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“FUSO 2016 – 23 a 28 de Agosto

Programa

 

28 Agosto, 22h
Museu da Marioneta

 

Dakar, Paris, Nova Iorque, Praia, Londres
Curadoria de Christine Van Assche
Duração da sessão 79’


Três artistas, três gerações, três eras, três culturas intersetam-se neste programa.

Chris Marker, escritor, fotógrafo e cineasta, é conhecido pelos seus filmes legendários La Jetée e Sans Soleil. Alain Resnais, cineasta, realizou documentários sobre arte e ficção incluindo Nuit et Brouillard e Hiroshima mon amour. Estes dois autores desenvolveram um trabalho politicamente comprometido e esteticamente inovador.

Tony Ramos desenvolveu uma carreira múltipla que começou com a realização de filmes antropológicos em Cabo Verde, o país dos seus antepassados. Posteriormente juntou-se às comunidades artísticas na Costa oeste e leste dos Estados Unidos como assistente de Allan Kaprow e Nam June Paik. Envolveu-se com a performance e vídeo arte, marcando o lugar de artistas Afro-Americanos na cultura Americana. Há cerca de dez anos tornou-se pintor e instalou-se no Sul de França.

Isaac Julien, nasceu em Londres no seio de uma família Caribenha, desenvolveu um corpo de trabalho (filmes e instalações) baseado na interseção de culturas e indivíduos que protagonizaram um papel essencial na cultura relacionada com a Diáspora Africana (Franz Fannon) ou com a comunidade gay (Derek Jarman). Recentemente, desenvolveu espetaculares instalações visuais e sonoras, misturando referências culturais e referências cinematograficamente históricas.

Entre 1950 e 1953, dois jovens realizadores, Chris Marker e Alain Resnais receberam uma comissão para fazer um filme sobre arte Africana, altamente apreciada por alguns dos artistas intelectuais e avant-garde. Eles responderam à comissão criando o filme Les Statues Meurent Aussi (As Estátuas Também Morrem). Contudo adicionaram uma segunda parte, composta por clippings de jornais, sobre os males do colonialismo em África. Este filme visionário foi censurado durante dez anos e manteve-se como um trabalho lendário sobre os assuntos anticoloniais.

Em 1978, Tony Ramos, antropologista e artista, nascido no seio de uma família Cabo Verdiana e a viver em Nova Iorque estabelece no vídeo Nor Was This All by Any Means, relações entre os rituais culturais da América, Cabo Verde e a Ilha de Goreia, não sem sentido de humor.

Em 1984, o cineasta e artista Isaac Julien, cria o documentário artístico Territories sobre os rituais relacionados com o Carnaval Notting Hill, organizado pela comunidade Afro-Caribenha em Londres. Este festival, uma oportunidade para esta comunidade reclamar os seus territórios culturais e identidades, é reprimido pelas autoridades Inglesas. Este filme feito num âmbito escolar é um manifesto que previa o futuro empenho do artista com determinados assuntos.

Chris Marker & Alain Resnais, Les Statues Meurent Aussi (As Estátuas Também Morrem), 1953, 30’

Consagrado à arte africana, é também um filme sobre as devastações do colonialismo em África e a luta de classes, que explica e nos faz sentir como a beleza e o mistério do que na altura se chamava arte negra foi adulterada. O filme prova, como dizia Marcel Graule, que o pensamento africano está “à altura das civilizações grega, romana, chinesa ou da Índia”.


Anthony Ramos, Nor Was This All by Any Means, 1978, 24’

Neste trabalho de densas camadas, Anthony Ramos explora o seu património cultural e pessoal através de uma colagem de imagens filmadas e apropriadas. Justapondo paisagens africanas e americanas, imagens pessoais e dos media, traça uma jornada espiritual e física que se move de Harlem a Goree Island, Cabo Verde e Tanzânia. Num contundente retrato da privação cultural referente à diáspora Africana e à amarga colheita semeada pela escravidão, ele desafia a veracidade das imagens de massa culturais dos afro-americanos.

