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“FUSO 2016 – 23 a 28 de Agosto

Programa

 

24 Agosto, 22h
Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT)

 

Open Call
Curadoria de Jean-François Chougnet
Duração da sessão 55’

 

Mais do que nunca, o Open Call do FUSO 2016 revela a diversidade das práticas da vídeo arte feita em Portugal e/ou por artistas portugueses. Cento e cinquenta projetos foram submetidos, o que é mais um sinal da vitalidade da cena contemporânea portuguesa. A força e originalidade dos projetos propostos por jovens artistas, mesmo muito jovens artistas (muitos projetos foram apresentados por artistas nascidos na década de 1990), tornaram a seleção difícil. A proposta das 23 obras favoreceu imagens nómadas e poéticas. Ambas as sessões têm a ambição de sugerir uma reflexão sobre o estado das imagens hoje, tentando privilegiar os formatos alternativos.

Nuno Lacerda, Escadote, 2015, 4’40’’
Uma composição sonora gerada por um escadote que não vai dar a lado nenhum.


Ana Mendes, On Drawing, 2016, 9’52’’  
Mencão Especial do Júri FUSO/MAAT – Fundação EDP

On Drawing é um vídeo que explora a ligação entre o ato de desenhar e pensar. Filmado e baseado na história de Mina Pegourie, uma imigrante Marroquina a viver em França, que não sabe escrever nem ler; pelo que, ela usa o desenho como uma ferramenta de sobrevivência no dia-a-dia.

Realização, Câmara e Edição Ana Mendes
Mulher Mina Pegourie


Waléria Américo, Pendular, 2015, 5’35’’
As experimentações de Waléria Américo põem em tensão questões que permeiam o corpo, a arquitetura e a paisagem. Em Pendular, o ato de arrastar um piano transforma-se, pela força do corpo, em operação rítmica. O instrumento articula uma cadência entre o possível e o impossível, reverberando uma sonoridade pontual. É através do movimento pendular que a ação oscila e que o embate se instaura num duelo entre linhas que se opõem, mas também podem-se conjugar ou entrar em comunhão.

Realização e Performance Waléria Américo
Fotografia Waléria Américo e José Chaves
Som Joana Guerra, Thelmo Cristovam e Waléria Américo
Edição Waléria Américo e Marco Rudolf
Agradecimentos Gemma Noris, João Rodrigues e Boris Martins Nunes


Carmo Posser, Projecto Droid, 2016, 1’38’’
O diálogo desenvolve-se como uma lengalenga, repetindo o sistema “diz-me quem és, diz-me quem sou” utilizando as letras do Abecedário como elementos de ligação e movimento na conversa entre as duas personagens. A imagem divide-se em dois, e os movimentos nem sempre coincidentes com a voz e aparentemente aleatórios, fazem-nos entrar na conversa propriamente dita, aquilo que une as duas personagens, em vez de enfatizar a oposição de personalidades que as separa.

Produção, Texto, Imagem e Som Carmo Posser
Pós-produção Carmo Posser e André Constantino


Ruy Otero & Fernando Fadigas, Cela B.H., 2016, 10’13’’
O Tribunal da Boa-Hora fechou no ano de 2009, até lá foi o mais importante tribunal do século XX.
Este pequeno filme mostra as celas masculinas e femininas onde os presos aguardavam pelo julgamento, onde se leem as frases que se encontravam escritas nas paredes.
Um filme escuro e sombrio que dá voz às palavras que ficaram aprisionadas para sempre naquelas celas.

Autoria, Edição e Banda sonora original Ruy Otero e Fernando Fadigas


Tiago Alexandre, Stoli, You Stole my Heart, 2014, 4’05’’
Depois do Governo Russo ter tomado medidas contra a demonstração de intimidade e contacto físico entre casais do mesmo sexo, surgiram reações raivosas por todo o mundo. Produtos Russos foram boicotados incluindo a vodka Russa Stolichnaya.
Diante desta situação a marca criou uma massiva estratégia de marketing para se distanciar daquelas políticas. O próprio CEO deu um aviso bastante radical contra as medidas tomadas pelo governo de Vladimir Putin. A marca retirou a sua fábrica do solo Russo, alterou as etiquetas das suas garrafas, criaram uma nova versão do seu logótipo usando as cores do arco-íris (símbolo LGBT) e começaram um concurso Mr. Stoli.
Enquanto isto aconteceu, Tiago Alexandre estava a trabalhar num bar apoiado pela Stoli no Terreiro do Paço em Lisboa. Este bar foi um fiasco. Tiago Alexandre usou o seu telemóvel para gravar e compor uma sequência rítmica, usando imagens e sons do bar vazio.


