“Para Acabar com o Julgamento de deus”
JENNA THIAM, CATARINA RÔLO SALGUEIRO E SURMA
Para Acabar com o Julgamento de deus é a obra-testamento de Antonin Artaud.
Este poema radiofónico foi censurado na véspera da sua difusão, a 1 de fevereiro de 1948; Artaud morre um mês depois, deixando um legado de cartas que demonstram como se sentiu traído e incompreendido ao longo da vida. 74 anos mais tarde, a figura do poeta maldito encontrou justiça e o seu génio incontestado plana sobre quem quer fazer e, como ele, transcender o teatro.
Neste espetáculo, que é emissão de rádio e experiência sensorial para o público, queremos dar uma resposta a Artaud: amar o poeta e revoltarmo-nos contra ele, no mesmo gesto artístico; recriar Para acabar com o julgamento de deus e ao mesmo tempo acabar com o nosso conceito de génio e de obras-primas. Como escreveu o próprio: “As obras-primas do passado são boas para o passado, não para nós. Temos o direito de dizer o que foi dito e mesmo o que não foi dito de um modo que seja nosso, imediato, direto, que responda aos modos de sentir atuais e que todo o mundo compreenda.
Bio
Surma nasceu e cresceu na pequena aldeia de Vale Do Horto, onde começou, desde cedo várias aventuras com projectos musicais. Enquanto estudava no Ensino Secundário em Leiria venceu o ZUS! em 2014 com os Backwater & The Screaming Fantasy e em 2015 começou o seu projecto a solo a que chamou Surma, que rapidamente correu o pais e começou a despertar a atenção do público e da imprensa. Pelo meio frequentou o curso de Jazz no Hot Club, com especialidade em contrabaixo e voz e aventurou-se em pós-produção audiovisual. O seu disco de estreia acabava por ser adiado para o final de 2017, tendo “Antwerpen” merecido logo uma aclamação generalizada que a colocou num lugar cimeiro dos novos valores da música nacional. Meios como o Expresso, Público, Blitz ou Antena 3 votam-no como um dos melhores do ano e a Sociedade Portuguesa de Autores nomeou “Hemma” para melhor canção de 2017. Nos últimos dois anos apresentou-se ao vivo por mais de 200 vezes e por 16 países. Internacionalmente viu o seu disco de estreia ser editado em vários países europeus e ser nomeado para melhor disco independente do ano pela IMPALA (Associação Europeia de Editoras Independentes), conseguindo destaque em meios tão prestigiados como a BBC, o Musikexpress ou a NPR. Em dois anos Surma tem também corrido o pais desde pequenas salas a dezenas de festivais como o NOS Alive, o Vodafone Paredes de Coura, o Bons Sons, o Super Bock Super Rock e o NOS Primavera Sound. Continua vários trabalhos e residências colaborativas, mantém-se, desde 2016, como solista convidada dos Concertos para Bebés e foi responsável pela banda sonora da longa- metragem “SNU” e concorrente e finalista da edição de 2019 do Festival da Canção. Tem colaborado também com músicos tão distintos como Tiago Bettencourt, Tomara, Miguel ngelo, Gobi Bear, Captain Boy, Prana e Jerónimo. No final de 2019 lança um EP com a revisitação de alguns dos primeiros temas da sua carreira e prepara a edição do segundo longa-duração para o ano de 2021.
Catarina Rôlo Salgueiro nasceu em Lisboa em 1991. Concluiu o primeiro ano do curso Línguas, Literatura e Cultura da Faculdade de Letras de Lisboa. É diplomada em Teatro – Ramo Atores, pela Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC) e cocriadora do coletivo artístico Os Possessos. Como atriz, trabalhou com Maria João Luís/Teatro da Terra, Maria Duarte, Ricardo Neves-Neves/Teatro do Eléctrico, Teresa Coutinho, Teatro da Cidade, UmColectivo, Teatro Tapafuros, Byfurcação, Teatro Bocage, Companhia da Esquina e Teatro de Carnide. Colaborou com o coletivo Building Conversation, no Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII). Com Os Possessos, participou em Rapsódia Batman (2014), II – A mentira (2015), Marcha invencível (2017) e O Novo Mundo (2018). Fez assistência de encenação a Ricardo Neves-Neves (A Noite da Dona Luciana, de Copi, e Encontrar o Sol, de Edward Albee) e Tiago Rodrigues (Sopro, de Tiago Rodrigues). Em cinema trabalhou nos filmes Verão Danado, de Pedro Cabeleira, e A Herdade, de Tiago Guedes. Em televisão trabalhou com Fernando Vendrell em 3 Mulheres e na peça televisiva de Ricardo Neves-Neves para a RTP2 – A Preceptora.
