“GEOGRAFIA DO AMOR: VOL. I”

Diego Bagagal

FICHA TÉCNICA

 

No ano de dois mil e onze, o meu tio amado Ricardo Wagner Braga, a minha Bruxinha, conhecedor exímio da geografia mundial, faleceu por decorrências da AIDS, deixando-me toda a sua herança. Esta herança é uma caixa com arquivos pessoais colecionados nas décadas de 1970, 1980 e 1990, contemplando quinze países: Angola, Brasil, Chile, Estados Unidos da América, Peru, Panamá, Portugal, Canadá, Itália, Espanha, Holanda, Inglaterra, Israel, Iraque e Suíça.

 

Entre os objetos encontram-se: quinhentos cartões-postais de cidades, alguns escritos e com selo, trocados com cerca de cento e sessenta mulheres e homens (80% homens); cartas de Amor; cartas de saudade; fotografias pessoais; fotografias de Sereiosamantes; folhas de diários; desenhos; entre outros.

“Geografia do Amor: Vol.  I” é o funeral da Bruxinha e uma catabase à minha infância andrógina – Ricardo me perseguia pela casa travestido de bruxa. 

É uma catabase às infâncias perdidas com a morte dos seus seres mágicos. Tal gesto contém em si Amor e melodrama (o choro que vira música), e a possibilidade de criação de uma cartografia atualizada, multiforme (como a geografia) e erótica do mundo.  Neste volume I, essa atualização será feita com magia e luto.

O projeto “Geografia do Amor”, ao qual “Geografia do Amor: Vol.  I” pertence, desenvolve-se a partir de conceitos de Clarice Lispector, Lygia Clark, Giorgio Agamben, Georges Bataille e Mikhail Bakhtin, propõe ser um gesto utópico e audiovisual/videoalbum de atualização dos arquivos do Ricardo – e a celebração das/dos nossas/nossos Ancestrais. Na sua essência é um projeto melodramático – transforma o choro em música e de longa duração – que contará com prefácio, três volumes e um posfácio. 

A “Geografia do Amor” desaguará num álbum musical com lançamento previsto para 2021.

 

Biografia 

Diego Bagagal (Belo Horizonte, Brasil) Artista Luso-Brasileirx, que se identifica com o gênero não-binário. Desde novembro de 2017 vive em Lisboa. Inicia seus estudos artísticos na adolescência, pela dança (Ballet, Moderno, Contemporâneo e Jazz), e pelo estudo das obras da artista plástica neo-concreta, também Belo Horizontina, Lygia Clark. Ao longo da sua formação, e inspirado por Clark, foca-se no estudo das matérias do corpo e composição artística como “performance”, “teatro”, “interação/improvisação/composição imediata”, “meditação”, “composição cênica”, “gestalt do objeto” e “gestualidade em arquivos”. Sua criação performática e audiovisual é centrada na presença e no corpo. Possui mestrado em Crítica, Curadoria e Teorias da Arte pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa; pós-graduação em “Creating Theatre and Performance” pela London International School of Performing Arts; formação em atuação pelo Teatro Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e graduação em Comunicação Social pelo Unicentro Newton Paiva. Co-fundou o premiado coletivo interdisciplinar MADAME TEATRO (Brasil) onde se debruçou nas questões queer a partir de sua relação macro-política (histórica, documental e arquetípica) e micro-política (biográfica e emocional). As suas criações questionam e iluminam a relação entre vida e arquivo/ memória e Amor/ festa e espírito/ queer culture e a(fé)to. Recebeu os prêmios “CenaEspetáculo”, “Cena Minas”, “CenaMúsica” entre outros. Em 2011 foi escolhidx como artista revelação pela “Revista Encontro: Personalidades do Ano”.

 

Chico Neves (Belo Horizonte, 1960) Em 1986 Neves criou um estúdio caseiro em seu apartamento no Jardim Botânico, o “Estudio304”. O número do apartamento, 304, permaneceria em todos os empreendimentos seguintes de Neves, incluindo seu atual estúdio em Nova Lima. Neste estúdio produziu os discos do Rappa (Lado B Lado A),  Lenine ( O Dia em que Faremos Contato), Skank (Maquinarama, Carrossel), Paralamas do Sucesso (Hey Na Na), Los Hermanos (Bloco do Eu Sozinho), Ludov (Disco Paralelo), Arnaldo Antunes (Um Som, Saiba), Nando Reis (Sim Não), Jam da Silva (Dia Santo), Lucas Santtana (Eletrobemdodo), Lô Borges (Meu Filme), F.ur.t.o., Chelpa Ferro, Jorge Mautner (Bomba de Estrelas), Roberto Guima entre outros. Produziu trilhas de filmes como Eu, Tu, Eles de Andrucha Waddington em parceria com Gilberto Gil, Deus é Brasileiro de Cacá Diegues. Na TV Capitu de Luiz Fernando Carvalho.


João Cristovão Leitão (Portugal)
Licenciado em Teatro – Dramaturgia (Escola Superior de Teatro e Cinema), mestre em Arte Multimédia – Audiovisuais (Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa; Prémio de Mérito Académico FBAUL/CGD) e pós-graduado em Curadoria de Arte (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa). Actualmente, é doutorando bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia na FBAUL, investigando questões relacionadas com as práticas de cinema expandido e os universos literário e filosófico de Jorges Luis Borges. Em paralelo, obtém formação com Guillaume de Oliveira (2013), do colectivo Oskar & Gaspar.

