“KASPAR: PALAVRA SOPRADA | INTERVALO”

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KASPAR: PALAVRA SOPRADA

Espetáculo no lugar do ponto de teatro. Assistirá a uma encenação da peça Kaspar (1967), de Peter Handke, numa situação próxima à daquele elemento da equipa que, com o texto anotado, acompanha o ator, pronto para lhe valer no calvário de uma branca recorrente ou de uma aflição inesperada. Como por vezes sucede a estes artistas invisíveis, estará sozinho num camarim ou noutra sala dos bastidores, seguindo o curso do espetáculo através da munição de som do palco e de uma câmara de vídeo, junto ao microfone que lhe permitirá levar a deixa ao ouvido do ator em cena. Tratando com liberdade a história verídica da criança selvagem Kaspar Hauser, Handke dá-nos a ver e ouvir o processo de chegada à casa da linguagem. Neste trânsito Kaspar perde a única frase que sabe dizer – “Gostava de ser como alguém que já em tempos existiu” – para chegar a uma situação inteiramente nova marcada por uma longa intervenção que começa com: “Sou saudável e forte.” Na segunda parte da peça, que não integra o espetáculo, assiste-se a um novo movimento, no qual a dissolução identitária da personagem conduz à frase com que o texto termina: “Eu: sou: apenas: cabras e macacos”. Acompanhando Kaspar, seguimos um percurso como ele poderá acontecer quando o desejo de integração encontra nas vozes do mundo o apelo à conformidade, seguimos esse caminho como testemunhas silenciosas ou, talvez, soprando a palavra esperada. 

 

INTERVALO

Em Intervalo, o artista João Ferro Martins responde às indicações que Peter Handke dá em Kaspar para o ambiente sonoro do intervalo da peça, propondo uma instalação que dialoga com o interior do edifício teatral e com o espetáculo de auto-teatro. O criador utiliza dos textos do Intervalo apenas as didascálias escritas por Handke para o profissional de som, ditas num registo sussurrado análogo ao dos pontos de teatro; a única exceção é uma sequência de falas sugeridas por Handke em que uma voz, aqui de uma mulher, ensina como se deve comportar à mesa. Estas opções despoletaram a criação de uma imagética ambiente, de texturas e de um universo melódico que cumprem um desejo de João Ferro Martins de elaborar um tema musical dedicado ao personagem atormentado desta peça.

 


Ficha técnica

KASPAR: PALAVRA SOPRADA (AUTO-TEATRO)

Direção Alexandre Pieroni Calado

Texto Peter Handke

Tradução Anabela Mendes

Interpretação Gustavo Salinas Vargas, Paula Garcia, Tiago Mateus

Vídeo João Seiça

Som Gonçalo Alegria

Desenvolvimento tecnologias interativas Artica CC

Assistente vídeo Ana Sofia Sousa

Produção executiva e Comunicação Andreia Páscoa

Desenho gráfico e de Comunicação Miguel Pacheco Gomes

Duração 50 minutos

 

INTERVALO (INSTALAÇÃO SONORA)

Criação João Ferro Martins

Voz e Violoncelo Joana Guerra

Voz Alexandre Pieroni Calado

Loop de 18 minutos

Apoio financeiro Direção-Geral das Artes, Governo de Portugal, Câmara Municipal de Almada, Embaixada da Áustria (Lisboa)

Financiamento da edição Teatro Nacional D. Maria II

“KASPAR: PALAVRA SOPRADA | INTERVALO”

 

KASPAR: PALAVRA SOPRADA 

A show taking place on the theatre’s prompt side. You will see a performance of Peter Handke’s play, Kaspar (1967), in a situation similar to the prompter who accompanies the actor, with the written text, ready to help him in the calvary of a recurring memory loss or unexpected affliction. Sometimes it is the case of these invisible artists, they will be alone in a dressing room or another one backstage, following the course of the show through the sound coming from the stage and a video camera, next to the microphone that will allow them to cue the actor on stage. Freely transforming the true story of the wild child Kaspar Hauser, Handke allows us to see and hear the process of arriving at the language domain. In this transit Kaspar forgets the only line he can say – “I would like to be as someone who once lived” – to achieve an entirely new situation marked by a long intervention that begins with: “I am healthy and strong.” In the play’s second term, which is not part of the show, there is a new movement in which the identity dissolution of the character leads to the ending phrase of the text: “I: I am: only: goats and monkeys.” Accompanying Kaspar, we follow a path as it can happen when the desire for integration finds in the voices of the world the call to conformity, we follow this path as silent witnesses or perhaps, blowing the expected word.

 

INTERVALO

In Intervalo, the artist João Ferro Martins responds to the instructions that Peter Handke gives in Kaspar for the sound space of the show’s break, proposing an installation that dialogues with the interior of the theatrical building and with the show of self-theater. The creator only uses the script notes from texts of Intervalo written by Handke to the sound expert, said in a whispered register analogous to the one of the prompter; the only exception is a sequence of lines suggested by Handke in which a woman’s voice teaches how to behave at the table. These options triggered the creation of an imagistic environment, of textures and a melodic universe that fulfill a desire of João Ferro Martins to elaborate a musical theme dedicated to the tormented character of this play.

 

Credits

KASPAR: PALAVRA SOPRADA (AUTO-THEATRE)

Direction Alexandre Pieroni Calado

Text Peter Handke

Translation Anabela Mendes

Interpreters Gustavo Salinas Vargas, Paula Garcia, Tiago Mateus

Video João Seiça

Sound Gonçalo Alegria

Interactive technologies development Artica CC

Video assistant Ana Sofia Sousa

Executive production and Communication Andreia Páscoa

Graphic and Communication design Miguel Pacheco Gomes

Length 50 minutes

 

INTERVALO (SOUND INSTALLATION)

Concept João Ferro Martins

Voice and Cello Joana Guerra

Voice Alexandre Pieroni Calado

18 minutes loop

Financial support Direção-Geral das Artes, Governo de Portugal, Câmara Municipal de Almada, Embaixada da Áustria (Lisbon)

Financial support for editing Teatro Nacional D. Maria II