Argumento e Realização Anthony D. Ramos.
Assistência técnica Mike Frenchman, David Pentecost
Câmara Tony Ramos, Mike Frenchman, Jeff Hodges
Banda sonora Tony Ramos
Som Tony Ramos, Mike Frenchman
Edição Anthony Ramos, Mike Frenchman
Agradecimentos especiais Kezia Moore, Simba Tayari, Khidir Rhazig, John Trayna, Faith Riviera, Juan Downey, The Alfamas, Kijton Ama, Kawe
Financiamento Bolsa da Fundação Rockefeller, National Endowment for the Arts através da Electronic Arts Intermix, Inc.


Isaac Julien, Territories (Territórios), 1984, 25’

Territories (Territórios) é um documentário experimental sobre o Carnaval de Notting Hill. O evento é localizado dentro da luta entre a autoridade branca e juventude negra, neste caso, sobre os espaços contestados do carnaval, e reflete sobre a sua história como ato simbólico de resistência. O filme constrói-se através da montagem: corte de cenas do carnaval com notícias arquivo – vigilância policial para tumultos na rua – e cruzando olhares de desejo com alienação, da polícia para a folião, mulher para homem, homem para homem. Adicionando uma crítica política, descarnada e imagens incisivas de violência policial, o público logo se torna consciente de que o próprio documentário é parte da resistência.


23h15

 

Cerimónia de Entrega de Prémios – FUSO/MAAT – Fundação EDP

 

Entrega do Prémio Aquisição FUSO/MAAT – Fundação EDP para a melhor obra eleita pelo júri presidido por Ana Anacleto (MAAT), acompanhada por Helena Barranha (Instituto Superior Técnico – Universidade de Lisboa), Isabel Nogueira (curadora, investigadora e professora universitária), Susana de Sousa Dias (realizadora e professora na FBAUL), Irit Bastry (artista visual), Jacinto Lageira (Professor de Estética – Paris 1 Panthéon-Sorbonne) e José Simões (vencedor do Open Call FUSO 2015).
O público foi convidado a votar na sessão de apresentação do Open Call, e a sua opinião é expressa, aqui, com a entrega do Prémio do Público.


26 e 27 Agosto, 19h
Palácio Pombal

 

DizzyMess
Instalação de Vivian Ostrovsky (cineasta/artista, EUA) e Ruti Gadish (editora, ISR)
Duração da sessão 12’

 

DizzyMess, 2016, apresenta projeções de 30 segundos, cronometradas para aparecerem e desaparecerem em torno de uma sala escura. Estas provocam os sentidos dos espectadores ao estilo do jogo das escondidas. Os flashes que estimulam o olho/cérebro são desenhados por divertidas e vertiginosas imagens extraídas de antigas filmagens, acentuadas pela magia da manipulação técnica, de sons e música.

A pedido dos artistas/curadores Ruth Anderwald e Leonhard Grond para o seu projeto-blogue (http://www.on-dizziness.org), Vivian Ostrovsky e Ruti Gadish pesquisaram a representação da sensação de tontura em filmes. O resultado foi o início de um arquivo de imagem em movimento e este imersivo ambiente de imagem em movimento e paisagem sonora.

 

25 Agosto, 17h às 19h
Palácio Pombal

 

FUSO Files
Conceito e Coordenação de Elsa Aleluia


Video Vintage, uma exposição realizada em 2012 no Centre Georges Pompidou, concebida em três secções – que fazem contrastar a situação de visionamento num cenário vintage, de uma seleção de peças marcantes da vídeo arte entre os anos 1963-1983, com os dispositivos originais de apresentação destas peças – performance filmada, experimentação com Televisão e a arte conceptual. Um cenário concebido também em continuidade com peças da exposição como Facing a Family e Reverse Television – Portraits, a situação de espectador reatualiza-se ou reverte-se no tempo, continua-se a discussão no Palácio Pombal em presença de parte desses gestos experimentais, visionando parte das obras.

Através das duas primeiras décadas de vídeo arte encontram-se trabalhos que marcam experiências também menos assinaladas nas histórias da vídeo arte ocidentais.

Sonia Andrade, Valie Export, Carole Roussopoulos, Esther Ferrer, Ant Farm, Jean-Luc Godard and Anne-Marie Miéville, Mona Hatoum, são alguns dos artistas onde se para neste percurso.