Jenna Thiam é uma atriz francesa. Estudou teatro no CNSAD de Paris (Conservatoire National Supérieur d’Art Dramatique) de 2010 até 2013 e Literatura comparada na universidade Paris 8 (mestrado). Em 2011 entrou numa série que se tornou conhecida em França e no resto do mundo chamada Les Revenants. Depois dessa experiência começou a gravar com uma certa regularidade: trabalhou com Claude Lelouche, René Féret, Cédric Kahn. Em 2016 voltou outra vez a participar numa série, desta vez inglesa, The Collection que passou também em Portugal, na RTP, mais recentemente (2019). No ano 2018 entrou num filme de Mario Martone, Capri Revolution, que foi selecionado para o Festival de Veneza e no filme Mes provinciales de Jean-Paul Civeyrac selecionado para o Festival de Berlim. Também trabalhou com jovens cineastas como Caroline Deruas cujo filme L’indomptée, onde era protagonista, esteve em competição no Festival de Locarno em 2017 e Bertrand Mandico com quem fez uma curta metragem no final de 2018. Em 2020 a comédia Francesa Les Choses qu’on dit les Choses qu’on fait do realizador Emmanuel Mouret foi selecionada para o Festival de Cannes. No Teatro atuou na peça famosa do Georg Buchner ” A Morte de Danton” encenado por François Orsoni em 2016-2017. A peça estreou no MC93 Bobigny e no Théâtre de la Bastille em Paris, com tournée no Sul de França e Córsega. Atualmente, trabalha com uma jovem encenadora francesa, Pauline Bayle (colega do CNSAD), sobre uma adaptação das Ilusões Perdidas do Honoré de Balzac. A peça estreou no Théâtre National d’Albi em Janeiro 2020 e vai estar em cena um mês no Théâtre de la Bastille em Paris em Setembro de 2021.
Ficha Técnica
Criação e Interpretação:
Catarina Rôlo Salgueiro, Jenna Thiam e Surma
Tradução:
Catarina Rôlo Salgueiro e Jenna Thiam
Textos Acrescentados:
Jenna Thiam
Desenho e Operação de som:
Moritz Kerschbaumer
Cenografia e Figurinos:
Bruno Bogarim
Produção:
Leonardo Garibaldi
Fotografias:
Daniela Gandra
Co-produção:
Teatro do Bairro Alto e Bolsa de Criação O Espaço do Tempo
Apoio:
Fundação “la Caixa”: BPI
Residência artística:
O Espaço do Tempo
“To Have Done With the Judgment of god”
JENNA THIAM, CATARINA RÔLO SALGUEIRO AND SURMA
“To Have Done With the Judgment of god” is the name of Antonin Artaud’s last work. This radio play is censored on the eve of its intended broadcast, on February 8, 1948. Artaud dies a month later, leaving behind a legacy of letters that express how much he had felt betrayed and misunderstood all through his life. Seventy-four years later, the poète maudit found justice, and his unruly genius soars over those who want to make and like him transcend theatre.
With this performance, that consists in a radio broadcast and a sensorial experiment for the audience, we want toacknowledge Artaud: love the poet and rebel against him with the same artistic gesture: recreate “To Have Done With the Judgment of god” and at the same time, rethink our concept of genius and of masterpieces. As he wrote himself: “The masterpieces of the past are good for the past, not for us. We have the right to say what has been said and even what has not been said in a way that is ours, immediate, direct, that responds to current ways of feeling and that the whole world understands.
