“OPEN ACCESS”
Projeto apoiado pela Creative Europe
Experimentando com artes cénicas e criação transmédia
Apresentação de projetos artísticos
Desde Setembro de 2018 que a Duplacena participa num projeto de cooperação internacional que reúne artistas, investigadores, profissionais do sector cultural e criativo, incluindo o mundo digital e a audiência. Este projeto é co-organizado com três parceiros europeus, o Teatro Nacional do País de Gales (Cardiff, Grã-Bretanha), ColectivA (Cluj-Napoca, Romênia) e Le Granit (Belfort, França).
As mudanças tecnológicas e digitais estão a mudar profundamente o nosso quotidiano e o uso que delas fazemos. Tanto artistas como instituições são afectados nos seus métodos de trabalho e processos de criação e produção das obras. Essas questões, reequacionadas no contexto da actual crise da saúde, modificam os vínculos com o público.
O projecto OPEN ACCESS faz parte dessa reflexão, tendo uma lógica colectiva e colaborativa, criando uma nova história compartilhada, tendo o público em conta. O processo experimental escolhido foi integrar a criação transmédia nas várias disciplinas das artes do espectáculo. O Transmedia permite aos artistas contar uma história utilizando tudo o que compõe o nosso quotidiano através de diferentes média. Cada média utilizado desenvolve um conteúdo próprio e diferente, não se tratando de uma simples duplicação mas antes dum enriquecimento da história para oferecer uma experiência global ao público através da multiplicidade implícita no seu desenvolvimento. Torna-se assim uma «terreno de jogo » para os artistas das « artes vivas », contribuindo para o desenvolvimento de novas estéticas, mas também para que o público que possa experimentar, desempenhar um papel, contribuir, escolher e também ele contar histórias.
Esperamos que esta forma de cooperação e novos métodos de produção e partilha possa suscitar perguntas sobre os desafios sociais que enfrentamos e possíveis caminhos futuros.
Em Março de 2019, oito artistas europeus foram selecionados para seguir uma jornada de exploração e experimentação com quatro laboratórios, uma residência e três apresentações públicas dos protótipos dos seus projetos artísticos.
Durante 26 meses, o projeto OPEN ACCESS gira em torno de laboratórios, festivais e seminários, organizados nos quatro países europeus das entidades parceiras. Esses artistas foram apoiados ao longo desta jornada pelas mentoras transmédia Karleen Groupierre e Anaïs Guilet, no desenvolvimento criativo Simon Coates e Julia Thomas, na inteligência coletiva Marie-Julie Catoir-Brisson, além de vários profissionais do setor criativo e da investigação.
No final deste percurso, desenvolvido num contexto de aprendizagem experimental, a Duplacena recebe os oito artistas residentes para que apresentem as suas propostas em Lisboa.
Tratar-se-á de partilhar com o público um tempo privilegiado, durante o qual cada artista proporá uma contribuição, uma experiência, uma partilha, um momeno de imersão no seu projeto. O retorno do público será incluido no processo de criação. Às vezes, isso ocorre na forma de um jogo, uma narrativa mais ou menos ficcional, realidade aumentada e virtual aplicada à cidade, um encontro sensorial poético, e várias outras formas. Cada espectador, num pequeno grupo ou individualmente, será associado, se desejar, à criação.
ARTISTAS OPEN ACCESS
Clara Chabalier
Encenadora e actriz sediada em França. Criadora de obras transdisciplinares e teatro contemporâneo. Formada na Escola Regional de Actores em Cannes e no CNSAD. Quando criança, queria ser uma cantora, bailarina e actriz. Tenta ser fiel a esse sonho, desenvolvendo a sua actividade na área da música, teatro e fotografia. A sua curiosidade e tenacidade qualificam-na particularmente.
« Defence of the Survivors »- instalação e dispositivo de realidade aumentada, acompanhada por um chatbot
Projecto inspirado na « Invenção de Morel », um romance de Adolfo Bioy Casares.
A tecnologia permite duplicar-nos em imagens e sons, repetindo incansavelmente o mesmo momento da vida.
Isso levanta a questão de nossa relação com a imagem, com a eternidade, com o crescente número de dados transpostos para a vida concreta. … Em vista do número exponencial de seres humanos que povoam a terra, onde encontraremos o lugar para morar juntos?