Ana Rebordão, Table Manners – Parte 1 e 2, 2014, 6’20’’
Uma mulher olha suspeitamente para um pão e cobre a cabeça com o seu saco. Ela liberta-se daquele corpo que a assombra – o pão. O observador segue a transformação da mulher através dos gestos – passando por alguém que se assemelha a um preso político, para a figura de um lobo mau que assusta o nosso imaginário. A mulher pouco se move e o fundo verde destaca-se. Por alguns momentos, a mulher deixa de ser um corpo; ela sacrifica-se a uma ideia e a sua imagem torna-se um lugar de questionamento sobre as nossas crenças e cultura visual.
Uma jornalista move a sua mão sobre um pacote de pizza e olha sedutoramente para os telespectadores. Há uma tensão crescente, a construção de um medo desconhecido – será inofensivo ou potencialmente explosivo? O sentimento de uncanny emerge e move-se graças a um negro humor.


Salomé Lamas, A Torre, 2015, 8’
Prémio Aquisição FUSO/MAAT – Fundação EDP

Talvez a experiência de Kolja de subir ao topo da árvore, de metamorfosear o seu corpo (humano) com a árvore (natureza) aventurando-se na fronteira da terra com o céu, venha confirmar a sua pureza de espírito, a grandiosidade dos idiotas ou a imbecilidade dos místicos. Ou será tudo isto junto? Talvez seja um sintoma dos iluminados ou somente um suicídio elaborado.

Realização e Edição Salomé Lamas
Produção Luis Urbano, Sandro Aguilar (O SOM E A FÚRIA), Marcin Malaszczak, Michel Balagué (MENGAMUK)
Argumento Christoph Both-Asmus, Salomé Lamas
Fotografia Jorge Piquer Rodriguez
Banda sonora Alvin Singleton
Som Bruno Moreira
Atores principais Christoph Both-Asmus, Kolja Kravchenko


Nuno Coelho, Essay on Spiritual Corruption, 2016, 15’’


Andreia Santana, Pousio, 2015, 7’31’’
Tempo da terra estagnar, ficar quieta. Um descanso que serve de fertilizante para uma próxima intervenção.
As duas filmagens representam, através do circuito de duas passadeiras elétricas distintas, a circularidade e passagem de uma matéria-prima desde o seu estado de elaboração até à sua cessação e desgaste.
Na primeira filmagem vemos representada uma das entradas de areia de uma fábrica de cimento nos arredores de Lisboa, enquanto a segunda filmagem documenta uma evacuação de entulho de um edifício devoluto a poucos quilómetros dessa mesma fábrica.
Nesta dupla projeção, é evocada uma visão arqueológica onde em vez de serem encontrados objetos pertencentes a uma antiga civilização, são descobertos despojos da ainda contemporânea civilização industrial.

Realização, Câmara, Som e Edição Andreia Santana

“FUSO 2016 – August 23 to 28

Program

 

August 24, 10pm
Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT)

 

Open Call
Curatorship by Jean-François Chougnet
Total running time 55’

 

More than ever, FUSO 2016’s Open Call reveals the diversity of video art practices made in Portugal and/or by Portuguese artists. 150 projects were submitted, which is a strong signal of the vitality of the Portuguese contemporary scene. Young artists, even very young artists – born in the 1990s – have submitted projects of a great strength and originality. Therefore, the selection was challenging to make. The selection of 23 works favoured nomadic and poetic images. Both sessions offer a reflection on the status of images today, attempting to develop alternative formats.

Nuno Lacerda, Escadote, 2015, 4’40’’

A sound composition generated by a ladder that leads nowhere.


Ana Mendes, On Drawing, 2016, 9’52’’
Honourable Mention from the Jury FUSO/MAAT – EDP Foundation

On Drawing is a video that explores the connection between the act of drawing and thinking. Filmed and based on the story of Mina Pegourie, a Moroccan immigrant living in France, who cannot read or write; therefore, she uses drawing as a survival tool in daily life.

Directing, Camera and Editing Ana Mendes
Woman Mina Pegourie


Waléria Américo, Pendular, 2015, 5’35’’

Waléria Américo’s experimentations create tension between issues that permeate body, architecture, and landscape. In Pendular, the force of the body turns the action of dragging a piano into a rhythmic operation. The instrument articulates a cadence between the possible and the impossible, reverberating a topical sonority. The action oscillates through the pendulum motion and the conflict arises in the duel between two lines that oppose one another, but that can also join forces or go into communion.

