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“FUSO 2016 – 23 a 28 de Agosto

Programa

 

23 a 28 Agosto
Travessa da Ermida

 

INTERMIX 45, EAI – Um tributo e celebração do 45º aniversário
Curadoria de Lori Zippay

 

O FUSO – Anual de Vídeo Arte Internacional de Lisboa apresenta em 2016 na Travessa da Ermida um programa que homenageia os 45 anos de uma das mais relevantes instituições de vídeo arte no mundo, a Electronic Arts Intermix (EAI). A EAI é uma instituição sem fins lucrativos sediada em Nova Iorque, que tem uma das mais extensas coleções de trabalhos de vídeo e media. O seu arquivo tem mais de 3500 obras de arte que vão desde 1960 até ao presente, compreendendo obras marcantes de figuras pioneiras a trabalhos media e digitais de uma nova geração de artistas como Bruce Nauman, Gary Hill, Joan Jonas, Muntadas, entre outros. Esta programação é a primeira na Europa a assinalar o 45º aniversário da EAI.

A exposição, que assinala o início do FUSO, terá curadoria de Lori Zippay, diretora executiva da EAI, que ao longo dos últimos trinta anos se tem dedicado à promoção, distribuição e preservação da vídeo arte. Lori Zippay irá contar também com a colaboração de Irit Batsry, artista dedicada ao vídeo e instalações, premiada com o prestigioso Whitney Biennial Bucksbaum Award em 2002.
Esta é a segunda apresentação do FUSO na Travessa da Ermida, espaço reconhecido pela promoção da arte contemporânea. Em 2015 o FUSO apresentou uma mostra de obras de jovens vídeo-artistas portugueses selecionada a partir da Open Call.

Nam June Paik, Jud Yalkut & Charlotte Moorman, TV Cello Premiere, 1971, 7’25’’, cor, sem som, película 16mm transferida para vídeo

TV Cello Premiere é um filme mudo que documenta a primeira performance de Charlotte Moorman na TV Cello (TV Violino) epónima de Paik na Galeria Bonino, em Nova Iorque, em 1971.


Shigeko Kubota, Rock Video: Cherry Blossom, 1986, 12’54’’, cor, sem som

A versão monocanal da instalação de Kubota com o mesmo nome, Rock Video: Cherry Blossom é uma fusão lírica da natureza e tecnologia. Ramos de flores de cerejeira cor-de-rosa gravados contra um vivido céu azul são o ponto de partida para este sensual haiku visual. Através da aplicação fluida de processamentos eletrónicos, Kubota sobrepõe, digitaliza, retarda, colora e finalmente abstrai as flores de cerejeira, criando transmutações poéticas do espaço e imagem. A hipnotizante e inesperada espirituosa confluência das serenas flores e os energéticos efeitos de imagem – a transformação do orgânico em eletrónico – é por excelência Kubota.

Edição Paul Garrin


Muntadas, Alphaville e outros, 2011, 9’18’’
“Alphaville”, um bairro de condomínios fechados em São Paulo, é o principal local de Alphaville e outros de Muntadas, que examina o fenómeno das “comunidades fechadas”, e como o medo e a procura por exclusividade levaram ao isolamento urbano e exclusão.
O trabalho tem como referência o filme de 1965 Alphaville de Jean-Luc Godard (a partir do qual o nome do bairro de São Paulo derivou), uma visão sci-fi distópica de um futuro urbano totalitário. Cenas a preto e branco do filme de Godard são justapostas com promoções quase utópicas da Brasileira “Alphaville”, animações digitais, filmagens de câmaras de segurança, e imagens de piscinas, campos de ténis e jardins dos bairros de São Paulo. Muntadas apresenta uma arquitetura do espaço baseada na retórica e mecanismos de medo e controlo; as imagens recorrentes das cercas maciças sugerem as defensivas paredes medievais que em tempos rodeavam as cidades.


Carolee Schneemann, Water light/Water needle, 1966-2009, 11’13’’, cor, som, película 16mm transferida para vídeo HD

O clássico trabalho aéreo Kinetic Theatre (1966) de Schneemann foi pela primeira vez encenado na Igreja St. Mark em Bowery, com oito intérpretes movendo-se aleatoriamente numa teia de cordas e roldanas. Um de dois registos vídeo desta influente performance, encenada ao ar livre, em árvores e ao longo da superfície do lago… As sequências foram dirigidas por Schneemann.

Filmagem original John Jones, Sheldon Rocklin


Sondra Perry, Black Girl as a Landscape, 2010, 9’44’’, cor, sem som
Neste vídeo monocanal, a câmara gira lentamente pela silhueta do corpo de uma figura (Dionne Lee) enquadrada horizontalmente à medida que esta se aproxima ou se distancia da lente. A sua respiração, piscar de olhos, e subtis movimentos tornam-se enormes eventos. Enquanto a distância entre o seu corpo e a câmara diminui, os detalhes do seu vestido e cara são ampliados e reconhecidos como eruptivos, mas ainda assim subtis momentos de beleza. Simultaneamente abstrato e representacional, o vídeo articula o declarado interesse de Perry na possibilidade da abstração como forma de criar dimensionalidade e autonomia para corpos marginalizados. Ao mesmo tempo, a silhueta do corpo de uma mulher negra é reminiscente do trabalho de Kara Walker, uma das mais importantes influências de Perry, bem como os trabalhos históricos de arte e cinema que exploram, se não objetificam, o corpo feminino como “paisagem”. Em contraste, Black Girl as a Landscape de Perry termina com um close-up do olho da performer – um iridescente branco digital contra o preto da sua cara – que aborda e desafia o olhar do espectador e da câmara.

