“IN A MATTER OF SPEAKING”
Dinis Machado
I melted my gender into a skin of stone
A bone
A physical rhyme
A tender mime of a desire of mine
In a Manner of Speaking é um poema, não como devaneio lírico, mas como lugar onde a escrita coreográfica se sedimenta na sua própria dimensão lúdica. Começou com um convite do Ballet Contemporâneo do Norte para revisitar a minha primeira peça de grupo Parole, Parole, Parole… (2010).
Sem qualquer nostalgia formal, sobraram desta reponderação um microuniverso em contínua reformulação e o investimento na função fática de uma linguagem coreográfica que abandona a sua dependência de qualquer ideia de conteúdo, desenvolvendo-se como exercício proto político de presença (coletiva), não minimal ou essencialista, mas hiperficcional.
In a Manner of Speaking é assim uma autoficção estrutural sobre uma companhia de dança. Um exercício hiperformal de um virtuosismo inventado a partir de fragmentos e técnicas de uma história da dança propositadamente lacónica, apropriada e inventada. Uma especulação subjetiva, um olhar deformado e calcificado por uma prática convicta. Um manifesto anti-essencialista onde ficções e factos se misturam, sem qualquer hierarquia, para a criação de um habitat proto-futurista. Uma emancipação da verdade e uma celebração da ficção. Um exercício para reclamar o direito de reinventar a história do seu próprio corpo e cidadania. Uma coreografia mirabolante onde os corpos dos performers são postos às avessas, não através de qualquer ilustração de exercício libertário, mas através de uma aceleração hiperformal.
Será talvez evidente o acento de uma reflexão e reescrita de género neste exercício ficcional:
Corpos remontados pelo paradoxo entre a evidência e a impossibilidade da definição do feminino.
Corpos proto-futuristas que se experimentam no jogo lúdico de propor uma ideia de dança que os reestrutura. Corpos que se propõem a uma prática de género pós-binário e pós-panfletário.
Uma metamorfose íntima de um queer silencioso que acontece na quase invisibilidade dos ossos, da carne e da pele.
Ficha técnica
UMA PEÇA DO BALLET CONTEMPORÂNEO DO NORTE
Coreografia Dinis Machado
Performers Mariana Tengner Barros, Filipe Pereira, Jorge Gonçalves, Susana Otero
Desenho de figurinos, Iluminação e Som Dinis Machado
Fotografia de cena Miguel Refresco
Registo vídeo Sofia Arriscado
Design gráfico Eduardo Ferreira
Produção executiva Inês Nogueira
Coprodução Festival Temps d’Images Lisboa
Agradecimentos A22, CMSMF
Agradecimento especial Sr. Eugénio Campos
Residências Armazém22 (Vila Nova de Gaia) e Pavilhão da Lavandeira (Santa Maria da Feira)
“IN A MATTER OF SPEAKING”
Dinis Machado
I melted my gender into a skin of stone
A bone
A physical rhyme
A tender mime of a desire of mine
In a Manner of Speaking is a poem, not as a lyrical reverie, but as a place where choreographic writing sediments itself in its own playful dimension. It began with an invitation from Ballet Contemporâneo do Norte to revisit my first group show Parole, Parole, Parole… (2010).
Without any formal nostalgia, it remained from this rethinking a micro-universe in a continuous reformulation, and the investment in the phatic function of a choreographic language that abandons its dependence on any idea of content, developing itself as a proto political exercise of (collective) presence, not minimal or essentialist, but hyperfictional.
Thus, In a Manner of Speaking is a structural self-fiction about a dance company. A hyperformal exercise of an invented virtuosity from fragments and techniques of a purposively laconic, appropriated, and invented dance history. A subjective speculation, a deformed look and calcified by a convinced practice. An anti-essentialist manifesto where fictions and facts mix, without any hierarchy, for the creation of a proto-futuristic habitat. An emancipation of truth and a celebration of fiction. An exercise to claim the right to reinvent the history of his own body and citizenship. A fussy choreography where the performers’ bodies are turned upside down, not through any illustration of a libertarian exercise, but through a hyperformal acceleration.
Perhaps, it will be evident the emphasis of a reflection and rewriting of gender in this fictional exercise:
Bodies reassembled by the paradox between the evidence and the impossibility of the definition of the feminine.
Proto-futuristic bodies that experiment themselves in the playful game of proposing a dance idea that restructures them. Bodies that propose a post-binary and post-pamphlet gender practice.
An intimate metamorphosis of a silent queer that happens in the near invisibility of the bones, of the flesh and the skin.
Credits
A PLAY FROM BALLET CONTEMPORÂNEO DO NORTE
Choreography Dinis Machado
Performers Mariana Tengner Barros, Filipe Pereira, Jorge Gonçalves, Susana Otero
Costumes, Lighting design and Sound Dinis Machado
Set photography Miguel Refresco
Video recording Sofia Arriscado
Graphic design Eduardo Ferreira
Executive production Inês Nogueira
Co-production Festival Temps d’Images Lisboa
Acknowledgements A22, CMSMF
Special acknowledgement Sr. Eugénio Campos
Residencies Armazém22 (Vila Nova de Gaia) and Pavilhão da Lavandeira (Santa Maria da Feira)