Enquanto criador, funda o colectivo performativo 3.14 (2010-2012) e colabora, desde 2012, com o colectivo SillySeason. Desenvolve projectos instalativos e de vídeo arte, os quais foram exibidos a nível internacional (Áustria, Brasil, Coreia do Sul, Espanha, França, Inglaterra, Irlanda, Itália, Peru, Portugal e Sérvia) e premiados (Menção Especial VIDEOFORMES– 3è festival international d’arts numériques; Prémio do Público – FUSO: Anual de Vídeo Arte Internacional de Lisboa; Prémio do Júri/Aquisição FUSO – Fundação EDP; Prémio Jovem Realizador – Fundação INATEL; Grande Prémio LOOPS.LISBOA/TDI/Museu Nacional de Arte Contemporânea). É bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian – Centro de Arte Moderna (2015 e 2017), da Direcção-Geral das Artes (2017 e 2018) e do Centro Nacional de Cultura (2020), sendo representado pela plataforma Heure Exquise: Centre International pour les Arts Vidéo. Colabora com: Rabbit Hole (2014), Magma Collective (2014), Marta Ribeiro/VIDEOLOTION (2015-2017), Elmano Sancho (2015), Ana Jezabel e António Torres (2017), Daniel Gorjão/Teatro do Vão (2017), João Pedro Fonseca (2017) e Rodrigo Pereira (2018).


Luciano Scherer (Brasil, 1987)
possui mestrado em Artes Visuais pela UFRGS, e estreia no cinema com o filme Ruby (2015), como realizador, roteirista, ator e diretor de arte. Ruby recebeu 13 prémios nos últimos anos, incluindo da Crítica, Público e Revelação no Festival Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira (Portugal, 2015). Cosme é o seu segundo filme, e estreiou no final de 2016 em Portugal, passando por diversos festivais pelo Brasil nos anos seguintes. Como artista visual, Luciano realizou diversas exposições individuais e coletivas no Brasil, Estados Unidos e Portugal, com um trabalho em instalação, pintura e objetos, sendo publicado em livros e revistas do Reino Unido, França, Israel, Espanha, Argentina e Brasil. Atualmente Luciano é doutorando na Ulisboa (cinema) e trabalha em seu primeiro longa-metragem, uma co-produção BR-PT (Papaveronoir e Prana Filmes). 


Maíra Flores (Brasil, 1990)
é artista, estudou cinema na Universidad del Cine, em Buenos Aires e é formada em História da Arte pela UFRGS. Trabalhou como diretora de arte, figurinista e atriz em “Princesa Morta do Jacuí”, curta metragem realizado em 16mm por Marcela Bordin, selecionado em alguns festivais do Brasil, onde recebeu o prêmio de melhor filme no Cine Esquema Novo e eleito melhor curta-metragem pela crítica do RS (ACCIRS), em Porto Alegre. A estreia do curta foi em 2019 no IndieLisboa. Trabalhou como figurinista em “Tinta Bruta”, vencedor do Teddy Awards no festival de Berlim e Melhor Filme no Festival do Rio. Maíra expôs individualmente na Fundação Ecarta (2015) e na Galeria Península (2015), em Porto Alegre, Brasil, bem como realizou exposições coletivas em outros estados brasileiros. Seu trabalho transita pelos objetos, instalação e vídeo. 

 

Martim Dinis (Funchal) reside em Lisboa, após 7 anos no Brasil e 5 na Inglaterra. Co-fundou a plataforma interdisciplinar MADAME TEATRO, consagrada com os prémios “Cena Minas”, “Cenamusica e “Cultura Copa 2014”. Possui um mestrado em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, possuindo também uma pós-graduação em Creating Theatre and Performance pela LISPA, em Londres, e uma licenciatura em Engenharia Mecânica pela FCTUC.

 

Tiago Vieira (Portugal) Formado pela Escola Superior de Teatro e Cinema, complementou a sua formação em vários workshops de teatro, dança e performance, nomeadamente Teatro Praga, Olga Mesa, Vera Mantero, Susana Vidal, Miguel Moreira, Meg Stuart, Marlene Freitas, Joana Craveiro, Amália Bentes, Vitor Roriz e Sofia Dias, Francisco Camacho, Angélica Lidell. Já trabalhou com Mónica Calle, Miguel Moreira, Vera Mantero, Carlota Lagido, Teatro O Bando, Ana Boranho e João Galante, Ana Ribeiro, Rui Catalão, Miguel Boneville, Ricci/forte, BLITZ THEATREGROUP (Grécia), Vânia Rovisco, Mónica Garnel, Catarina Vieira. A partir de 2011 começou a criar os seus próprios espetáculos onde é responsável além da encenação e da composição coreográfica, pela dramaturgia, cenários e figurinos. Produzindo mais do que um espetáculo por ano, alia o trabalho de encenação ao trabalho de formador de teatro com diferentes faixas etárias. É coproprietário de um espaço de criação artística em Lisboa: LATOARIA

Ficha Técnica

Concepção, roteiro, realização, coreografia e interpretação: Diego Bagagal

Co-realização: Luciano Scherer, Maíra Flores, João Leitão

Filmagem e edição: Luciano Scherer, João Leitão

Cenário: Martim Dinis

Participação especial: Tiago Vieira

Música: Diego Bagagal

Produção musical e direção musical: Chico Neves/ Estudio304

Gestão: ORG.I.A

Apoios: Temps d’Images, Bolsa Self Mistake, Circolando , Espaço Alkantara

Agradecimentos:  António Câmara, Cláudia Figueiredo, Irit Batsry, Mariana Brandão e Tânia Guerreiro,