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27 Agosto, 23h15
Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) – Museu do Chiado

 

Ecos de Encontros Solares
Curadoria de Isabel Alves
Duração da sessão 45’

 

A presente escolha pretende homenagear dois artistas contemporâneos, Phill Niblock e Ernesto de Sousa.

Phill Niblock tem um percurso artístico com mais de meio século de atividade como cineasta, fotógrafo e compositor. É diretor da Experimental Intermedia Foundation desde 1985, e a sua relação com Portugal partiu de um contacto próximo que estabeleceu com Ernesto de Sousa a partir do final da década de 1970. A apresentação de Ultimatum, deste último, na Experimental Intermedia Foundation, em 1983, esteve na génese da “Bolsa de Arte Experimental Intermédia – Bolsa Ernesto de Sousa”.

Assim, desde 1992 até 2013, durante 20 edições, sob a orientação de Niblock, foram beneficiários da Bolsa, que tinha lugar em Nova Iorque, criativos como Rafael Toral, Manuel Mota, Margarida Garcia, João Paulo Feliciano, David Maranha, Adriana Sá ou André Gonçalves, entre outros. 

Entre as suas múltiplas áreas de atividade Phill Niblock trabalhou com Sun Ra. O filme The Magic Sun foi rodado em 1968, no ambiente artístico alternativo de Nova Iorque. Através da gravação de um grande plano do músico e do instrumento, Niblock conseguiu transformar este filme de 17 minutos, também pela intensidade das imagens e do som, num clássico do cinema underground.

Por coincidência temporal, teve lugar em Agosto de 1969 um acontecimento de que Ernesto de Sousa foi o principal dinamizador – O Encontro do Guincho – que designou por “encontro como arte” (“meeting as art”). O ponto de partida foi um projeto de Noronha da Costa para um filme. Do programa constava a destruição a tiro de um objeto deste artista. Colaboraram nesta ação, além dos dois citados artistas, os alunos do Curso de Formação Artística. Estiveram ainda presentes, entre outros: Melo e Castro, Maria Alberta Menéres, Carlos Calvet, Fernando Pernes, Ana Hatherly, Artur Rosa, Helena Almeida, Jorge Peixinho, Clotilde Rosa e António Pedro Vasconcelos, entre outros.

Deste “happening” resultaram diversos registos fílmicos, um deles de Carlos Calvet. Os que esta sessão dará a ver são da autoria de Manuel Torres e de Joaquim Barata. 

Esta sessão termina com o filme de Manuel Torres, Convívio no Carrascal, 1967, Alunos e professores do Curso de Formação Artística (CFA) da SNBA (1967) que reflete o espírito de interação entre alunos e professores do CFA, entre os quais se encontram, José-Augusto França, Manuel Tainha, Adriano de Gusmão, Ernesto de Sousa, Sena da Silva, Blanc de Portugal, Santos Simões, Fernando Conduto, Sá Nogueira, entre outros.

Phill Niblock, The Magic Sun, 1966, 17’

Em 1968, o realizador e compositor minimalista Phill Niblock filmou Sun Ra Arkestra a atuar no telhado dum edifício em Nova Iorque. Capturando extremos close-ups (dedos a tocar nas teclas, lábios a sobrar ar e címbalos a vibrar rapidamente) em alto contraste da película a preto e branco, Niblock concebeu uma montagem impressionante de 17 minutos que se tornou um clássico do cinema underground. O ritmo cinético do The Magic Sun combina perfeitamente com o som amorfo e movimento livre do Arkestra. Enquanto as imagens de Niblock voam, parecem fundir-se e enevoar-se, tanto como as curvas fluidas do Arkestra se sobrepõem e constroem em nuvens intangíveis de energia.


Joaquim Barata, Encontro do Guincho, 1969, organizado por Ernesto de Sousa, 1969, 5’

“(…) Na prática e de uma maneira deliberada e progressivamente mais consciente procuramos destruir a diferença entre a crítica e a operação estética, pelo menos no setor das “artes”, até aqui mais ou menos discretas. A informação e discussão dos novos meios operatórios do processo estético moderno (valência do conceptual sobre o objetual, do projeto sobre o objeto) tomam aquela confluência mais urgente e útil. Um certo número de operações que vamos identificando com o nosso próprio projeto criativo são exemplo disso e doutras confluências (passado, futuro, o mesmo e o outro, etc.). Nomearei o encontro como arte (meeting as art) e o passado como arte (past as art). A primeira destas operações começou em 1969, num Encontro no Guincho.”