Performer Dionne Lee

August 23 to 28
Travessa da Ermida

 

INTERMIX 45, EAI – A tribute and celebration of the 45th anniversary
Curatorship by Lori Zippay

 

FUSO – Anual de Vídeo Arte Internacional de Lisboa presents in 2016 in Travessa da Ermida a program in homage to the 45 years of one of the most relevant institutions of video art in the world, the Electronic Arts Intermix (EAI). EAI is a non-profit institution based in New York, with the most extensive collections of works in video and media. Its archive has over 3500 works of art from 1960 until nowadays, comprehending notable works of Pioneer figures in media and digital production of a new generation of artists such as Bruce Nauman, Gary Hill, Joan Jonas, Muntadas, among others. This programming is the first in Europe to highlight the 45th anniversary of EAI.

The exhibition, highlighting the beginning of FUSO, will be curated by Lori Zippay, executive director of EAI, that throughout the past thirty years have been dedicated to the promotion, distribution and preservation of video art. Lori Zippay will also have the collaboration of Irit Batsry, an artist who has been dedicated to video and installations, awarded in 2002 with the prestigious Whitney Biennial Bucksbaum Award.
This is the second presentation of FUSO in Travessa da Ermida, a space recognised for the promotion of contemporary art. In 2015, FUSO presented an ensemble by young Portuguese video artists selected from the FUSO’s Open Call.

Nam June Paik, Jud Yalkut & Charlotte Moorman, TV Cello Premiere, 1971, 7’25’’, colour, silent, 16mm film transferred to video

TV Cello Premiere is a silent film documentation of Charlotte Moorman in her first performance on Paik’s eponymous TV Cello at the Bonino Gallery in New York in 1971.


Shigeko Kubota, Rock Video: Cherry Blossom, 1986, 12’54’’, colour, silent

A single-channel version of Kubota’s installation of the same name, Rock Video: Cherry Blossom is a lyrical fusion of nature and technology. Branches of pink cherry blossoms etched against a vivid blue sky are the starting point for this sensual visual haiku. Through a fluid application of electronic processing, Kubota layers, digitizes, slows, colorizes and ultimately abstracts the cherry blossoms, creating poetic transmutations of space and image. The mesmerizing and unexpectedly witty confluence of serene blossoms and energetic imaging effects – the transformation of the organic into the electronic – is quintessential Kubota.

Editing Paul Garrin


Muntadas, Alphaville e outros, 2011, 9’18’’

“Alphaville”, a gated residential neighbourhood in São Paulo, is the primary site of Muntadas’ Alphaville e outros, which examines the phenomenon of “gated communities”, and how fear and a search for exclusivity lead to urban isolation and exclusion.
The work takes as its reference the 1965 film Alphaville by Jean-Luc Godard (from which the name of the São Paulo neighbourhood was derived), a dystopian sci-fi vision of a totalitarian, urban future. Scenes from Godard’s black-and-white film are juxtaposed with near-utopian promotions for the Brazilian “Alphaville”, digital animations, footage from security cameras, and images of the São Paolo neighbourhood’s pools, tennis courts and gardens. Muntadas presents an architecture of space based on the rhetoric and mechanisms of fear and control; the recurring images of massive, running fences suggest the medieval defensive walls that once ringed cities.


Carolee Schneemann, Water light/Water needle, 1966-2009, 11’13’’, colour, sound, 16mm film on HD video

Schneemann’s classic 1966 aerial Kinetic Theatre work was first staged at St. Mark’s Church in the Bowery, with eight performers moving to a score of randomized encounters on layers of rigged ropes and pulleys. One of two video documents of this early and influential performance, this version is enacted outdoors in trees and across the surface of a lake, in sequences directed by Schneemann.

Original footage John Jones, Sheldon Rocklin


Sondra Perry, Black Girl as a Landscape, 2010, 9’44’’, colour, silent

In this single-channel video, a camera pans slowly across the silhouetted body of a horizontally framed figure (Dionne Lee) as she approaches or distances herself from the lens. Her breathing, blinking, and subtle movements become enormous events. As the distance between her body and the camera shrinks, the details of her dress and face are magnified and recognizable in eruptive yet subtle moments of beauty. At once abstract and representational, the video articulates Perry’s stated interest in the possibility of abstraction as a way of creating dimensionality and autonomy for marginalized bodies. At the same time, the silhouetted body of a black woman is reminiscent of the work of Kara Walker, one of Perry’s most important influences, as well as historical works of art and cinema that explore, if not objectify, the female body as “landscape.” In contrast, Perry’s Black Girl as a Landscape concludes with a close-up of the performer’s eye – a digital iridescent white against the black of her face – that addresses and challenges the look of the viewer and camera.

Performer Dionne Lee