O que pensariam desta situação as máquinas que criam estas imagens, e que diriam caso se pudessem se expressar? E quanto a nós, os “vivos”, como conviver com os fantasmas que criamos?
Raluca Croitoru
Artista visual, vive entre a Holanda e a Roménia. Apaixonada por movimento, corpo e simbolismo. No seu trabalho, pretende questionar particularmente o impacto do capitalismo nos corpos e nas suas representações.
« Untitled » – Instalação sonora interactiva transmédia
Os espectadores são convidados a explorar individual e colectivamente a sua relação com o som. Que sons gostaríamos de deixar na terra nos próximos cem anos? Que sons marcaram nosso passado? Renovar a escuta activa, partilhar as próprias memórias sonoras é a experiência na qual o espectador estará imerso.
João Estevens
Performer sediado em Portugal, é dramaturgo a tempo parcial e investigador na área das ciências sociais. No entanto, ele define-se como uma pessoa a tempo integral, porque não pode ser outra coisa. As suas criações, formas híbridas frequentemente lúdicas, propõem novas dramaturgias combinando performances ao vivo e multimédia.
O seu campo de exploração liga a relação do homem com tempo, espaço e poder.
« E-SHOW » (título provisório) – Leitura performativa e participativa transmédia
Como afectam as interacções digitais as nossas percepções e os meios de se conectar com o outro (o estrangeiro)? O desempenho e a performatividade do mundo físico podem fundir-se e se transformar-se no mundo digital?
João questiona o papel do público em experiências de performance, espaço e tempo.
Olinda Favas
Actriz, intérprete, professora e encenadora sediada em Portugal. Olinda gosta de procurar e criar o erro, a ruptura, hipóteses para intervir melhor. A sua poética define-se na criação de intersecções e multiplicação de vozes.
« Protótipo da série Dream » – instalação e performance ao vivo
Olinda propõe uma viagem onírica a partir de uma galeria de retratos reais ou fictícios de sonhadores, apreendidos nesse momento agitado que é a transição da consciência para o sono. No sonho, o sujeito dissolve-se no inconsciente. É esse reino de memória que o espectador acordado pode explorar aqui.
Adrian Ganea
Artista visual que vive na Romênia.
Agrada-lhe misturar cenografia, programação de simulação e vídeo. Formado em cenografia pela UDK Berlin. É atraído pelo irreal, intrigado com a magia do intangível e do etéreo. Ele é fascinado pela maneira como o sujeito imaterial se pode materializar e transpirar no mundo real.
« Untitled » – instalação transmédia
Baseado em estudos recentes em biologia relacionados com a teoria da simbiose, Adrian oferece uma instalação de marionetas automatizadas e uma simulação informática das formas de vida simbióticas. Trata-se de questionar através da tecnologia, as condições de um “viver junto” e os possíveis meios de coexistência de organismos, sejam eles biológicos ou não.
Alison Neighbour
Artista e cenógrafa galesa sediada no Reino Unido, trabalha na área das artes cénicas, visuais e site specific.
Interessa-se pela cenografia como ponto de partida para contar histórias e oferece um espaço para que o público se torne co-criador do mundo físico e visual a ser criado.
« Sem título » – experiências sensoriais no espaço público
Alison cria histórias que extraem força de nossa conexão com a paisagem natural e de nosso lugar no ecossistema. Baseia em suas experiências na paisagem do seu País de Gales natal, convidano o público a desacelerar, a ver de outra forma e ouvir as vozes ocultas de lugares esquecidos ou em vias de desaparecimento.
Mateja Stanislava Rot
Inovadora urbana, sedeada na Eslovénia. Trabalha na interseção entre urbanismo, arquitectura e activismo.
Interessa-se particularmente pela transformação criativa de espaços públicos e pela reconquista do direito aos espaços, procurando contribuir para a partilha do espaço público como bem comum.
« Pele da Cidade » – jogo urbano em realidade aumentada
Mudar de escala, deslocar o olhar, « Pele da Cidade » aborda a exploração de espaços e recantos escondidos da cidade. Começa com um passeio à volta de uma rua, as suas extremidades, todos os detalhes que podem caracterizar a morfologia de uma cidade. Os espectadores são convidados a participar de um jogo concebido para activar um local urbano específico. Brincando com o que está oculto e o que é mostrado, Teja questiona a nossa percepção da realidade e das práticas sociais na cidade.
