“DE PERTO, UMA PEDRA”
Carolina Campos, João Fiadeiro, Leonardo Mouramateus
De perto, uma pedra completa a frase que poderia ter sido escrita por Bruno Munari após From afar it was an island, título de um livro que escreveu para crianças e que João Fiadeiro “pediu emprestado” para nomear o espetáculo que estreou no Festival DDD no Porto de 2018 (a partir de uma encomenda do Alkantara Festival).
Este movimento de revisitação, para ambientes “in situ”, de obras originalmente desenhadas para palco, é uma prática cada vez mais recorrente no percurso de João Fiadeiro. Retomar e remontar a mesma matéria, mas em modo “unplugged”, libertando-a da tirania da narrativa que o aparato teatral obriga, é uma necessidade que se tem tornado “vital” na sua relação com os objetos e artefactos que produz. Tem também o objetivo de proporcionar ao público uma experiência de emersão e envolvimento que a condição de “espectador” não ajuda, mas que a condição de “visitante” potencializa. Como se, para anular a expectativa do espectador (e ativar uma perceção da ordem do sensorial e do sensível), fosse necessário retirá-lo do “lugar marcado” (fixo, imóvel e inerte) que normalmente ocupa na plateia.
O que propomos com De perto, uma pedra é exatamente aquilo que a frase sugere: proporcionar ao espectador/visitante que olhe de perto (e por dentro) de um trabalho que foi originalmente desenhado para ser olhado de longe (e de fora). Para que possa, assim, extrair (da ilha) uma pedra. Essa pedra não é nem mais nem menos preciosa do que a ilha de onde ela foi retirada. Ela não é a parte de um todo. Ela é um todo. Não ambiciona por isso explicar, justificar ou ilustrar a obra-ilha. Pretende simplesmente reafirmar (tal como Munari sugere) que todas as coisas são o que são (ou o que se tornam) dependendo da perspetiva e da escala em que as experimentamos.
De perto, uma pedra serve também para fazer um elogio ao lugar do processo (ao ato de “partir pedra”) como território de direito próprio e que tem na figura da “performance-conferência“ uma plataforma justa para se manifestar.
Ficha técnica
Conceito João Fiadeiro
Codirecção João Fiadeiro, Leonardo Mouramateus, Carolina Campos
Performance e cocriação Carolina Campos, Adaline Anobile, Márcia Lança (em substituição de Nuno Lucas), Iván Haidar, Julián Pacomio
Captação sonora em tempo real João Bento
Luzes Leticia Skrycky
Espaço João Fiadeiro e equipa a partir do espaço cénico de From afar it was an island de Nadia Lauro (cenografia), Gabriela Forman (figurinos) e Bruno Bogarim (objetos)
Produção Sinara Suzin
Difusão Somethinggreat
Coprodução (De perto, uma pedra) Temps d’Images/DuplaCena, Atelier REAL
Coprodução (From afar it was an island) Alkantara, Festival DDD, Teatro Viriato, Teatro Avenida, Centre National de la Danse
Apoio Câmara Municipal de Lisboa, Polo Cultural Gaivotas | Boavista
From afar it was an island foi financiado por DGArtes – Direção-Geral das Artes
“FROM UP CLOSE, A STONE”
Carolina Campos, João Fiadeiro, Leonardo Mouramateus
De perto, uma pedra (From up close, a stone) completes the phrase that might have been written by Bruno Munari after From afar it was an island, the title of a book that he wrote for children, and that João Fiadeiro “borrowed” to name the show he opened at the DDD 2018 Festival in Porto (based on a commission by the Alkantara Festival).
This movement of revisiting, in an “in situ” environment, works originally designed for the stage, is an increasingly recurring practice in João Fiadeiro’s journey. To retake and reassemble the same material, but “unplugged”, freeing it form the tyranny of the narrative, which the theatrical apparatus requires, is a necessity that has become “vital” in his relationship with the objects and artifacts he produces. His objective is also to enable the public to experience an immersion and envelopment which the condition of “spectator” does not support but which the condition of “visitor” allows. As if, in order to eliminate the expectation of the spectator (and activate a perception at the level of the sensorial and the sensitive), it was necessary to remove him from the “assigned place” (fixed, immovable and inert) which the audience normally occupies.
What we propose with De perto, uma pedra is exactly what the phrase suggests: to allow the spectator/visitor to look up close (and within) a work that was originally designed to be seen from afar (and from outside). In order to then extract, from the island, a stone. That stone is no more nor less precious than the island from which it was removed. It is not part of a whole. It is a whole. Therefore, it doesn’t aim to explain, justify or illustrate the island-work. It simply aims to reaffirm (as Munari suggests) that all things are what they are (or what they become) depending on the perspective and scale in which we experience them.
De perto, uma pedra is also motivated by the desire for complimenting the process (the act of “breaking stone”) as a territory with its own right, and which contains, within the figure of the “conference-performance” a fair platform for its manifestation.
Credits
Concept João Fiadeiro
Co-directors João Fiadeiro, Leonardo Mouramateus, Carolina Campos
Performance and co-created by Carolina Campos, Adaline Anobile, Márcia Lança (replacing Nuno Lucas), Iván Haidar, Julián Pacomio
Real time sound capture João Bento
Lights Leticia Skrycky
Space João Fiadeiro and team based on the scenic space of From afar it was an island by Nadia Lauro (scenography), Gabriela Forman (costumes) and Bruno Bogarim (props)
Production Sinara Suzin
Promotion Somethinggreat
Co-production (De perto, uma pedra) Temps d’Images/DuplaCena, Atelier REAL
Co-production (From afar it was an island) Alkantara, Festival DDD, Teatro Viriato, Teatro Avenida, Centre National de la Danse
Support Câmara Municipal de Lisboa, Polo Cultural Gaivotas | Boavista
From afar it was an island was funded by DGArtes – Direção-Geral das Artes