to provide the space, attitude and attention required by these practices. LOOP has forged a strong community coming equally from the concomitant fields of contemporary art and cinema throughout its 12 editions. LOOP Fair program consists of a showcase of selected artists’ works presented by their galleries; a special area and meeting ground for platforms, distributors and magazines; and a professional forum of debate.

Each year, a reduced selection of artists’ films, in which premieres are specially considered, is undertaken by the LOOP Committee, chaired by the collector Jean-Conrad Lemaître and composed by the collectors Isabelle Lemaître, Josée and Marc Gensollen, Haro Cumbusyan and Renée Drake. LOOP participation is exclusively based on the committee’s review of the artists’ work proposed.

Understanding that these works are time-based, each gallery exhibits one project in the rooms of the hotel where it takes place, thus creating a setting tightly-focused on the artists’ work. The reduced scale of the event generates a lively familiar atmosphere, which is moreover articulated by a highly-specialised professional and collector’s program.

Since its first edition, LOOP Fair has established the LOOP Awards in order to distinguish the most outstanding works. An international jury of experts selects the awards and the work is then acquired by Screen Projects/LOOP and lent to MACBA Foundation – Museum of Contemporary Art of Barcelona. Personalities such as Bartomeu Marí (MACBA), Mark Nash (Documenta 11), Manolo Borja-Villel (Museum Reina Sofia), Christine van Assche (Centre Georges-Pompidou) or Barbara London (MoMA) have contributed by selecting the awarded pieces.

Enrique Ramirez, Cruzar un Muro, 2012, 5’12’’ (LOOP 2014)

Cruzar un Muro (Crossing a Wall) is a film, inspired by the 13th Article of the Universal Declaration of Human Rights, which affirms that “Everyone has the right to leave any country, including their own, and to return to one’s country”. In this film, a waiting room of a public office for immigration matters, located «somewhere», is the scenario which converges all the human aspirations of our time… The waiting, the conviction, the longing and the right of everyone to dream, to travel, to cross, to have freedom of movement and residence within the borders of each state or the right of returning to their country of origin.


Pablo Lobato, Corda, 2014, 7’ (LOOP 2014)

Círio de Nazaré, held in Belém (Brazil) since 1793, is one of the biggest Catholic processions in the world. Each year millions of pilgrims walk around the saint’s statue competing for the privilege of holding the long sisal rope that leads the carriage throughout the city streets. In disarray with the celebration rules, and in order to assure their relics, some believers cut the rope in the middle of the ritual. The video brings together two different subjects: one linear, guided by the rope’s entirety, the other chaotic, related to the cut.


Carlos Motta, Nefandus, 2013, 12’17’’ (LOOP 2013)

A man travels by canoe down the Don Diego river (Sierra Nevada de Santa Marta, Colombian Caribbean), a landscape of “wild” beauty. The man tells stories about abominable crimes, acts of sodomy that took place during the conquest. What is known about homoerotic pre-hispanic traditions? How did Christian morality transform the natives’ relationship to sex? Nefandus attentively looks at the landscape, its movement and its sounds for clues of stories that remain untold and have been largely ignored and stigmatized in historical accounts.


Reichrichter, Zurich, 2012, 7´20” (LOOP 2012)

Equipped with one of Europe’s first digital video cameras, in 1996 Marcus Vila Richter conducted video interviews with guests of the Café “Zurich” – a Barcelonan institution – few days before its demolition. As the sound of the recordings had been lost, the material remained unused.

12 years later Reich and Richter interviewed pedestrians in Barcelona about the vanished “Zurich” Café. The contemporary audio commentary and the old video images are brought together in a specially developed process. This method of combining sound and image is a violent act of cutting and crushing, of dismembering and fragmenting the image plane.