Uma conversa com Christine Van Assche.

 

26 e 27 Agosto, 17h às 19h
Palácio Pombal

 

FUSO Files – Open Calls
Conceito e Coordenação de Elsa Aleluia


Cruzamentos de curadoria e conversas de artistas.

Uma exibição contínua de filmes selecionados desde a primeira Open Call realizada pelo FUSO – Anual de Vídeo Arte Internacional de Lisboa em 2010 ocupa uma das salas do Palácio Pombal, com trajetória móvel de uma conversa em diferentes movimentos de curadoria incidentes na apropriação, intervenção, uso de imagens de diferentes suportes, materialidade, cor e temporalidade.

Com Jean-François Chougnet e Jacinto Lageira.

Trabalhos em exibição nos dias 26 e 27 de Agosto, entre as 17h e as 19h.

“FUSO 2016 – August 23 to 28

Program

 

August 28, 10pm
Museu da Marioneta

 

Dakar, Paris, New York, Praia, London
Curatorship by Christine Van Assche
Total running time 79’

 

Three artists, three generations, three eras, three cultures intersect in this program.

Chris Marker, writer, photographer and filmmaker, is known for his legendary films La Jetée and Sans Soleil. Alain Resnais, filmmaker, has directed documentary films on art and fiction including Nuit et Brouillard and Hiroshima mon amour. These two authors have developed a politically committed, aesthetically innovative work.

Tony Ramos developed a multiple career that began with the directing of anthropological films made in Cape Verde, his ancestors’ country. He then joined the US West and East coast arts communities as the assistant of Allan Kaprow and Nam June Paik. He engaged in performance and video art, probing the place of African-American artists in American culture. About ten years ago he became a painter and settled in the South of France.

Isaac Julien, born in London to a Caribbean family, developed a body of work (films and installations) based on the intersection of cultures and individuals that have played an essential role in the culture related to the African Diaspora (Franz Fannon) or to the gay community (Derek Jarman). Recently, he developed spectacular visual and sound installations, mixing cultural and cinematographic historical references.

Between 1950 and 1953, two filmmaking beginners – Chris Marker and Alain Resnais -receive a commission for a film about African art, highly appreciated by some intellectuals and avant-garde artists. They respond to the commission by creating the film Les Statues Meurent Aussi (The Statues Also Die). However, they added a second part, composed of newspapers clippings, about the evils of colonialism in Africa at the time. This visionary film was censored for ten years and remains a legendary work on anti-colonial issues.

In 1978, Tony Ramos, anthropologist and artist, born to a Cape Verdean family and living in New York, establishes connections between cultural rituals from America, Cape Verde and the Gorée Island, not without a sense of humour, in the video Not Was This All by Any Means.

In 1984, Isaac Julien, filmmaker and artist, creates the artistic documentary Territories on the rituals related to the Notting Hill Carnival, organized by the Afro-Caribbean community in London. This festival, an opportunity for this community to reclaim its culture territories and identities; is repressed by the English authorities. This graduation film is a manifesto predicting the artist’s future commitment to certain issues.

Chris Marker & Alain Resnais, Les Statues Meurent (The Statues Also Die), 1953, 30’

Dedicated to African art, the film is also about colonialism’s ravages in Africa and class struggle and it explains and make us feel how the beauty and mystery of what was then called black art was corrupted. The film proves that – as Marcel Graule said – African thinking “matches the Greek, Roman, Chinese or India’s civilizations”.


Anthony Ramos, Nor Was This All by Any Means, 1978, 24’
In this densely layered work, Ramos explores his cultural and personal heritage through a collage of recorded and appropriated footage. Juxtaposing African and American landscapes, personal and media imagery, he traces a spiritual and physical journey that moves from Harlem to Gorée Island, Cape Verde and Tanzania. In a forceful portrait of cultural disenfranchisement that refers to the African diaspora and the bitter harvest sown by slavery, he challenges the veracity of mass cultural images of African-Americans.

