“ANTROPOCENAS”

Rita Natálio, João dos Santos Martins

ENGLISH

 

“Here is a lesson: what happens to people and what happens to the land is the same thing.” 

LINDA HOGAN 

 

“- Eu sou uma pessoa doente
– Sofres de quê?
– Alteração climática.” 

RITA NATÁLIO 

 

Antropocenas é uma colaboração entre Rita Natálio e João dos Santos Martins com a contribuição de diversos agentes nas áreas da ecologia, dança, antropologia e artes visuais. Uma palestra dançada onde plantas, pedras, gatos, dildos e relva-nas-axilas podem ser os principais oradores, onde samambaias discutem os seus direitos jurídicos, sacos de plástico suicidam-se, animais fazem petições contra a sua extinção, jardineiros cortam os cabelos de plantas humanas, onde abraçamos ursinhos de poluição, comemos terra. Textualmente, ideias da história de arte e da antropologia contemporânea misturam-se, opõem-se, matam-se e esfolam-se para destituir certos ideais de natureza. Parte-se da discussão em torno do Antropoceno e da atual crise climática, mas também das cosmologias ameríndias, das etnografias multi-espécie, do racismo estrutural, do blues dos robots e de um tronco de sumaúma cortado para que humanos pudessem dançar sobre ele. Sabemos que ecocídio=genocídio e que não vamos mudar o mundo porque este já acabou. O meio ambiente é um ambiente partido ao meio. O capitalismo é um eterno garimpo do ou(t)ro. Ecologia não desce a temperatura. Partimos de um exercício de inverter ou suspender alguns lugares comuns: e se em vez de pensarmos a natureza como mãe, pensássemos a natureza como amante ou paciente em estado terminal? E se tentássemos pensar ecologia sem natureza? E se abandonássemos o conceito de humano e nos assumíssemos como máquinas de compostar? E se nos deixarmos levar pela empatia com o não-humano, um submundo onde convivem simultaneamente a ideia que temos de mundo natural mas também certos corpos humanos desumanizados, escravizados? Um requiem celebratório, enlutado e mais próximo da catástrofe do que da purificação. Ecologia melancólica ou arte de aprender a desesperar. Antropo ma non troppo.

 

Ficha técnica

Conceção e Curadoria Rita Natálio, João dos Santos Martins

Proposta inicial e Texto Rita Natálio

Dança Ana Pi, Ana Rita Teodoro, João dos Santos Martins

Artes visuais Pedro Neves Marques

Música Winga Kan

Assistência dramatúrgica e de ensaios Joana Levi

Performer-conferencista Jota Mombaça AKA Mc Katrina

Escultura Alexandra Ferreira

Topiária José Vilarinho

Participação especial Maria Inês Gameiro, Pedro Fazenda, Ana Paços

Cabelo (Rita Natálio) Ana Fernandes/Griffe Hairstyle

Luz Eduardo Abdala

Som Hugo Valverde, Ricardo Crespo

Consultores e Autores da publicação Renato Sztutman, Suely Rolnik, Ailton Krenak, Paulo Tavares

Design de publicação Isabel Lucena

Produção Associação Parasita

Apoio à produção Circular Associação Cultural

Produção executiva David Cabecinha, Patrícia Azevedo da Silva, João dos Santos Martins, Rita Natálio

Coprodução Materiais Diversos, São Luiz Teatro Municipal, Festival Temps d’Images, Centro Cultural Vila Flor

Apoio Fundação GDA, Goethe-Institut São Paulo, Departamento de Biologia Vegetal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, MARE, Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, Forbo Flooring Systems, Departamento de Escultura em Pedra do Centro Cultural de Évora

Residências Culturgest, O Espaço do Tempo, Materiais Diversos, Centro de Criação do Candoso, 23 Milhas, Devir Capa, Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas

Parcerias BUALA

Agradecimentos Rua das Gaivotas 6, Teatro Municipal Maria Matos, Ana Amorim, Vanda Brotas, Pedro Fazenda, Manuel João Martins, Teresa Rocha Santos, João Pinto da Costa, Armando Duarte, Manuel Miranda Fernandes

Registo videográfico Jorge Jácome e Marta Simões

Registo fotográfico José Carlos Duarte

Financiamento Ministério da Cultura/DGArtes – Direção-Geral das Artes

“ANTROPOCENAS”

Rita Natálio, João dos Santos Martins

 

Antropocenas is a collaboration between Rita Natálio and João dos Santos Martins with the contribution of several agents in the areas of ecology, dance, anthropology and visual arts. A dancing lecture where plants, stones, cats, dildos and grassed-armpits may be the main speakers, where ferns discuss their legal rights, plastic bags commit suicide, animals create petitions against their extinction, gardeners cut the hair of human plants, where we hug teddy bears of pollution, where we eat dust. Textually, ideas of art history and contemporary anthropology are mixed, opposed, killed and skinned to dismiss certain ideals of nature. We start from the discussion around the Anthropocene and the current climate crisis, but also from the Amerindian cosmologies, multi-species ethnographies, structural racism, the blues from the robots, and from a cutted kapok tree trunk so humans could dance on it. We know that ecocide equals genocide and we will not change the world because this is over. The environment is a splitted one. Capitalism is an eternal gold-digging of the other. Ecology does not decrease the temperature. We start from an exercise when we try to reverse or suspend some common places: what if instead of thinking about nature as a mother, we think of it as a lover or a terminal patient? What if we tried to think ecology without nature? What if we abandoned the human concept and assumed ourselves as machines to compost? And if we let ourselves be led by the empathy with the nonhuman, an underworld where both the idea of ​​the natural world and the dehumanized, enslaved human bodies coexist simultaneously? A festive requiem, mourned and closer to the catastrophe than to purification. A melancholy ecology or the art of learning to despair. Antropo ma non troppo.

 

Credits

Concept and Curatorship Rita Natálio, João dos Santos Martins

Initial proposal and Text Rita Natálio

Dance Ana Pi, Ana Rita Teodoro, João dos Santos Martins

Visual arts Pedro Neves Marques

Soundtrack Winga Kan

Dramaturgical and Rehearsals assistant Joana Levi

Performer-lecturer Jota Mombaça AKA Mc Katrina

Sculpture Alexandra Ferreira

Topiary José Vilarinho

Special participation Maria Inês Gameiro, Pedro Fazenda, Ana Paços

Hair (Rita Natálio) Ana Fernandes/Griffe Hairstyle

Lighting design Eduardo Abdala

Sound Hugo Valverde, Ricardo Crespo

Publishing authors and advisors Renato Sztutman, Suely Rolnik, Ailton Krenak, Paulo Tavares

Publication design Isabel Lucena

Production Associação Parasita

Production support Circular Associação Cultural

Executive production David Cabecinha, Patrícia Azevedo da Silva, João dos Santos Martins, Rita Natálio

Co-production Materiais Diversos, São Luiz Teatro Municipal, Festival Temps d’Images, Centro Cultural Vila Flor

Support Fundação GDA, Goethe-Institut São Paulo, Departamento de Biologia Vegetal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, MARE, Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, Forbo Flooring Systems, Departamento de Escultura em Pedra do Centro Cultural de Évora

Residencies Culturgest, O Espaço do Tempo, Materiais Diversos, Centro de Criação do Candoso, 23 Milhas, Devir Capa, Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas

Partner BUALA

Acknowledgements Rua das Gaivotas 6, Teatro Municipal Maria Matos, Ana Amorim, Vanda Brotas, Pedro Fazenda, Manuel João Martins, Teresa Rocha Santos, João Pinto da Costa, Armando Duarte, Manuel Miranda Fernandes

Video recording Jorge Jácome, Marta Simões

Photography José Carlos Duarte

Financial support Ministério da Cultura/DGArtes – Direção-Geral das Artes