Bio
Surma was born and raised in the small village of Vale do Horto, where she began, from an early age, to invent several adventures with musical projects. While in Secondary School in Leiria she won, with Backwater & The Screaming Fantasy, the ZUS! in 2014, and in 2015 began her solo project which she called Surma, that was shown all over the country, beginning to arouse the attention of the public and the press. She frequented the Jazz course at the Hot Club, specializing in double bass and voice, and ventured into audiovisual post-production. Her debut album was postponed until the end of 2017, but “Antwerpen” soon deserved widespread acclaim, placing Surma amongst the new values of national music. Media outlets such as Expresso, Público, Blitz and Antena 3 elected it one of the best albums of the year and the Portuguese Society of Authors named “Hemma” for best song, in 2017. In the last two years she has played over 200 times in 16 countries. Internationally, she saw her debut album edited in several European countries and nominated for the best independent album of the year by IMPALA (European Association of Independent Publishers), achieving prominence in such prestigious media like the BBC, Musikexpress or NPR. Over the last two years Surma has also played across Portugal, from small venues to dozens of festivals such as NOS Alive, Vodafone Paredes de Coura, Bons Sons, Super Bock Super Rock and NOS Primavera Sound. Since 2016, she has been a guest soloist at the Concerts for Babies and was responsible for the soundtrack of the feature film “SNU”. Suma was competitor and finalist of the 2019 edition of Festival da Canção. She has also collaborated with distinguished musicians, such as: Tiago Bettencourt, Tomara, Miguel Ângelo, Gobi Bear, Captain Boy, Prana and Jerónimo. At the end of 2019, Surma releases an EP revisiting some of the first themes of her career, and in 2020 launched her second album “The Light Within”.
Catarina Rôlo Salgueiro was born in Lisbon in 1991. Finished the first year of Languages, Literature and Culture at the Faculty of Arts and Humanities of the University of Lisbon (FLUL). She has a bachelor degree in Theatre – Acting from Lisbon’s Film School (ESTC). She co-founded the artists collective, Os Possessos. As actress, Salgueiro has worked with Maria João Luís/Teatro da Terra, Maria Duarte, Ricardo Neves-Neves/Teatro do Eléctrico, Teresa Coutinho, Teatro da Cidade, UmColectivo, Teatro Tapafuros, Byfurcação, Teatro Bocage, Companhia da Esquina and Teatro de Carnide. Collaborated with the collective Building Conversation, at the Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII). Participated in “Rapsódia Batman” (2014) with “Os Possessos”, “II – A mentira” (2015), “Marcha invencível” (2017) and “O Novo Mundo” (2018). Salgueiro was assistant to the theatre directors Ricardo Neves-Neves (in Copi’s “A Noite da Dona Luciana”, and Edward Albee’s “Encontrar o Sol”) and Tiago Rodrigues (“Sopro”). Salgueiro acted in the films “Verão Danado”, by Pedro Cabeleira, and “A Herdade”, by Tiago Guedes, and in television worked with Fernando Vendrell in “3 Mulheres” and for TV (RTP2) in the play “A Preceptora”, by Ricardo Neves-Neves.
Jenna Thiam is a french actress. Between 2010 and 2013, studied theatre in the CNSAD – Conservatoire National Supérieur d’Art Dramatique, in Paris, and has a MA in comparative literature from the University Paris 8. The actress participated, in 2011, in a series that became well-known in France and the rest of the world called “Les Revenants”. After this experience, she worked in the cinema with a certain regularity, with directors such as Claude Lelouch, René Féret or Cédric Kahn. In 2016, she acted in another series, an English series, called “The Collection”, that was also broadcasted in Portugal (RTP) in 2019. In 2018, she was an actress in the film “Capri Revolution”, by Mario Martone, that was selected to the Venice Film Festival, and in the film “Mes Provinciales” by Jean-Paul Civeyrac, selected for the Berlinale – Berlin International Film Festival. Thiam also collaborated with young filmmakers, such as Caroline Deruas, as protagonist in the film “L’indomptée”, in competition at the Locarno Film Festival in 2017, and with Bertrand Mandico in “Choses qu’on fait”, by director Emmanuel Mouret, selected for the Cannes Film Festival. In the theatre, Thiam acted in the famous play by Georg Buchner ” A Morte de Danton” staged by François Orsoni in 2016-2017. The première took place at the MC93 Bobigny, and the Théâtre de la Bastille in Paris, followed by a tournée in the south of France and Corsica. Presently, she is working with a young French theatre director, Pauline Bayle (her colleague at CNSAD), on an adaptation of “Ilusões Perdidas” by Honoré de Balzac. The play premièred at the Théâtre National d’Albi in January 2020, and ran for a month in the Théâtre de la Bastille in Paris, in September 2021.
Credits
Creation and interpretation: Catarina Rôlo Salgueiro, Jenna Thiam and Surma
Translation: Catarina Rôlo Salgueiro and Jenna Thiam
Texts: Jenna Thiam
Sound design and operation: Moritz Kerschbaumer
Set and costumes: Bruno Bogarim
Production: Leonardo Garibaldi
Photographs: Daniela Gandra
Coproduction: Teatro do Bairro Alto, Bolsa de Criação O Espaço do Tempo<br>Support: Fundação “la Caixa” – BPI
Artistic residency: O Espaço do Tempo