Directing and Performance Waléria Américo
Photography Waléria Américo and José Chaves
Sound Joana Guerra, Thelmo Cristovam, Waléria Américo
Editing Waléria Américo,Marco Rudolf
Acknowledgements Gemma Noris, João Rodrigues, Boris Martins Nunes


Carmo Posser, Projecto Droid, 2016, 1’38’’

A dialogue evolves in the way of a nursery rhyme, repeating the system “tell me who you are, tell me who am I” using the letters of the alphabet as elements of connection and development in the conversation between the two characters. The image is split in two and its apparently random movements don’t always coincide with the voice, making us enter the conversation itself, which bonds the two characters, instead of emphasizing their opposing personalities, which set them apart.

Production, Text, Image and Sound Carmo Posser
Post-production Carmo Posser, André Constantino


Ruy Otero & Fernando Fadigas, Cela B.H., 2016, 10’13’’

Boa-Hora Court closed in 2009. Until then it was the most important court in Portugal of the twentieth century.
This short film shows the male and female cells where prisoners waited for their trials and where sentences that were written on the walls can be read.
A dark and gloomy film that gives voice to the words trapped forever in those cells.

Authorship, Editing and Original soundtrack Ruy Otero and Fernando Fadigas


Tiago Alexandre, Stoli, You Stole my Heart, 2014, 4’05’’

After the Russian government had taken measures against the demonstration of intimacy and physical contact between same-sex couples, angry reactions arise from across the world. Russian products were boycotted including the Russian vodka Stolichnaya.
Facing this situation, the brand created a massive marketing strategy to distance itself from those policies. The CEO himself gave out quite a radical notice against the measures taken by Vladimir Putin’s government. The brand withdrew its factory off Russian soil, changed their bottle tags, created a version of their logo using the rainbow colours (the LGBT symbol) and started Mr. Stoli contest.
While this happened, Tiago Alexandre was working at a bar sponsored by Stoli in Terreiro do Paço, Lisbon. This bar was a fiasco. Tiago Alexandre uses his phone to record and compose a rhythmical sequence, using images and sounds of the empty bar.


Ana Rebordão, Table Manners – Part 1 and 2, 2014, 6’20’’

A woman looks to a bread suspiciously and covers her head with its paper bag. She is releasing herself from a body that haunts her – the bread. Throughout this action, the viewer follows the woman’s transformation – from what resembles a political prisoner to a big bad wolf that frightens our imagination. The woman hardly moves and the green background stands out. For a few moments the woman ceases to be a body; she sacrifices to an idea and her image becomes a place for questioning our visual culture and beliefs.
A journalist moves her hand over a pizza package and looks seductively to the viewers. There is a tension growing, a construction of an unknown fear – is it harmless or a potentially explosive? The uncanny emerges and moves thanks to a dark humour.


Salomé Lamas, A Torre, 2015, 8’
FUSO/MAAT – EDP Foundation Acquisition Award

Maybe Kolja’s experiment of merging his body (human) with the tree (nature) venturing into a border zone between the earth and the sky is due to his purity of spirit, to the grandeur of the idiots, or the foolishness of the mystics; or is it all this together? Maybe it is a symptom of the enlightened – or simply an elaborated suicide.

Directing and Editing Salomé Lamas
Production Luis Urbano, Sandro Aguilar (O SOM E A FÚRIA), Marcin Malaszczak, Michel Balagué (MENGAMUK)
Script Christoph Both-Asmus, Salomé Lamas
Photography Jorge Piquer Rodriguez
Music Alvin Singleton
Sound Bruno Moreira
Leading actors Christoph Both-Asmus, Kolja Kravchenko


Nuno Coelho, Essay on Spiritual Corruption, 2016, 15’’


Andreia Santana, Pousio, 2015, 7’31’’

A time for the land’s stagnation, to stay still. A kind of rest which serves as a fertilizer for the next intervention.
Both footages represent, through the circuit of two distinct electric treadmills, the circularity and passage of a raw material since its development state until its surcease and decay.
In the first footage is displayed one of the sand entrances of a cement factory in the outskirts of Lisbon, while the second footage documents a debris evacuation of a vacant building a few kilometres of that factory.
In this double projection is evoked an archaeological overview where rather than being discovered objects belonging to an ancient civilization, are discovered remains of the still contemporary industrial civilization.

Directing, Camera, Sound and Editing Andreia Santana