Marion Thomas
Autora, encenadora e intérprete, divide o seu tempo entre Nantes e Lausanne. Estudou encenação na Fábrica (Haute Ecole de Théâtre de Suisse Romande).
Parecendo a realidade muito decepcionante, convive na internet com pessoas bizarras. A partir dessas errâncias virtuais, desenha pontos de vista que integra em narrativas mais amplas para criar espaços de atrito e conciliação. Gosta de jogos de vídeo, do construtivismo, cavalos e ficção científica feminista.
« Kit de Sobrevivência em Território Masculinista » – percurso sonoro transmédia no espaço público
Marion dá-nos uma visão diferente das lutas feministas: a do inimigo.
O público, equipado com auscultadores, é guiado num passeio no espaço urbano para explorar o mundo dos Incels *. Essa experiência mistura uma história pessoal com a de um incel. Durante esse passeio, cada espectador poderá personalizar a sua experiência para entrar nos mistérios dos masculinistas.
* A subcultura incel (neologismo em inglês para celibato involuntário) designa comunidades on-line misóginas cujos membros se definem como incapazes de encontrar um parceiro romântico ou sexual. Aqueles que afirmam ser incels são quase exclusivamente homens que se reúnem na internet em torno de uma causa comum: ódio às mulheres.
“OPEN ACCESS”
Project supported by Creative Europe
Experimenting with performing arts and transmedia creation
Presentation of artistic projects
Since September 2018, Duplacena has participated in an international cooperation project that brings together artists, researchers, professionals from the cultural and creative sector, including the digital world, and the audience. This project is co-organized with three European partners, the National Theater of Wales (Cardiff, Great Britain), ColectivA (Cluj-Napoca, Romania) and Le Granit (Belfort, France).
Technological and digital changes are profoundly changing our daily lives and the use we make of them. Both artists and institutions are affected in their working methods and the processes of creating and producing works. These issues, re-balanced in the context of the current health crisis, change the links with the public.
The OPEN ACCESS project is part of that reflection, having a collective and collaborative logic, creating a new shared history, taking the public into account. The experimental process chosen was to integrate transmedia creation in the various disciplines of the performing arts. Transmedia allows artists to tell a story using everything that makes up our daily lives through different media. Each media used develops its own and different content, not just a duplication but rather an enrichment of the story, to offer a global experience to the public through the multiplicity implicit in its development. It thus becomes a “playing field” for artists in the “living arts”, contributing to the development of new aesthetics, but also so that the public that can experiment, play a role, contribute, choose and also tell stories.
We hope that this form of cooperation and new methods of production and sharing can raise questions about the social challenges we face and possible future paths.
In March 2019, eight European artists were selected to follow a journey of exploration and experimentation comprising four laboratories, a residence and three public presentations of the prototypes of their artistic projects.
For 26 months, the OPEN ACCESS project revolves around laboratories, festivals and seminars, organized in the four European countries of the partner entities. These artists were supported throughout this journey by the transmedia mentors Karleen Groupierre and Anaïs Guilet, in the creative development by Simon Coates and Julia Thomas, in the collective intelligence by Marie-Julie Catoir-Brisson, in addition to several professionals from the creative and research sectors.
At the end of this course, developed in a context of experimental learning, Duplacena receives the eight resident artists to present their proposals in Lisbon.
It will be a matter of sharing a privileged time with the public, during which each artist will propose a contribution, an experience, a sharing, a moment of immersion in his project. The feedback from the public will be included in the creation process. This sometimes occurs in the form of a game, a more or less fictional narrative, augmented and virtual reality applied to the city, a poetic sensory encounter, and various other forms. Each spectator, in a small group or individually, will be associated, if desired, with the creation.
OPEN ACCESS ARTISTS
Clara Chabalier
Director and actress based in France. Creator of transdisciplinary works and contemporary theater. Graduated from the Regional Actors School in Cannes and CNSAD. As a child, wanted to be a singer, dancer and actress. She tries to be faithful to that dream, developing her activity in the area of music, theatre and photography. Her curiosity and tenacity qualify her particularly.
«Defense of the Survivors» – installation and augmented reality device, accompanied by a chatbot
Project inspired by «Invention of Morel», a novel by Adolfo Bioy Casares.
Technology allows us to duplicate ourselves in images and sounds, relentlessly repeating the same moment in life.
This raises the question of our relationship with the image, with eternity, with the growing number of data transferred to concrete life. … In view of the exponential number of human beings that populate the land, where will we find the place to live together?