Uriel Orlow, Holy Precursor (Santo Precursor), 2011, 14’13’’ (LOOP 2011)

Holy Precursor is a meditation on the cycle of presence and absence, the traces of the after-life, and nature as a solemn witness of history in the present. The video explores the juxtaposition of the rural everyday life and fragments of ancient holy practices in the building construction of a village in Eastern Anatolia, Turkey. In Holy Precursor the eye touches and the ear sees: deciphering the palimpsest that is the physical world, moving between sediments of ancient history, and recently in landscapes, stones and songs, immersed in a rhythm of visual and auditory hallucination.


Aurélien Froment, L’adaptation manifeste, 2008, 6’17’’ (LOOP 2010)

In this video the artist investigates the act of reading as represented in the movies. An actress, Karine Lazard, was asked to perform scenes from films in which reading takes place, imitating the actions of Brigitte Bardot in Le Mépris, Julianne Moore in The Hours, Oskar Werner in Fahrenheit 451, and others. The video works both as an anthology of the “reading on film” motif and a précis of various film genres and acting styles (…). At the same time, the re-enacted episodes almost perversely turn the solitary and cerebral act of reading into a highly performative and manifestly outward act. (Jessica Morgan for Art Forum, September 2008).


August 30, 11:15pm
Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) – Museu do Chiado

 

EAI – Electronic Arts Intermix: ASSEMBLAGES
Curatorship by Lori Zippay
Total running time 60’

 

Electronic Arts Intermix (EAI), a New York-based non-profit organisation, holds one of the most extensive collections of video and media works by artists. The collection spans the 1960s to the present, from seminal works by pioneering video artists to digital works by a new generation of moving-image artists. This program features two moving-image “assemblages” created over 45 years apart.

The program highlights a rare screening of Assemblage, a recently rediscovered lost film from 1968, featuring legendary dancer and choreographer Merce Cunningham. Unseen for decades, this collaboration with filmmaker Richard Moore features Cunningham and his company dancing in a public event in San Francisco’s Ghirardelli Square. 

Cunningham’s riveting performance – conceived from the beginning as a dance staged for the camera – is amplified by Moore’s astonishing visual effects and a soundtrack by John Cage, David Tudor and Gordon Mumma.

This rare Cunningham film, rediscovered after Cunningham’s death is preceded by Binocular Menagerie, a new work by artist Leslie Thornton that is also a stunning “assemblage” of natural and abstracted movements and imagery. Thornton presents two circular fields, side by side, to create a binocular effect. Images of animals on the left are folded back onto themselves in vivid, kaleidoscopic abstractions on the right. Created for public exhibition at the architectural space of New York’s Times Square, Thornton’s work is a revelatory and resonant dance of motion and pattern.

Leslie Thornton, Binocular Menagerie, 2014, 2’50’’

Binocular Menagerie features a wide array of animals of various species – birds, reptiles, mammals, some exotic, others familiar and commonplace. Thornton uses a simple play of direct and abstracted imagery to bring out dimensions of animal behaviour which generally go by unheeded. Two circular fields appear side by side, creating a binocular effect. The effect is unexpected and profound: the viewer notices minor tremors and shifts (a small heart beating, for example) in the left sphere, by catching the very same resonant motion, multiplied, recast, and disembodied in the pattern on the right. The effect is of a glimpse into another being, a view prior to language and outside of our expectations. Thornton’s beautiful, meditative camerawork locates the movements of predator/prey relations in the subtlest fragments and configurations of behaviour and morphology.


Merce Cunningham & Richard Moore, Assemblage, 1968, 58’

Assemblage presents a dance that unfolds across fractured space and inside shattered time. Cunningham explained his idea that “the finished film will deal not so much with dance in the narrow sense, but with various motions – boats moving, people walking, and, of course, groups dancing.” In this dynamic collage, overlapping movements and moments occur in fragmented film windows, or within ingenious superimposed shots. To create the breathtaking collision of filmed dances, Moore used extensive optical illusion and photography processes; dancers were filmed as silhouettes and superimposed on multiple backgrounds.

Produced for broadcast by San Francisco’s public television station KQED, Assemblage serves as a testament to Cunningham’s groundbreaking investigations of dance and movement within the virtual spaces of film itself.