“O DUPLO”

mala voadora

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Um texto cheio de aspas a propósito de O Duplo.

 

O Duplo é um dos espetáculos mais radicais da mala voadora. “Radical” não significa “esquisito” ou “hardcore”. “Radical” é um adjetivo relativo a raiz, tal como o verbo “radicar”. Um espetáculo de teatro será radical se especular sobre a raiz de “teatro” – não a raiz no sentido de “origem” (não nos interessa o “primordial”, ou a ideia mitificadora de que na origem das coisas se encontra uma qualquer “autenticidade” ou “verdade”), mas no sentido de definição de “teatro”. Um espetáculo é radical se, de algum modo, tiver como alvo a própria definição de “teatro”. E isto não é uma defesa da radicalidade, nem o seu contrário. Afastamo-nos e aproximamo-nos da radicalidade de acordo com a raiz do projeto que tivermos em mãos.

O Duplo é um “espetáculo sem texto”. Para além de um protagonista imóvel e calado, só há um fundo e uma banda sonora. O fundo é uma projeção, e a banda sonora é interpretada ao vivo. Ambos têm como referência o cinema: todas as músicas são referentes a personagens e, no vídeo, em várias sequências de cenas retiradas de dezenas de filmes, personagens vão sendo descritas, mandadas matar, homenageadas após a sua morte e, por fim, numa sequência de 20 minutos, mostradas a morrer. Dissemos, em 2009 quando o espetáculo estreou, que O Duplo era “um impasse distrativo em torno da possibilidade da personagem”, e comparámos a popularidade do Super-Homem com a de Hamlet, ou a da Barbie com a da Mãe Coragem. (Provavelmente, na altura estávamos mais contra as “personagens” do que agora.)

 

Ficha técnica

Direção Jorge Andrade

Com Ana Brandão, Bruno Huca, Jorge Andrade

Cenografia José Capela

Vídeo António Gonçalves, Carlos Conceição

Banda sonora Rui Lima, Sérgio Martins

Desenho de luz João d’Almeida

Produção Joana Costa Santos

Coprodução Festival Temps d’Images, CCB

A mala voadora é uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal – Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes e associada d’O Espaço do Tempo e da Associação Zé dos Bois

“O DUPLO”

mala voadora

 

A text full of quotes about O Duplo.

 

O Duplo is one of the most radical shows of the mala voadora Company. “Radical” does not mean “weird” or “hardcore”. “Radical” is an adjective related to the verb “root”. A theatrical show will be radical if we speculate about the root of “theater” – not about the root in the sense of “origin” (we are not interested in the “primordial” or the mythic idea in which there is any “authenticity” or “truth” in the origin of things), but in the sense of the definition of “theater”. A show is radical if it somehow targets the very definition of “theater”. And this is not a defense of radicalism, nor its opposite. We move on as we approach radicality according to the core of the project we are working on.

O Duplo is a “show without text”. Apart from a still and silent protagonist, there is only one background and one soundtrack. The background is a projection, and the soundtrack is performed live. Both refer to cinema: all songs refer to characters, and in the video, in various sequences of scenes taken from dozens of films, some characters are described, sent to kill, honored after their death and, finally, in a sequence of 20 minutes, we see them dying. We said in 2009 when the show debuted that O Duplo was “a distracting impasse around the character’s possibility”, and we compared the Superman’s popularity to Hamlet’s, or Barbie’s to that of the Mother Courage. (Probably, at the time we were more against the “characters” than we are now).

 

Credits

Direction Jorge Andrade

With Ana Brandão, Bruno Huca, Jorge Andrade

Scenography José Capela

Video António Gonçalves, Carlos Conceição

Original soundtrack Rui Lima, Sérgio Martins

Lighting design João d’Almeida

Production Joana Costa Santos

Co-production Festival Temps d’Images, CCB

mala voadora is a structure financed by Governo de Portugal – Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes and associated with O Espaço do Tempo and Associação Zé dos Bois