Script and Directing Anthony D. Ramos.
Technical assistance Mike Frenchman, David Pentecost
Camera Tony Ramos, Mike Frenchman, Jeff Hodges
Soundtrack Tony Ramos
Sound Tony Ramos, Mike Frenchman
Editing Anthony Ramos, Mike Frenchman
Special acknowledgements Kezia Moore, Simba Tayari, Khidir Rhazig, John Trayna, Faith Riviera, Juan Downey, The Alfamas, Kijton Ama, Kawe
Financial support The Rockefeller Foundation Grant, National Endowment for the Arts through Electronic Arts Intermix, Inc.


Isaac Julien, Territories, 1984, 25’

Territories is an experimental documentary about the Notting Hill Carnival. It locates the event within the struggle between white authority and black youth, in this case over the contested spaces of the carnival, and reflects on its history as symbolic act of resistance. The film makes the case using montage: cutting carnival scenes with archive news reports – police surveillance to rioting in the streets – and crossing looks of desire with alienation, from police to reveller, woman to man, man to man. Add to this a disembodied, political critique and trenchant images of police violence and the audience soon becomes aware that the documentary itself is part of the resistance.


11:15pm

 

Awards Ceremony – FUSO/MAAT – EDP Foundation

 

Delivery of FUSO/MAAT – EDP Foundation Award, for the best work chosen by a jury chaired by Ana Anacleto (MAAT), accompanied by Helena Barranha (Instituto Superior Técnico – University of Lisbon), Isabel Nogueira (curator, researcher and university professor), Susana de Sousa Dias (director and university professor), Irit Bastry (visual artist), Jacinto Lageira (Professor at Paris 1 Panthéon-Sorbonne) and José Simões (winner of FUSO 2015’s Open Call).
The public was invited to vote and their opinion is expressed here with the delivery of the Audience Award.


August 26 and 27, 7pm
Pombal Palace

 

DizzyMess
Installation by Vivian Ostrovsky (filmmaker/artist, EUA) and Ruti Gadish (editor, ISR)
Total running time 12’

 

DizzyMess, 2016, features 30-second projections, timed to appear and disappear around a darkened room. These tease viewers’ senses ducking in and out, peek-a-boo style. The eye/brain flashes are drawn from playful, dizzying appropriated vintage footage, heighted by manipulated technical wizardry, sounds and music.
At the request of artists/curators Ruth Anderwald and Leonhard Grond for their project blog (http://www.on-dizziness.org), Vivian Ostrovsky and Ruti Gadish have researched the representation of dizziness in films. The result was the beginning of a moving image archive and this immersive moving image and soundscape environment.

 

August 25, from 5pm to 7pm
Pombal Palace

 

FUSO Files
Concept and Coordination by Elsa Aleluia

 

Video Vintage, an exhibition held in 2012 at Centre Georges Pompidou, conceived in three sections – which contrast the screening situation in a vintage setting, from a selection of outstanding pieces of video art between the years 1963-1983, with the original presentation devices of these pieces – filmed performance, experimentation with Television and conceptual art. A scenario conceived also in continuity with pieces of the exhibition such as Facing a Family and Reverse Television – Portraits, the situation of the spectator is updated or reversed in time, the discussion in the Pombal Palace continues in the presence of part of these experimental gestures, viewing part of the works.
Through the first two decades of video art, are found works which mark experiences also less highlighted in Western art video history.
Sonia Andrade, Valie Export, Carole Roussopoulos, Esther Ferrer, Ant Farm, Jean-Luc Godard and Anne-Marie Miéville, Mona Hatoum, are some of the artists who stop at this route.

A conversation with Christine Van Assche.

 

August 26 and 27, from 5pm to 7pm
Pombal Palace

 

FUSO Files – Open Calls
Concept and Coordination by Elsa Aleluia


Curatorial crossings and artist’s talks.

A continuous exhibition of selected films from the first Open Call held by FUSO in 2010 occupies one of the rooms of the Pombal Palace, with an ongoing trajectory of a conversation in different curatorial movements incident on the appropriation, intervention, use of different media, materiality, colour and temporality.

With Jean-François Chougnet and Jacinto Lageira.
The works are on display on the 26th and 27th of August, between 5pm and 7pm.