What would the machines that create these images think of this situation, and what would they say if they could express themselves? And as for us, the “living”, how do we live with the ghosts we create?
Raluca Croitoru
Visual artist, lives between Holland and Romania. Passionate about movement, body and symbolism. In her work, she intends to question particularly the impact of capitalism on bodies and their representations.
«Untitled» – Transmedia interactive sound installation
Viewers are invited to individually and collectively explore their relationship with sound. What sounds would we like to leave on earth for the next hundred years? What sounds have marked our past? Renewing active listening, sharing one’s own sound memories is the experience in which the viewer will be immersed.
João Estevens
Performer based in Portugal, he is a part-time playwright and researcher in the field of social sciences. However, he defines himself as a full-time person, because he cannot be anything else. His creations, hybrid forms often playful, propose new dramaturgies combining live and multimedia performances.
His field of exploration links the relationship of man with time, space and power.
«E-SHOW» – Performative reading and participatory transmedia
How do digital interactions affect our perceptions and the means of connecting with the other (the foreigner)? Can the performance and performativity of the physical world merge and transform in the digital world? João questions the role of the public in experiences of performance, space and time.
Olinda Favas
Actress, interpreter, teacher and director based in Portugal. Olinda likes to look for and create error, rupture, chances to intervene better. Her poetics is defined in the creation of intersections and multiplication of voices.
«Dream series prototype» – installation and live performance
Olinda proposes a dreamlike journey from a gallery of real or fictional portraits of dreamers, apprehended in this hectic moment that is the transition from consciousness to sleep. In the dream, the subject dissolves in the unconscious. It is this realm of memory that the awake viewer can explore here.
Adrian Ganea
Visual artist who lives in Romania. He likes to mix scenography, simulation programming and video. Graduated in scenography by UDK, Berlin. He is attracted to the unreal, intrigued by the magic of the intangible and the ethereal. He is fascinated by the way the immaterial subject can materialize and transpire in the real world.
«Untitled» – transmedia installation
Based on recent studies in biology related to the theory of symbiosis, Adrian offers an installation of automated puppets and a computer simulation of symbiotic life forms. It is about questioning through technology, the conditions of “living together” and the possible means of coexistence of organisms, whether biological or not.
Alison Neighbour
Welsh artist and set designer based in the United Kingdom, she works in the field of scenic, visual and site specific arts.
She is interested in scenography as a starting point for storytelling and offers a space for the public to become a co-creator of the physical and visual world to be created.
«Untitled» – sensory experiences in the public space
Alison creates stories that draw strength from our connection to the natural landscape and our place in the ecosystem. Based on her experiences in the landscape of her native Wales, she invites the public to slow down, to see differently and to hear the hidden voices of forgotten or vanishing places.
Mateja Stanislava Rot
Urban innovator based in Slovenia. Works at the intersection between urbanism, architecture and activism.
She is particularly interested in the creative transformation of public spaces and in regaining the right to spaces, seeking to contribute to the sharing of public space as a common good.
«Skin of the City» – urban game in augmented reality
Changing the scale, moving the eyes, «Skin of the City» addresses the exploration of hidden spaces and corners of the city. It starts with a walk around a street, its ends, all the details that can characterize the morphology of a city. Viewers are invited to participate in a game designed to activate a specific urban location. Playing with what is hidden and what is shown, Teja questions our perception of reality and social practices in the city.
Marion Thomas
Author, director and performer, divides her time between Nantes and Lausanne. She studied staging at the Factory (Haute Ecole de Théâtre de Suisse Romande).
Seeming the reality very disappointing, she meets on the internet with bizarre people. From these virtual errances, Marion draws points of view later integrated into broader narratives to create spaces of friction and conciliation. She likes video games, constructivism, horses and feminist science fiction.
«Survival Kit in Male Territory» – transmedia soundtrack in public space
Marion gives us a different view of feminist struggles: that of the enemy.
The public, equipped with headphones, is guided on a walk in the urban space to explore the world of Incels *. This experience mixes a personal story with that of an incel. During this tour, each spectator will be able to personalize their experience to enter the mysteries of masculinists.
* The incel subculture (English neologism for involuntary celibacy) designates misogynist online communities whose members define themselves as unable to find a romantic or sexual partner. Those who claim to be incels are almost exclusively men who gather on the internet around a common cause: hatred of women.