Ernesto de Sousa, in “Abril”, Revista de Reflexão Socialista, 9/11/1978


Manuel Torres, Encontro do Guincho, 1969, organizado por Ernesto de Sousa, 1969, 5’


Manuel Torres, Convívio no Carrascal, 1967, 1967, 5’

Alunos e professores do curso de Formação Artística da SNBA


Ernesto de Sousa, Nós Não Estamos Algures, 1969, 9’36’’

Documentação sobre o Exercício de Poesia Comunicação realizado no Teatro Primeiro Acto em Algés, com a presença de Almada Negreiros. Música de Jorge Peixinho.

August 27, 11:45pm
Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) – Museu do Chiado

 

Ecos de Encontros Solares
Curatorship by Isabel Alves
Total running time 45’

 

This proposal aims to honor two contemporary artists, Phill Niblock and Ernesto de Sousa.

Phill Niblock, has an artistic career of more than half a century of activity as a filmmaker, photographer and composer. He is the director of the Experimental Intermedia Foundation since 1985. His relationship with Portugal developed itself from a close encounter with Ernesto de Sousa from the late 70s on. The presentation of Ultimatum by Ernesto de Sousa, at the Experimental Intermedia Foundation in 1983 marked out the beginning of the Experimental Intermedia Art Grant – Ernesto de Sousa Grant.

From 1992 to 2013, twenty grants for this New York residency, overseen by Niblock, were given to artists including Rafael Toral, Manuel Mota, Margarida Garcia, João Paulo Feliciano, David Maranha, Adriana Sá or André Gonçalves, among others.

Among his multiple areas of activity, Phill Niblock worked with Sun Ra. The film The Magic Sun was shot in 1968 in the alternative art scenario of New York. By recording a close-up of the musician and instrument, adding the intensity of the images and sound, Niblock managed to turn this 17-minute film into a classic of underground cinema.

By coincidence, an event for which Ernesto de Sousa was the main driving force, The Guincho Meeting, what he called “meeting as art” took place in August 1969. The starting point was a film project by Noronha da Costa and the program included the close-up destruction of an object by this artist. Art students from the Artistic training course participated in this event along with Ernesto de Sousa and Noronha da Costa. Were also present at this meeting: Melo e Castro, Maria Alberta Menéres, Carlos Calvet, Fernando Pernes, Ana Hatherly, Artur Rosa, Helena Almeida, Jorge Peixinho, Clotilde Rosa and Antonio Pedro Vasconcelos, among others.

This “happening” resulted in several filmic documentations, one of them by Carlos Calvet. The session will present those by Manuel Torres and Joaquim Barata.

This session ends with a film by Manuel Torres, The Meeting at Carrascal, 1967, Students and teachers of the Artistic training course of SNBA (1967) that reflects the spirit of interaction between CFA’s students and teachers, including José Augusto França, Manuel Tainha, Adriano de Gusmão, Ernesto de Sousa, Sena da Silva, Blanc de Portugal, Santos Simões, Fernando Conduto and Sá Nogueira, among others.

Phill Niblock, The Magic Sun, 1966, 17’

In 1968, filmmaker and minimalist composer Phill Niblock shot the Sun Ra Arkestra performing on the roof of a New York City apartment building. Capturing extreme close-ups (fingers striking keys, lips blowing air, cymbals vibrating rapidly) on high-contrast black and white film, Niblock crafted a striking 17-minute montage that became a classic of underground cinema. The Magic Sun’s kinetic rhythm perfectly matches the Arkestra’s amorphous, free-flying sound. As Niblock’s images fly by, they seem to merge and blur, much as the fluid curves of the Arkestra overlap and build into intangible clouds of energy.


Joaquim Barata, Encontro do Guincho, 1969, organizado por Ernesto de Sousa, 1969, 5’

“(…) In practice and in a deliberate and progressively more conscious way we seek to destroy the difference between criticism and aesthetic operation, at least in the field of the “arts”, so far more or less discrete. The information and discussion of new operational means of the modern aesthetic process (primacy of concept over object, project over subject) assume that confluence more urgent and useful. A number of operations that we identify with our own creative project are an example of these and other confluences (past, future, the oneself and the other, etc.). I will name the meeting as art and the past as art. The first of such operation began in 1969, with a meeting at Guincho.”

Ernesto de Sousa, in “Abril”, Socialism Thinking Journal, 1978/11/9


Manuel Torres, Encontro do Guincho, 1969, organizado por Ernesto de Sousa, 1969, 5’


Manuel Torres, Convívio no Carrascal, 1967, 1967, 5’


Ernesto de Sousa, Nós Não Estamos Algures, 1969, 9’36’’

A documentation on the Exercício de Poesia Comunicação performed at Primeiro Acto Theatre in Algés, with the presence of Almada Negreiros. Soundtrack by Jorge Peixinho.