Vencedor Loops.Lisboa 2018
AQUELA VELHA QUESTÃO DO SOM E DA IMAGEM
2’47’’, 2000
Uma paisagem que se move (através das bobines encontradas num cinema velho e devoluto), um observador fixo e uma banda sonora.
Este vídeo corresponde a um período de pesquisa e investigação levado a cabo no final dos anos 90, na qual explorava exaustivamente questões que se relacionavam com a fotografia, o cinema, o vídeo e o som. Questionando assim estes diferentes mas complementares suportes, transformando-os através do uso de outros meios artísticos e preservando o seu modo arcaico de funcionamento através das características próprias de cada um deles. Abrindo desta forma um salto para lá da objetividade que caracteriza a fotografia, onde através de um corpo maior de trabalho daqui derivado explorava o modo como olhamos e reenquadramos mentalmente uma imagem fixa. A fotografia estabelece uma fixação num tempo específico que não se apaga fisicamente em direção a outro momento. Este apagar apenas ocorre ou pode decorrer no nosso sistema percetivo. Característica humana contrária à reprodutibilidade sonoramente mecanizada da fotografia.
Começou para mim aqui uma grande questão entre o som e a imagem.
Vídeo, Conceito e Fotografia João Bento
Música David Leitão
O GUARANI (DIREITA E ESQUERDA)
19’07’’, 2018
Acompanhando o som da música O Guarani de Carlos Gomes, as mãos direita e esquerda revezam-se para desenhar com caneta esferográfica vermelha, círculos no meio da bandeira do Brasil. Ao invés de concluir um desfecho, o movimento reitera-se numa continuidade de idas e vindas: a música e a ação invertem-se, regressando ao ponto de partida.
Vídeo-performance Letícia Larín
PERÍODO AZUL
11’45’’, 2018
A revisitação de obras icónicas de ‘grandes mestres da arte’ (do séc. XX ao presente) por ordem não necessariamente cronológica é centrada na cor azul, ponto de partida para a narrativa que se desenrola (literalmente) sobre um rolo de papel. Este é, sucessivamente, rodado/desenhado/rodado, num movimento mise en abîme que reproduz materialmente o loop imaterial da imagem.
A construção de imagens icónicas (e irónicas) faz-se, inicialmente, a partir das ferramentas tradicionais do desenho/pintura, media em que vão sendo substituídos por objetos domésticos/íntimos, culminando numa sugestiva masturbação.
O loop reformula o significado das ações e dos objetos convocados. O efeito de espelho entre o loop e o seu reflexo sublinha a repetição (sistemática) de uma tendência (sistémica) nos momentos significativos de transição na arte ocidental, assinalando a constante nas convenções substituídas e substituintes. A página volta sempre a ficar em branco: pronta a ser reescrita.
Realização e Produção Mané
Imagem e Edição Mané, Bernardo Fachada
Agradecimentos Ana Cristina Cachola, Marta Espiridião, Tiago Pereira, João Rosas
LOOPS.LISBOA AWARDS 2017
LOOPS.LISBOA 2018
João Bento, Letícia Larín, Mané
Winner Loops.Lisboa 2018
AQUELA VELHA QUESTÃO DO SOM E DA IMAGEM (THAT OLD QUESTION ABOUT SOUND AND IMAGE)
2’47’’, 2000
A landscape that moves (through the reels found in an old and empty movie theatre), a static observer and a soundtrack.
This video corresponds to a period of research carried out in the late 1990s, in which I exhaustively explored some issues related with photography, film, video and sound. Questioning these different but complementary supports, transforming them through the use of other artistic practices and preserving their archaic way of functioning through their own intrinsic characteristics. In this way, we got beyond the objectivity that characterizes photography, by a larger body of work which derived from it, I explored the way we look and mentally re-establish a static image. Photography establishes a fixation at a specific time that does not physically erase itself while moving into another moment. This erasing only occurs or may occur in our perceptual system. A human characteristic contradictory to the sonorously mechanized reproducibility of photography.
Between sound and image, this became a great question to me.
Video, Concept and Image João Bento
Soundtrack David Leitão
O GUARANI (DIREITA E ESQUERDA) [THE GUARANY (RIGHT AND LEFT)]
19’07’’, 2018
Accompanying the Carlos Gomes’ song, O Guarani, the artist’s right and left hands take turns in drawing circles on the centre of the Brazilian flag, with a red ballpoint pen. Rather than creating an outcome, the movement is reiterated in a back and forth continuity: music and action are reversed, returning to the starting point.
Video-performance Letícia Larín
PERÍODO AZUL (THE BLUE PERIOD)
11’45’’, 2018
A non-chronological revisiting of iconic works of ‘the great masters of art’ (from the 20th century to the present) centered on the blue color as a starting point for the narrative that (literally) unfolds on a roll of paper. It is successively rotated/drawn/rotated, in a mise en abîme movement that materially reproduces the immaterial loop of the image.
The construction of iconic (and ironic) images is initially done by using the traditional tools of drawing and painting, later replaced by domestic/intimate objects, culminating in a suggestive masturbation.
The loop reshapes the meaning of the actions and objects. The mirror effect between the loop and its reflection underlines the (systematic) repetition of a (systemic) tendency at significant moments of transition in Western art, signaling the constant in the replacing and substituted conventions. The page returns always as a blank one: ready to be rewritten.
Directing and Production Mané
Image and Editing Mané, Bernardo Fachada
Acknowledgements Ana Cristina Cachola, Marta Espiridião, Tiago Pereira, João Rosas